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Renault Refactory: A ideia de carros usados como novos a sair de fábrica

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Mais do que uma fábrica tradicional de produção de automóveis, o conceito Refactory da Renault, estreado na localidade francesa de Flins é, acima de tudo, um polo de diversas competências que se cruzam entre si com o intuito de tornar a mobilidade mais sustentada em todas as suas áreas. Dedicado exclusivamente à economia circular, este conceito prevê um total de renovação e requalificação de automóveis usados para a sua reinserção no mercado com o mesmo estatuto de um novo.

Na era da sustentabilidade e da necessidade de redução da pegada ambiental, a Renault dá um passo importante com a criação do seu conceito Refactory, primeiramente em Flins e, mais recentemente, também em Sevilha, no Sul de Espanha, podendo gerir até 10.000 automóveis em segunda mão em 2025. Um esquema logístico simples, rápido e de custos eficientes graças a uma gestão industrial em fábrica, assumindo o estatuto até de ‘fábrica de carros usados’.

Enquanto Sevilha dá os seus primeiros passos, o projeto-piloto leva já algum tempo em funcionamento em Flins, com uma capacidade de 45 mil automóveis por ano, tendo sido também o primeiro centro deste género na Europa para o recondicionamento de veículos em segunda mão. A ideia deste projeto é de que todos os automóveis adquiridos pela rede para revenda ou que sejam vendidos nos concessionários aderentes sejam enviados para o centro técnico de Flins, onde passa a existir uma muito maior facilidade de avaliação e reparação.

Além de ter uma grande capacidade, é também mais rentável em termos de custo ao tratar-se de um processo industrial, com logística partilhada entre peças para carros novos e para carros em segunda mão. No total, conta com quatro linhas de produção, com um centro de controlo integrado e digitalização em tempo real. Em termos de qualidade, foram instituídos padrões de qualidade idênticos aos dos automóveis novos. No caso dos elétricos é revisto o estado e funcionamento das baterias.

No final do processo o carro é fotografado numa câmara especial que tira imagens de todos os ângulos, sendo enviadas de seguida para o vendedor que o pode recolocar à venda quase de imediato. De forma curiosa, não serão apenas os automóveis das marcas do Grupo Renault a serem trabalhados nesta fábrica de carros usados: também já fazem o mesmo com veículos do grupo Stellantis e da Toyota, prevendo-se que aumente o número de marcas adaptadas ao serviço Refactory.

O histórico dos veículos é também bem documentado e a sua proveniência é sempre indicada como de um veículo Refactory, de forma a que não exista qualquer confusão com um automóvel novo ‘zero quilómetros’ a sair da linha de montagem.

Melhorar a acessibilidade

A ideia de uma fábrica Refactory ajuda também a melhorar a acessibilidade de muitos condutores à mobilidade numa fase em que os automóveis vão subindo de custo, sobretudo com a inclusão de elementos eletrificados, mas também pela crescente lista de dispositivos de segurança que são obrigatórios pela União Europeia. Assim, se para muitos potenciais clientes, um automóvel novo está fora de questão pelo custo – neste momento –, a solução poderá passar por um automóvel recondicionado com os padrões de fábrica pela marca, com a Renault a ver aqui uma oportunidade importante de negócio.

De igual forma, alinha-se também com o princípio de economia circular que a marca professa de maneira mais veemente nos tempos que correm, dando nova vida a automóveis ainda recentes uma outra ‘lufada de ar’ ao invés de serem descartados simplesmente ou colocados no mercado de usados sem certificação ou acompanhamento técnico devido.

Expansão possível a Portugal

Se Flins e Sevilha já contam com os seus conceitos de Refactory implementados, há também a hipótese de Portugal vir a contar com um centro deste género. No ano passado, no decorrer de uma conferência online, Jean-Philippe Billai, Diretor da área de negócios da Refactory, indicou que existe a necessidade de chegar a outros locais, denominando então Portugal como um potencial local para acolher uma fábrica de carros usados, numa expressão comummente utilizada.

Um dos pontos curiosos é que, tal como Sevilha, a fábrica portuguesa do Grupo Renault em Cacia é igualmente especialista na produção de caixas de velocidades para os automóveis do grupo francês, dispondo também de uma elevada reputação no seio da companhia. Com o crescimento das vendas de veículos elétricos, os quais não possuem caixas de velocidades, torna-se importante encontrar outros propósitos para infraestruturas de relevo.