Se a digitalização está a possibilitar uma aceleração no desenvolvimento dos novos automóveis, sobretudo no capítulo da eletrificação, Klaus Bischoff, diretor de design da Volkswagen, reconhece que os efeitos da pandemia de Covid-19 estão ainda por determinar na indústria automóvel, embora identifique um ponto já garantido: a potenciação de um futuro mais digital.

Numa conferência virtual que realizou com os jornalistas de alguns órgãos de comunicação social, entre os quais o Motor24, o responsável pelo design da Volkswagen abordou o atual momento da indústria automóvel causado pela pandemia de Covid-19 e não deixou de encarar a situação de confinamento e distanciamento social como um incentivo para um futuro mais interativo e liberto de constrangimentos físicos.

“Os nossos projetos costumam ser um desenvolvimento entre três mercados (Europa, Estados Unidos da América e China) e, antes do Covid-19, tínhamos múltiplas reuniões ao longo do ano, mas isso agora não é possível, por causa de todas as circunstâncias que estamos a viver, mas olhamos pelo lado positivo, porque isto fomenta a comunicação mais comum entre todos de forma digital. O coronavírus está a empurrar-nos para um futuro mais digital”, revelou Bischoff.

“Claro que estamos todos a viver um tempo sem precedentes e neste momento é tudo um pouco enevoado. Mas, o que estamos a ver na China é que o comportamento pode mudar e há uma grande procura por carros. Além disso, percebemos que os processos de compra tornaram-se mais digitais”.

A mesma liberdade oferecida pela digitalização é aplicada na conversão para a eletrificação, com Bischoff a explicar que “as ferramentas digitais mais mais independência para a eletrificação. Podemos mover volumes e proporções de forma mais fácil. Dá-nos uma flexibilidade muito maior no design interior”.

Por isso mesmo, considerou que seria um erro ter Golf e ID.3 a partilharem a mesma imagem: “É uma oportunidade de uma vida de criar uma nova experiência de utilização e de design. A nova tecnologia de motorização dá-nos uma oportunidade única de termos uma abordagem única. Por isso, veem que o ID.3 é totalmente diferente do Golf mas são facilmente identificáveis como Volkswagen. Uma experiência digital dentro do carro, com arquiteturas diferentes. Manter o ID.3 num formato tradicional seria um erro. Quando o motor de combustão interna sai do caminho, há mais formas para inovar com os elétricos”.

E adianta ainda que há uma nova dimensão de design a que tem de prestar atenção com o surgimento dos elétricos, o design do som.

“O design do som é uma nova disciplina que aprendemos com a nossa família ID e que iremos estrear no ID3, uma sonoridade que desenvolvemos com o Leslie Mandoki, e a ideia foi criar um som de nave espacial ou alienígena que está a flutuar perto de nós, mas que não é irritante”, afirmou.