Como será o futuro do design de luxo

Como preservar o ADN de uma marca centenária numa era e numa classe de mercado onde a tecnologia é fundamental? Esse é o desafio de Stefan Siellaf, responsável pelo design da Bentley

Stefan Sielaff vive um dos momentos mais exigentes da sua longa carreira profissional desde que aceitou o repto de desenhar os Bentley do amanhã. Esta é uma missão que seguramente colocará à prova toda a sua imensa criatividade. Afinal, trata-se de preservar a linhagem inconfundível da marca num contexto em que se exige visão de futuro e inovação.

 

“O futuro do design de luxo é especialmente complexo porque os clientes estão a demonstrar exigências totalmente novas. Não podemos falar de um exterior escultural e um interior funcional. Temos de integrar as novas tecnologias em ambos os planos. Acredito firmemente que só com uma grande influência da tecnologia poderemos andar em frente no design e na estética” –  Stefan Siellaf define assim o caminho do segmento de alto luxo num futuro próximo.

A aparente simplicidade com que descreve a estratégia só é possível vindo de alguém com muita experiência na indústria automóvel. Sielaff assumiu a direção de design da Bentley em julho de 2015, no seguimento de um percurso de 25 anos ao serviço do Grupo Volkswagen. Destacou-se especialmente na Audi – onde começou a sua carreira – tendo assinado elementos que marcaram a evolução da identidade da Marca, tais como as novas grelhas dianteiras e os característicos faróis em led, a par de ter chefiado os projetos dos modelos A1 e A7, entre outros. Atualmente, juntamente com a Bentley, mantém a direção do Design de Interiores de todo o Grupo.

Este percurso intenso faz com que Stefan Sielaff, de 54 anos, tenha hoje uma capacidade de refletir sobre o mundo que o rodeia, afinal, sobre tudo aquilo que influencia um designer: “A sociedade está a mudar. Penso que nos próximos 20 anos a indústria automóvel vai passar por mudanças sísmicas. Três quartos da população mundial irá viver em megacidades, pelo que o fluxo de tráfego terá de ser diferente. Nestas megacidades iremos perder muito da relação individual com o carro e quem sabe se o luxo não será, por exemplo, ser membro de um clube exclusivo com acesso a vias rápidas, sendo o tempo a commodity mais preciosa”.

 

 

Stefan Sielaff acredita, mesmo perante cenários de mobilidade totalmente diversos, que “haverá sempre procura pelo luxo por parte das pessoas que procuram uma afirmação individual através do carro”. O que poderá alterar-se profundamente serão as prioridades de cada um. Sielaff dá um exemplo: “O cliente do futuro poderá exigir materiais vegan, num contexto de maior preocupação com fatores ecológicos e de sustentabilidade”. É por isso que, já hoje, na Bentley, “estamos a estudar o desenvolvimento de materiais como o couro sintético ou têxteis de luxo a partir de novas técnicas, ao mesmo tempo que desenvolvemos monitores OLED… no futuro, a tecnologia e a estética andarão de mãos dadas”.

Para o Diretor de Design da Bentley, estes são os princípios inevitáveis nos próximos anos. Preocupações com sustentabilidade e interação entre estética e tecnologia comandam as estratégias do construtor e inspiram todos os projetos em curso.

 

 

E onde fica a herança da Bentley no meio deste mundo totalmente novo?

Stefan Sielaff está consciente da necessidade manter o equilíbrio e de preservar a linhagem da marca: “Enquanto guardião de uma marca britânica com tamanha herança, é o meu papel levar a linguagem de design para o futuro. Para o fazer, estou convencido que precisaremos de ter no topo da nossa inspiração os valores fundamentais que desde sempre estiveram associados à Bentley: a elegância das linhas e o caráter exclusivo das formas”.

Neste contexto, a questão a Siellaf é obrigatória: que design da Bentley define melhor a marca e qual aquele que mais o está a influenciar para novos projetos?

“Falando enquanto designer, o Bentley que se tornou mais inovador no seu tempo foi o Mulliner R-Type Continental, de 1952. As superfícies deste modelo apresentam linhas bem definidas, inscritas em curvaturas distintas, algo que era permitido por métodos de produção tradicionais. Este ADN vai estar presente nos futuros Bentley, mas com tratamento moderno”, conclui.

 

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