As estações de combustível tradicionais estão também a adotar um ritmo cada vez mais rápido de adaptação à mobilidade elétrica, sendo cada vez mais as companhias que adicionam postos de carga rápida nas suas estações, antevendo um crescimento de quatro vezes na produção de automóveis elétricos em 2026.

Estas são conclusões de um estudo levado a cabo pela GlobalData, que analisou a evolução e adaptação das companhias de combustíveis tradicionais aos tempos da eletrificação. Empresas europeias como a Shell, BP, TotalEnergies ou Repsol estão a introduzir cada vez mais postos de carga rápida nas suas estações de serviço para manterem a sua base de clientes na transição para a mobilidade elétrica, de acordo com o mesmo estudo.

Este será um mercado significativo no futuro, uma vez que os dados preliminares indicam que existirão 16.7 milhões de veículos elétricos nas estradas dentro de apenas quatro anos, ou seja, em 2026.

“Tamanha transição para os veículos elétricos tem enormes implicações na rentabilidade do óleo de motor”, começa por explicar Ravindra Puranik, analista de Petróleo e Combustíveis da GlobalData. “Os automóveis conectados e os autónomos, os serviços de mobilidade partilhada e a eletrificação estão a mudar as estratégias de negócios das companhias petrolíferas, que se estão a afastar dos veículos a combustão e a privilegiar os modelos elétricos. Muitas companhias seguiram o caminho da aquisição de tecnologias de carregamento de VE para o seu portefólio”, acrescenta.

A questão das aquisições é também relevante, de acordo com a análise da GlobalData, que dá conta, por exemplo, que a TotalEnergies tem sido a companhia mais ativa no que toca às aquisições, como a G2mobility no que diz respeito às tecnologias de carregamento, ou a Saft, na área da produção de baterias. O conglomerado japonês Mitsui foi um passo mais à frente e entrou mesmo na produção de equipamentos para os próprios construtores de veículos elétricos, incluindo uma em Portugal, a CaetanoBus.

“A Mitsui investiu em construtores de veículos elétricos como a Lucid e a CaetanoBus para acelerar a sua adoção em massa”, explica Puranik.

Forte investimento

A Shell e a TotalEnergies estão na linha da frente no que toca ao investimento na área da eletromobilidade, apontando também os seus esforços e recursos para setores como o da produção de energia limpa, tecnologia de baterias e infraestruturas de carregamento. Até 2025, a Shell planeia ter mais de 500.000 postos de carga em todo o mundo, enquanto a TotalEnergies aponta para mais de 150 mil postos de carga na Europa.

Por seu turno, a BP pretende ter 70 mil postos em 2030 tendo consolidado também a sua presença neste mercado da eletrificação com a aquisição de empresas como a Chargemaster.

“Oferecer pontos rápidos de carregamento nas estações de combustível parece ser uma estratégia segura para preservar os atuais clientes ao mesmo tempo que atrai novos. Com um misto de aquisições e de crescimento orgânico, as grandes empresas petrolíferas têm vindo a estabelecer as suas infraestruturas de carregamento, não só na Europa, mas também em mercados-chave como os Estados Unidos e a Ásia”, conclui Puranik.