A constante flutuação dos preços dos combustíveis é uma questão com que muitos automobilistas já se habituaram a lidar de forma automática, atendendo aos usuais aumentos e descidas semanais do preço dos combustíveis em Portugal.

Contudo, com os preços muitas vezes nivelados por cima e com a noção de que o custo da matéria-prima tem uma influência direta no preço final ao consumidor, a dúvida que mais vezes ‘assalta’ o condutor prende-se com o facto de se pagar atualmente um preço bem acima daquele que é pago pelo barril do petróleo.

A título de exemplo, o preço médio do litro da gasolina 95 em 2009 foi de 1,235€ (dados da Direção-Geral de Energia e Geologia – DGEG), enquanto o preço médio do barril do crude, conforme dados da OPEP (publicados no site Statista), foi de 61,51 dólares.

Porém, uma comparação rápida com os preços até ao momento em 2018 mostra uma diferença significativa. Em 2017, atendendo aos dados revelados pelo mesmo site, a média do preço do barril foi de 54,25 dólares, havendo uma tendência de subida gradual, mas ainda bastante longe dos 111,63 dólares de 2012, que foi o ano em que o preço do barril do crude bateu nos píncaros. Nesse mesmo ano, o preço da gasolina 95, apesar de ter um custo por barril superior em cerca de 50 dólares, era de 1,625€, não variando muito em relação aos custo atual para aquele combustível aditivado.

O preço médio por cada litro de gasolina 95 Simples é atualmente de 1,540€ (dados de 1 de maio), de acordo com os dados do site da DGEG no qual são revelados os preços dos combustíveis para o território nacional. A gasolina 98 está a um preço médio de 1,617€. Ou seja, ao menor preço da matéria-prima não corresponde uma redução do preço da gasolina em Portugal.

A razão, contudo, está também explicada no mais recente relatório da Associação Europeia de Construtores Automóveis (ACEA), que colocou Portugal entre os países da União Europeia com a maior carga fiscal sobre os combustíveis fósseis. Por exemplo, avaliando os euros de impostos indiretos (no caso, o Imposto sobre Produtos Petrolíferos, ISP) em cada 1000 litros de gasolina de 95 octanas, Portugal tinha, à data de 1 de janeiro de 2018, um valor de 659 euros de impostos, ficando em sétimo lugar, ex-aequo com França, numa tabela com 28 integrantes.

O relatório mais recente de estatísticas de preços dos combustíveis da DGEG (atualizado a 23 de abril de 2018) indica que o preço sem taxas (PST) médio da gasolina 95 Simples era de 0,577€, ao passo que o valor de ISP (Imposto sobre Produtos Petrolíferos e que engloba também a categoria Outros) é de 0,659€. A este junta-se, ainda, o IVA de 23%, que redunda em mais 0,284€. Assim se chega ao valor médio de 1,521€ por cada litro de gasolina 95 Simples naquela data. Por outras palavras, por cada litro de gasolina 95 Simples, o consumidor paga 0,943 cêntimos, quase um euro, de impostos.

Sendo um fator muito relevante para todos os condutores e, de forma mais geral, para toda a sociedade – uma vez que o aumento do preço dos combustíveis afeta o custo de transportes de matérias e bens –, vale a pena explicar um pouco mais sobre a indústria petrolífera e como os impostos acabam por moldar o preço final que cada um paga na bomba de combustível.

A Galp, por exemplo, na sua página oficial, dá ainda conta de outras condicionantes para o preço dos combustíveis, devendo-se referir a influência da conversão cambial dólar/euro e o próprio mercado de cada combustível: “O preço da gasolina e do gasóleo antes de impostos não dependem apenas do preço da principal matéria-prima. O gasóleo e a gasolina têm mercados próprios e as suas cotações são influenciadas por diversos fatores, muitos deles exógenos ao mercado europeu, como os picos de procura de gasolina durante a driving season nos Estados Unidos, ou as tendências do mercado asiático (China e Índia) que afetam de forma distinta o preço final do gasóleo e da gasolina”, pode ler-se no referido site.

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