O desenvolvimento do E-Type começou nos anos 1950, com a marca a pretender criar um desportivo que honrasse os C-Type e D-Type que competiram nas pistas antes desse. Em resultado, o E-Type tornou-se no ideal de modelo a perseguir. O primeiro protótipo foi construido em 1957, mas foi preciso esperar até 15 de março de 1961, mesmo antes da abertura do Salão de Genebra daquele ano para que o modelo fosse apresentado oficialmente.
A própria história da apresentação do E-Type em Genebra está envolta na particularidade de outros tempos para a indústria automóvel. Inicialmente, apenas um coupé ficou disponível para a apresentação na Suíça, com Sir Williams Lyons, fundador da marca, a temer que o modelo não chegasse a tempo numa viagem que durou toda a noite desde Coventry com Bob Berry ao volante. A frase “Pensei que nunca conseguirias [chegar a tempo]”, dita por Lyons para Berry, tornou-se emblemática e terá também uma importância na edição de colecionador que será lançada em breve. Mas já lá iremos.
Uma história a dois tempos
Em 1961, o Salão de Genebra tinha ainda uma vertente de ensaios de estrada para que os jornalistas efetuassem um primeiro contacto com os novos modelos. A receção do E-Type, rival para os Aston Martin e Ferrari da época, foi tão boa que Lyons ordenou a Norman Dewis, outro dos responsáveis da marca e seu homem de confiança, que largasse tudo o que estava a fazer e rumasse com outro E-Type, este roadster, de Coventry para Genebra.
São esses dois modelos que são celebrados agora pela Jaguar Classic, divisão de manutenção e restauro de automóveis da marca britânica, composta por 54 engenheiros e técnicos que mantêm em ordem os modelos antigos e garantem a produção de peças e componentes para que os clientes em todo o mundo possam manter os seus carros atualizados.
A E-Type 60 Collection presta homenagem a esses dois veículos: o coupé Opalescent Gunmetal Grey “9600 HP”, que Bob Berry conduziu a fundo para chegar ao lançamento, e o roadster British Racing Green “77 RW”, que Norman Dewis conduziu até Genebra no dia seguinte.
Como particularidade, estes dois modelos apenas se venderão aos pares – o que quer dizer que serão vendidos em dupla coupé e roadster –, apresentando uma cor exterior exclusiva ‘Flat Out Grey’ e ‘Drop Everything Green’, respetivamente, inspiradas nos veículos originais de 1961 e na história em torno de ambos os modelos. A Jaguar garante que essas cores não serão utilizadas em nenhum outro veículo Jaguar.
Os modelos incluem também uma série de elementos de design exclusivo E-Type 60 desenvolvidos em parceria com Julian Thomson, diretor de design da Jaguar, para quem o E-Type faz parte da sua memória de infância, quando “um vizinho apareceu na rua um castanho e com o qual me deu boleia para a escola umas duas vezes. Para um designer, é um verdadeiro ícone”.
Um toque de modernidade
A melhoria mecânica mais importante é a caixa manual de cinco velocidades de design especial com carretos sincronizados em todas as relações, engrenagens helicoidais e carcaça reforçada em alumínio fundido para aumentar a fiabilidade e a resistência, conseguindo ao mesmo tempo otimizar as respostas e suavizar as passagens de caixa.
O motor XK 3.8 de seis cilindros e 265 CV incorpora um radiador autêntico em liga leve ao estilo de 1961 com ventilador de refrigeração elétrico e sistema de ignição eletrónico para facilitar a sua utilização no dia-a-dia, bem como um sistema de escape em aço inoxidável polido. Este novo sistema de escape tem as dimensões exatas do sistema de série em aço temperado, mas disponibiliza uma sonoridade ligeiramente mais grave e maior longevidade. Ou seja, a Jaguar tratou de conceber um modelo clássico mas com retoques modernos para tornar a sua utilização diária uma realidade.
Ordens imortalizadas
Por outro lado, regressando uma vez mais à história de como foram levados até Genebra em 1961, o interior revela uma característica especial na consola central entre os dois bancos: uma gravação da autoria do artista e designer Johnny Dowell, conhecido como King Nerd, que evoca as viagens de Coventry a Genebra dos veículos originais. O proprietário é consultado sobre os detalhes e cada uma destas obras de arte demora mais de 100 horas a ser produzida.
Pela sua parte, no revestimento em couro ‘Suede Green’ do roadster está gravada a rota seguida por Dewis na sua viagem improvisada à Suíça, um desenho do veículo e outra frase de Lyons, com a ordem ‘Drop everything and bring the open top E-type over’ (‘Larga tudo e traz o E-Type descapotável’).
“Tive a oportunidade fantástica de desenhar e gravar as histórias dos trajetos emblemáticos de duas lendas da Jaguar nestes veículos tão míticos e especiais. Como uma recordação eterna do aniversário, a memória de Bob Berry e Norman Dewis irá acompanhar sempre os E-Type em todas as suas aventuras”, explica King Nerd sobre este seu trabalho com a equipa da Jaguar Classic.
Um logótipo comemorativo ‘E-Type 60’ criado pela equipa da Jaguar Design com o texto “1961-2021” realça a consola central, o logótipo do capot, o mostrador do tacómetro, a tampa do depósito de combustível e a placa do chassis. O volante leve com aro em madeira de faia ao estilo dos veículos de 1961 inclui um botão de buzina em ouro de 24 quilates.
Como toque final, cada veículo é entregue com uma capa E-Type 60 exclusiva e bolsas para guardar o conjunto de ferramentas e o macaco.
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