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Os Civic Coupé de ‘Velocidade Furiosa’ enganaram os adeptos durante 20 anos

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Embora tivessem uma base de adeptos de tuning pouco numerosa na Europa, os Honda Civic de quinta geração, produzidos entre 1991 e 1995, dispunham de uma enorme quantidade de entusiastas nos Estados Unidos da América (EUA), onde a facilidade de transformações e a quantidade de profissionais da área deram azo a autênticos espécimes únicos. Mas a explosão mediática desses Honda deu-se apenas com o surgimento nos grandes ecrãs do filme ‘Velocidade Furiosa’, em 2001.

Os Civic pretos que Dom Toretto (Vin Diesel) e companhia conduziram nalguns dos momentos mais marcantes do filme, ocuparam um papel de protagonismo complementar ao dos automóveis principais, que eram o Mitsubishi Eclipse e o Toyota Supra. Mas, surgindo em momentos-chave, os Civic Coupé (EJ1) acabaram por se tornar em ícones da cultura do tuning a nível global.

Contudo, o que poucos sabem é que os modelos utilizados na película estavam longe de ser aquilo que apregoavam, tanto nas motorizações, como até na sonoridade. A explicação é dada por Craig Lieberman, conselheiro técnico nos dois primeiros filmes da saga (que se apresta a conhecer a sua nona entrega em 2021), que curiosamente até cedeu dois dos seus automóveis para o primeiro ‘Velocidade Furiosa’ e para a sequela – o Supra que foi conduzido por Brian O’Connor (Paul Walker) e o Nissan Maxima conduzido por Vince (Matt Schulze).

Quanto aos Civic, a sua escolha obedeceu a alguns critérios específicos. Em primeiro lugar, eram precisos modelos acessíveis por razões de orçamento – até porque alguns seriam, presumivelmente, destruídos. No total, foram comprados sete exemplares com motor 1.5 VTEC de 102 CV, quatro de 1993, dois de 1994 e um de 1995, sendo que apenas um era preto de origem. Dois tinham caixa manual e apenas um contava com o teto de abrir de série, com Lieberman a explicar que instalaram um noutro carro, enquanto os demais eram apenas acrescentos para fingir que tinham teto de abrir, naquela que era uma característica essencial para o papel dos Civic no filme – assaltar camiões de mercadorias.

Com um custo de cada um entre os 8500 e 10.400 dólares na época, a equipa de produção de ‘Velocidade Furiosa’ tinha decretado que todos eles eram dispensáveis, pelo que a sua eventual destruição nas cenas de ação seria um mal irrelevante. No propósito de manter os custos controlados, aplicaram-se ligeiras alterações, como o kit estético VIS GT Bomber, que acrescentava um visual agressivo à dianteira, naquele que se tornou um requisito para estes Civic malévolos e negros. Noutro dado curioso, as jantes foram fornecidas a baixo preço por um amigo de Craig Lieberman de uma loja de componentes para automóveis na medida em que eram jantes que “ninguém queria”… hoje são virtualmente impossíveis de adquirir.

Para os adeptos dos Civic, porém, fica a desilusão maior de que o som que se ouve durante o filme não corresponde ao motor de nenhum deles. Com efeito, garante Lieberman, o som dos motores foi ‘dobrado’ na edição final do filme, pelo que a ideia de transformações loucas nestes Honda não passa de uma ilusão causada pela ‘magia’ do cinema. De resto, todos os carros eram conduzidos por duplos nas cenas em que eram usados para atacar os camionistas.

Os modelos que não ficaram destruídos depois do primeiro ‘Velocidade Furiosa’ regressaram para o segundo filme da saga, depois de terem ficado parados num armazém durante cerca de um ano e meio. Foram reaproveitados seis dos sete modelos originais e, depois de terem participado no filme, foram vendidos em leilão, perdendo-se depois o seu rasto.