Bem no centro da Hungria, entre planícies vastas e algo monótonas para um qualquer viajante, encontra-se um complexo industrial altamente tecnológico em que a estrela no topo não deixa qualquer dúvida do que se produz no seu interior.

Estamos em Kecskemét, local que é considerado pela Mercedes-Benz como o ‘coração’ da sua estratégia de modelos compactos, uma gama que atualmente conta com cinco integrantes, mas que nos próximos anos vai conhecer três novos membros.

Atualmente, a gama mais rentável da Mercedes-Benz é composta pelo quinteto que compreende Classe A, Classe B, GLA, CLA e CLA Shooting Brake, sendo estes dois últimos produzidos em exclusividade na fábrica húngara, mas já no Salão de Xangai será revelado um novo modelo, previsivelmente uma versão de três volumes do Classe A, muito mais vocacionado para os mercados americano e chinês, que surgirá não como uma variante do CLA (sendo este mais coupé) mas como uma berlina tricorpo para concorrer com o Audi A3 Sedan. Além desse, o GLB está já prometido, um SUV compacto com capacidade que pode chegar aos sete lugares no interior, havendo ainda um terceiro modelo que se mantém no ‘segredo dos deuses’ (e que foi impossível de ‘arrancar’ aos responsáveis da marca com quem falámos na Hungria).

A propósito da renovação do GLA, modelo que apresenta diferenças importantes face ao seu antecessor, a marca convidou-nos a conhecer a fábrica de Kecskemét por dentro, dando-nos a oportunidade de ficar a observar bem de perto a forma como os diversos compactos da marca são produzidos numa linha de montagem altamente eficiente.

Limpeza de ponta

Um dos primeiros pontos que salta à vista é a limpeza do espaço. Não há detritos no chão e os cheiros são neutros. Não tem aqueles que seriam aspetos facilmente atribuíveis ao universo industrial, mas por todo o lado há robôs de montagem, carrinhos repletos de peças conduzidos por funcionários (indiferentes a mais um grupo de mirones) e até uns curiosos pequenos veículos autónomos que levam consigo atrelados carregados de peças em trilhos marcados no chão. Essas faixas colocadas no chão são escrupulosamente seguidas por aqueles ‘ratinhos’ que, aos mais íntimos conhecedores da saga Star Wars, farão lembrar uns estranhos dróides de pequenas dimensões que circulavam no interior da Estrela da Morte.

Falando em estrela, aquilo que há mesmo em maior número neste local são Mercedes-Benz, seja em processo de inspeção de qualidade final, seja em fase de montagem de interiores, seja ainda em ‘esqueleto’, praticamente desprovido de todos os seus elementos interiores e em estado primário no exterior. Na linha de montagem tão depressa se encontra um CLA, como um GLA e um Classe B logo de seguida, com os diferentes funcionários a adapatarem automaticamente o seu trabalho ao do veículo em questão. Um trabalho meticuloso de eficiência entre os cerca de 4.000 empregados humanos e os 700 robôs existentes neste local, divididos por entre oito linhas de montagem e três turnos de trabalho.

“Como é que começámos aqui? A fábrica de Kecskemét pertence à rede de produção dos nossos modelos compactos. A produção é controlada a partir da nossa fábrica central em Rastatt, que é responsável pelo arranque de novos modelos, bem como para a estratégia instrumental e garantia de qualidade”, refere Christian Wolff, CEO do centro de produção da Mercedes-Benz da Hungria.

Com mais de 600.000 unidades produzidas desde 2012 até aos dias de hoje, a decisão de construir esta fábrica surgiu em 2008, naquela que seria a primeira fábrica europeia para veículos de passageiros fora da Alemanha, com um custo de investimento de cerca de 800 milhões de euros. O primeiro modelo produzido nesta fábrica foi um Classe B, em 2012. Em 2013 juntou-se o CLA e, dois anos depois, a versão Shooting Brake do CLA.

Já no exterior, funcionários especializados da Mercedes-Benz fazem o primeiro ensaio dinâmico aos novos modelos num percurso traçado no parque de estacionamento para averiguar se tudo cumpre o efeito para que foi pensado ou se existe alguma imperfeição. Os funcionários são exatamente treinados para detetarem esses pontos.

Expansão à vista

A fábrica de Kecskemét prepara uma nova etapa de expansão fruto de um investimento de 580 milhões de euros na construção de uma segunda fábrica, criando mais 2.500 empregos. Tudo isto para produzir a próxima geração de veículos compactos da Mercedes-Benz, procurando igualmente melhorar a eficiência, a qualidade e o conforto dos trabalhadores. Isso será conseguido, por exemplo, com uma aposta mais profunda na vertente autónoma de transporte de peças no interior da fábrica.

“Na nova secção de produção para a próxima geração de compactos, o material será transportado para as linhas de produção com recurso apenas a veículos de transporte totalmente autónomos equipados com cestos pré-preparados das áreas de logística e de recolha”, explica Wolff, adiantando ainda que os novos processos de produção interligados terão o benefício de tornar a fábrica mais flexível e eficiente, permitindo assim acomodar diferentes arquiteturas.

Com indicações expressas para não tirarem fotografias no interior da fábrica, essa ordem era garantida por duas funcionárias da fábrica que circulavam junto aos ‘visitantes’, certificando-se de que nenhum jornalista se esquivava para captar qualquer imagem do interior, mesmo do pequeno ‘ratinho’ autónomo que servia de rebocador.

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