O Ferrari de Villeneuve que foi de Mónaco a Maranello em 2h25m vai a leilão

14/04/2018

Nunca venceu um título de Fórmula 1 e conta no seu currículo com apenas seis triunfos na modalidade. Manifestamente pouco para um dos nomes mais amados da história da modalidade, Gilles Villeneuve. O piloto canadiano, que perdeu a vida na qualificação para o GP da Bélgica de 1982, em Zolder, era conhecido pelo seu carácter fogoso, tanto nas pistas, como fora delas. E isso refletia-se no carro que usava para o seu dia-a-dia.

Tendo chegado à Fórmula 1 relativamente tarde, com 27 anos, Villeneuve depressa tratou de impressionar os observadores com os seus esforços aos comandos de um McLaren semi-oficial com que se estreou.

Encontrando no canadiano muito do estilo do seu antigo piloto Tazio Nuvolari, Enzo Ferrari não perdeu tempo e contratou Villeneuve para as fileiras da equipa italiana, tendo a sua chegada a Maranello, em 1977, coincidido com o lançamento do 308 GTS, um dos modelos desportivos mais impressionantes da época. O 308 GTS destas imagens foi entregue a Villeneuve em 1978, com o número de chassis 21371, cuja produção data de 30 de outubro desse ano, com pintura em vermelho Rosso Dino.

O modelo de Villeneuve não era, contudo, igual a todos os outros 308 GTS, uma vez que o do piloto canadiano contava com uma embraiagem otimizada, tal como a que equipava o 512 BB (Berlinetta Boxer) da mesma época. Outro detalhe especial: uma única saída de escape.

Ao longo dos quatro anos seguintes, até à sua morte, este foi o carro que Villeneuve utilizou para as viagens entre a sua residência no Mónaco e a fábrica da Ferrari, em Maranello, num total de 435 quilómetros. Em condições normais, esse trajeto seria feito em cerca de quatro horas e meia, mas com Villeneuve ao volante esse mesmo percurso foi feito em duas horas e 25 minutos. Se alguém o poderia fazer, teria de ser o destemido Villeneuve.

Após a morte do piloto, o carro ficou na posse da Ferrari até 1984, quando foi vendido a Michele Superbo de Modena. Depois, passou para a esposa deste, Rosanna, em 1994 e, mais tarde, já em 2010, foi adquirido pelo seu mais recente proprietário, um dinamarquês que colocou o 308 GTS em exposição no seu país, chegando mesmo a figurar no Museo Ferrari, em Maranello, em 2012.

O modelo vai agora ser vendido em leilão pela RM Sotheby’s no Mónaco, a 12 de maio, apresentando menos de 37.000 quilómetros no odómetro. De acordo com a leiloeira, “o chassis 21371 representa uma rara oportunidade para adquirir não só um altamente desejado 308 GTS da série inicial, mas também uma associação sem preço àquele que, como Jody Scheckter [NDR: companheiro de equipa do piloto na Ferrari e campeão em 1979) tão convenientemente colocou a questão, ‘simplesmente o piloto mais rápido na história do automobilismo”.

IMAGENS: Scott Pattenden ©2018 Cortesia da RM Sotheby’s

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