O muro que em tempos dividiu a cidade de Berlim como um símbolo de dois mundos opostos – o da República Federal da Alemanha, equiparada ao bloco Ocidental, e o da República Democrática da Alemanha, equiparada ao Bloco de Leste – causou a separação física entre famílias e culturas, levando muita gente a tentar fugir para a Alemanha Ocidental, com isso colocando a sua vida em risco.
Mas, o engenho de muitos também jogou o seu papel neste evento. Um desses exemplos está exposto no Museu do Muro de Berlim, em Friedrichstrasse. Muito concretamente, o carro de fuga mais pequeno de sempre, o BMW Isetta.
Klaus-Günter Jacobi, hoje com 79 anos de idade, é um dos guias do museu, mas foi também um dos heróis no ‘domínio’ do muro, tendo sido sua a ideia que levou um amigo a escapar para o outro lado do muro escondido dentro do célebre carro-bolha, que até viria a ter grande preponderância na salvação da BMW após os tempos difíceis da guerra.
A BMW quis recontar a história de como Jacobi escondeu o seu amigo Manfred Koster no carro de apenas 2,30 metros de comprimento e 1,40 metros de largura para o fazer passar para o lado Ocidental do Muro de Berlim, escapando ao escrutínio das autoridades que faziam o controlo de passagens. O Isetta, que já parece apertado para os seus dois passageiros atrás da porta dianteira, contou ainda com um compartimento oculto mesmo atrás do lugar traseiro, quase junto ao motor. A conversão foi levada a cabo pelo próprio Jacobi, que procedeu a uma remodelação da secção posterior do carro-bolha, incluindo a remoção do pneu suplente, filtros de ar e de aquecimento e, por fim, a substituição do depósito de combustível de 13 litros por um outro de dois litros apenas.