O preço elevado dos veículos elétricos continua a ser o principal entrave à transição para um automóvel com zero emissões locais, de acordo com um estudo do Observador Cetelem. O mesmo relatório revela ainda que apenas 7% dos inquiridos em 2022 indicaram ter um automóvel elétrico ou híbrido.

À medida que a questão ambiental se torna mais relevante para os cidadãos, os veículos elétricos parecem começar a ser os eleitos para uma nova geração de condutores. A proibição de venda de veículos novos a gasóleo e a gasolina a partir de 2035 aponta igualmente neste sentido, assim como a antecipação de muitos fabricantes da passagem a uma produção 100% elétrica.

Porém, da teoria à prática ainda vai um grande passo, como indica o mais recente estudo internacional do Observador Cetelem, com o tema ‘Ter carro, quanto custa?’, que tem por base uma consulta a 16.600 consumidores em 18 países, com o propósito de acompanhar, antecipar e abrir caminho a respostas que se perspetivam ser cruciais para o futuro do sector.

Os dados sobre a propriedade e as dificuldades de compra dos consumidores, agravadas por um período de inflação agravada, mostram que há ainda um longo caminho a percorrer para esta transição, que terá de ocorrer no curto espaço de tempo de uma década.

De acordo com o novo estudo, apenas 7% dos condutores portugueses afirmavam, no ano passado, ter um híbrido ou elétrico, o que faz de Portugal um dos países europeus com menos proprietários deste tipo de veículos a seguir à Polónia (3%). É em países como a Noruega (23%), o Japão (23%) e a China (22%) que estão os estados com maior proporção de proprietários de elétricos.

Por outro lado, na África do Sul e no México, estas viaturas são quase inexistentes. Uma realidade semelhante à do mercado de usados, com apenas 4% dos condutores a afirmarem que compraram um veículo em segunda mão híbrido ou elétrico, o que se explica com a chegada recente em maior escala destas viaturas ao mercado.

Preço elevado é obstáculo para os portugueses

Apesar de no início do ano, de acordo com a Associação Automóvel de Portugal (ACAP), se ter verificado uma procura crescente por carros novos 100% elétricos, ultrapassando pela primeira vez a fasquia das duas mil unidades vendidas em três meses consecutivos, o estudo aponta o preço como um dos maiores obstáculos à adoção da mobilidade elétrica: oito em cada dez condutores já desistiram da compra de um elétrico, optando ao invés por uma viatura a gasóleo ou a gasolina.

Portugal é mesmo o segundo país europeu e o terceiro a nível global em que este critério é tido em conta pela maior parte dos inquiridos. Esta questão apenas não recolhe a maior parte das opiniões entre os residentes na Noruega (49%) e na China (46%), países onde a maturidade dos automóveis elétricos é mais antiga e firmada.

Perante este contexto, os consumidores parecem indicar que, para apostarem na mobilidade elétrica, aguardam que as viaturas passem a ser financeiramente acessíveis. Se tal não ocorrer, poderão estar em causa as metas estabelecidas em todo o continente europeu. Uma mensagem que algumas marcas parecem ter já compreendido, fazendo promessas de viaturas com preços mais baixos nos próximos tempos.