Nascida na Suécia, Susanne Hägglund tem em Portugal o seu novo desafio. Apresentando-se aos jornalistas, a nova Diretora Geral da Volvo Car Portugal apontou o caminho a seguir pela marca escandinava no seu processo de transição para a eletrificação plena que é pretendida para 2030. Até lá, os passos vão ser dados no sentido de preparar a Volvo numa marca ecologicamente sustentável e centrada nas necessidades do cliente.

Susanne Hägglund (se leu o nome à ‘portuguesa’, já leu mal… lê-se ‘Higglund’ cortesia do trema sobre o ‘a’) sucede a Edson Ishikawa naquele cargo, trazendo consigo uma enorme bagagem de experiência em termos empresariais, mas sem esquecer que a Volvo é uma empresa que tem nas pessoas o seu principal foco de pensamento, quer nas que trabalham na marca a nível global, mas também nas que beneficiam dos seus automóveis.

“Tenho um grande orgulho por estar aqui em Portugal, onde herdei uma equipa pequena, mas muito boa e herdei também uma rede de retalho excelente com a nossa equipa de vendas, que é fundamental para o nosso sucesso”, começa por destacar Hägglund, lembrando que “somos uma marca pequena em Portugal e no mundo, mas também acreditamos que o tamanho não importa. Podemos ter um papel importante na mesma e fazer a diferença”.

Aquilo que é evidente é que o mundo mudou bastante nos últimos anos, não tendo a indústria automóvel passado incólume. “A era atual é a de vender às pessoas aquilo em que acreditamos e não só automóveis”, destaca. “Temos de honrar o passado e respeitar a equipa de retalho, mas olhar também para o futuro, para a transformação. Temos de pensar como é que ousamos arriscar. Ousar criar coisas e também errar. Porque é isso que nos permite voltar a tentar e acertar”.

Ano de crescimento apesar das dificuldades

O ano de 2021 revelou-se um ‘nó’ difícil de desapertar por parte dos construtores automóveis, não só pela ameaça fantasmagórica da Covid-19 e das suas variantes, mas também pela falta de semicondutores, um problema que se tornou evidente a partir do segundo semestre do ano passado. Com encomendas mas sem produto, a Volvo, como tantas outras marcas, tiveram um ano complicado, mas ainda assim de crescimento e de boas prestações nalguns casos específicos.

A nível global – num feito comum às três regiões principais, EMEA, ANPAC e Américas – a Volvo conseguiu registar um crescimento de 5,6% em 2021, com 698.693 automóveis vendidos. Já os automóveis com tecnologia eletrificada Recharge cresceram 60% nas vendas, refletindo aquela que é considerada como uma aposta ganha.

Ainda assim, para o futuro, a expectativa é ambiciosa, com a marca a apontar para um crescimento sustentado que passe dos cerca das 700 mil unidades vendidas em 2021 para 1.2 milhões de veículos vendidos em 2025, um valor do qual 50% das vendas deverão pertencer a modelos 100% elétricos já nesse ano até chegar à totalidade das vendas obtidas com modelos elétricos até 2030.

Da mesma forma, a aposta nas vendas online é um dos pilares que a Volvo implementará nos próximos anos, prevendo um total de 50% de vendas decorrentes do meio digital em 2025. Porém, isso não significa que os concessionários e a rede desapareça, na medida em que continua a ser importante o elo de ligação físico.

Para Portugal, Hägglund traça objetivo também ambicioso: a esperança de 9% de crescimento face ao ano passado e manter a liderança no segmento dos SUV-C Premium, no qual foi o mais vendido à frente dos concorrentes BMW X1/X2 e Mercedes-Benz GLA/GLB.

Três pilares

Esse crescimento virá com a chegada de novos modelos, como o C40 Recharge, que deverá começar a ser entregue no final do primeiro trimestre, mas também com a chegada de novidades como um outro SUV ligeiramente mais compacto do que o XC40, mas mais aerodinâmico, de acordo com a nova Diretora Geral da Volvo Car Portugal, que já teve a oportunidade para ver esse novo modelo 100% elétrico que, admite, “será do agrado do cliente português”.

O crescimento é, precisamente o primeiro de três pilares explicados por Hägglund para antecipar o caminho da Volvo para esta década, juntando-se aos da eletrificação e da digitalização/online.

Os dois primeiros pilares estão intimamente interligados, já que o crescimento nas vendas será feito também com o crescimento da aposta na eletrificação, com a responsável sueca a garantir que a escolha está feita “não só porque os elétricos são o melhor para o ambiente, mas porque é também o segmento em crescimento. Preferimos ser um dos primeiros entre os elétricos, que estão agora a ganhar ritmo, do que o número cinco ou seis entre aqueles com motorizações convencionais”.

Para impulsionar esta estratégia de eletrificação, a Volvo tem levado a cabo diferentes anúncios de investimentos, como o de renovação da fábrica de Torslanda ou o da parceria com a Northvolt para a construção de uma nova fábrica de baterias de nova geração para os futuros automóveis da Volvo, prevista para a cidade de Gotemburgo.

O terceiro pilar é o do mundo digital e conectado em que se vive atualmente, com um aumento nas vendas online, mas sem desvirtuar os meios físicos, já que se a pesquisa e configuração é processo maioritariamente online, o ato de compra ou de maior informação é feito presencialmente na rede de venda.

De resto, a Volvo tenderá a ter uma oferta muito centrada no cliente, adaptando-se a novas necessidades, por exemplo, com programas de fidelização, ofertas em pacotes de serviços ou atualizações remotas (Over-The-Air) para automóveis, a que se junta a preocupação crescente com a sustentabilidade. Aqui, a marca sueca enaltece que há já em curso uma forte ação para a redução das emissões de CO2 a nível global, assim como uma maior responsabilização e desempenho ético na obtenção de matérias-primas. No total, estima reduzir as suas emissões em 2.5 mil milhões de toneladas de CO2 em 2025.

Não menos importante, naquele que é um ‘troféu’ muito querido à marca sueca, o desenvolvimento de tecnologias e sistemas de segurança continuará a ser posto em prática com o surgimento de sistemas como o de condução autónoma para os modelos do futuro.

Susanne Hägglund esclarece que “na era do digital nunca foi tão importante como agora falar e ter tempo para as pessoas. Precisamos de fortalecer relações, estreitar laços e adotar uma mentalidade cada vez mais ‘consumer centric’ – se há marca em que essa postura faz todo o sentido, essa marca é a Volvo”.

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