Para muitas famílias, a ideia de um automóvel familiar por excelência é sinónimo de Renault Espace, tendo sido um formato que aproveitou a mobilidade das famílias mais numerosas na Europa. Lançada em 1984, o Espace conhece em 2023 o seu novo capítulo, agora irremediavelmente distante do conceito monovolume inicial, mas com o mesmo fundamento – tornar as viagens num momento de descontração e de segurança para todos os ocupantes.

Atualmente, a Espace converge para a sua sexta geração, embebendo os mesmos códigos de funcionalidade que as anteriores gerações, mas com uma premissa nova em termos de imagem, adotando um estilo tipicamente SUV (ainda que a anterior já tivesse muitos traços nesse sentido), com maior altura ao solo e foco na vertente tecnológica, sem esquecer a vertente da eletrificação que, neste caso, ainda não é total (será híbrido mas não 100% elétrico).

O primeiro Espace foi criado em 1984 como um pioneiro no segmento familiar. Para Dominique-William Jacson, responsável do departamento de clássicos da Renault, um dos mais ricos e variados do mundo, o formato inovador introduziu a noção moderna dos monovolumes compactos, ou MPV. Apresentada no final de 1983, viria a ser lançada em abril de 1984, tendo por objetivo oferecer um automóvel para viagens com muito espaço a bordo, conforto e uma elevada luminosidade a bordo, percetível pelas ampla superfície vidrada.

A sensação de controlo era ainda fomentada pela posição de condução elevada para uma maior visibilidade sobre o exterior, para filosofias de viagens como as de um TGV.

A segunda geração surge em 1991, ainda com formato claramente identificado com o de um MPV mas mais arredondado e específico da década de 1990. Entre as suas comodidades aparecia agora a opção de dois tetos de abrir para melhorar ainda mais a sensação de luminosidade. Em termos de posicionamento, o Espace era agora claramente apontado a um estatuto mais cimeiro com equipamentos mais luxuosos e motores mais potentes. O Espace passava a ser, muito claramente, um automóvel com ‘status’.

Adicionalmente, em 1995, num projeto com alguma loucura, a Renault Sport, a Matra e a Williams aliaram-se para produzir aquele que foi um dos monovolumes mais especiais de todos, o Espace F1, para celebrar os sucessos da marca na Fórmula 1. O exterior concebido em fibra de carbono era complementado por um chassis produzido com o mesmo material, recebendo um motor V10 derivado do utilizado no Williams-Renault FW15C de 1993 que levou Alain Prost ao seu quarto título mundial de campeão de F1.

Exemplar único, acelerava dos zero aos 100 km/h em apenas 2,8 segundos, chegando aos 312 km/h de velocidade máxima. Efetivamente, apesar da identidade semelhante à do Espace, este modelo era muito mais um protótipo de competição do que um carro de estrada. Um autêntico Espace ‘diabolique’…

A segunda geração foi de curta duração. Em 1996, a Renault lançou a terceira geração, sendo esta considerada por muitos como aquele com o melhor design. Foi também a geração com muitas estreias, como a de uma carroçaria mais longa, o Grand Espace, assim como a versão mais luxuosa Initiale. As barras de tejadilho deslizáveis têm um formato aerodinâmico, enquanto os bancos traseiros estão assentes em calhas, para assim serem movimentados e libertarem espaço para a bagageira. O interior ganhava contornos mais tecnológicos, inspirando-se em modelos como o Laguna, com painel de instrumentos digital.

Mantendo-se a ideia de ciclos de vida curtos, a Renault esperou até 2002 para lançar a quarta geração do Espace, que acabaria por quebrar com essa tradição e durar 14 anos no mercado, recebendo durante esse período um total de três ‘facelifts’. Ganhando cada vez mais volume nas dimensões, o design do Espace era claramente disruptivo, inspirando-se em modelos como o Vel Satis ou o mal-amado Avantime. O novo modelo era posicionado ainda mais numa posição cimeira, tanto em termos tecnológicos, como de equipamento.

A quinta geração surge em 2015, apresentando um estilo cada vez mais luxuoso e já alguns indícios de transformação para a filosofia SUV. Ganhou maior altura ao solo (embora sendo mais baixo do que o modelo precedente), num crossover robusto, mas já com um capot bem pronunciado, jantes de 19 polegadas e cavas das rodas pronunciadas.

Noutra inversão de tendências face aos modelos precedentes, a superfície vidrada foi reduzida noutro código de inspiração derivada dos SUV. Esta geração do Espace foi também a mais comprida de todas, com 4,86 m de comprimento e a mais larga, com 1,89 m de largura. A experiência multimédia foi melhorada significativamente em consonância com os novos tempos.

Prestes a comemorar o seu 40º aniversário, o Espace transforma-se, então, em pleno SUV, com muitas semelhanças com o Austral, sendo vendido apenas como híbrido de 200 CV e com dimensões mais contidas, mas a mesma ideologia familiar, com os seus sete lugares e ampla facilidade de arrumação a bordo. A nova faceta tecnológica torna-se imperativa, com o sistema OpenR Link desenvolvido em parceria com a Google (sistema Android Automotive) a oferecer aplicações pensadas para a família e para as viagens em conforto e bem-dispostas.

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