Os preços dos automóveis novos não escaparam ao aumento generalizado, unindo efeitos anteriores da pandemia de Covid-19 aos prejuízos da guerra na Ucrânia, o que se traduz numa maior dificuldade de compra por parte dos portugueses. Ainda é possível comprar um automóvel novo, mas o esforço já é acentuado, revela um estado do Observador Cetelem.

O novo estudo Observador Cetelem Automóvel 2023, denominado “Ter carro, quanto custa?”, conclui que, na maioria dos países onde se realizou o estudo (18 no total), se observa uma diminuição nos volumes de venda dos veículos novos, ao mesmo tempo que o preço das viaturas novas aumentou num ritmo superior ao aumento dos rendimentos das populações.

Tendo em conta os dados do estudo, o preço médio pago pelos condutores portugueses entrevistados quando compraram a última viatura foi de 16.110€, um valor próximo da média europeia (16.712€). A nível europeu, a Polónia é o país onde o preço médio dos veículos adquiridos é o mais baixo (7964€). Por outro lado, a Noruega (20.169€) e a Alemanha (20.084€) apresentam os valores médios mais elevados. Já a nível mundial, o preço médio é ligeiramente mais baixo (16.181€) do que a média europeia.

Esta evolução constante do preço das viaturas, no entanto, não afetou o valor percecionado pelos consumidores em relação ao preço de um veículo, uma vez que 79% dos condutores consideraram que o preço de compra da sua última viatura foi “razoável”.

Porém, os dados revelam a existência de uma divisão acentuada entre os compradores de veículos usados e os de novos: 77% dos que adquiriram veículos usados demonstram maior satisfação com a relação entre o montante despendido e o valor que atribuem ao automóvel, em comparação com apenas 57% dos compradores de veículos novos. Uma clivagem significativa encontrada em todos os países do estudo.

Apenas para as elites?

Apesar desta avaliação entre o preço e valor percecionado se manter positiva para a maioria dos inquiridos, tal não significa que perspetivem facilidade na compra, considerando o aumento do custo de vida. De acordo com o Observador Cetelem, 77% dos condutores portugueses consideram que continua a ser possível comprar um carro, mas à custa de mais esforços financeiros.

É importante igualmente sublinhar que entre os inquiridos para o estudo, encontra-se um sentimento crescente de que o automóvel se encontra reservado a apenas a algumas pessoas. Em Portugal, são já 15% dos cidadãos a acreditar que comprar um veículo se encontra reservado apenas a quem tem capacidade financeira. Importa, ainda, notar que este sentimento se acentua, em geral, entre aqueles que não são proprietários de veículos, com três em cada dez a partilhá-lo.