A Tesla teve uma semana pouco positiva: depois de ter anunciado a chamada às oficinas de cerca de 120.000 unidades do Model S por razões de segurança de um componente relacionado com a direção, a marca americana revelou agora que outro dos seus modelos, o Model X, esteve envolvido num acidente que causou a morte a uma pessoa quando o veículo operava em modo autónomo.

A tecnologia Autopilot da Tesla é vista como um grande passo em frente em termos tecnológicos, permitindo que os veículos se controlem de forma autónoma por algum tempo, embora não sejam considerados como um sistema de condução totalmente autónomo. Isso quer dizer que o condutor nunca poderá negligenciar a sua posição enquanto tal, devendo estar em posição de assumir o controlo sempre que assim seja necessário. Aliás, a própria Tesla ‘pede’ que o condutor nunca retire as mãos do volante quanto ativa o sistema.

Contudo, na semana passada, um condutor de um Tesla Model X não terá prestado a devida atenção à estrada e confiou por inteiro no sistema Autopilot da Tesla, com a companhia de Elon Musk a analisar a ‘caixa negra’ do veículo e a confirmar que o mesmo estava em modo autónomo quando se deu o embate num separador de betão numa autoestrada na Califórnia.

De acordo com os dados entretanto revelados pela Tesla, o condutor tinha o sistema ativo e determinou o modo de proximidade mínima ao veículo da frente (selecionável como no caso de um cruise control adaptativo em muitos outros veículos), retirando as mãos do volante por completo. Fê-lo durante seis segundos até ao embate num separador de betão que delimitava as duas vias de uma autoestrada, apesar de o sistema ter, também, ‘solicitado’ que o condutor assumisse o controlo da direção.

Numa declaração emitida este fim de semana, a Tesla refere que “o condutor teve cerca de cinco segundos e 150 metros de vista desobstruída do separador de betão com a estrutura de absorção danificada, mas os registos do veículo mostram que não foi tomada qualquer ação”.

Num fator que agravou as consequências do embate, o separador de betão da autoestrada em Mountain View tinha a sua estrutura de absorção de embates (dispositivos colocados antes do início de separadores para atenuar a força do impacto) destruída por um acidente anterior. O embate do Model X com aquele muro acabou por danificar o conjunto de baterias, o qual gerou um incêndio. O condutor, de 38 anos de idade, foi levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

Mais de 100 mil Model S chamados às oficinas

Por outro lado, a Tesla anunciou igualmente durante a semana passada que iria chamar às oficinas cerca de 123.000 unidades do Model S para substituir os parafusos do módulo de direção assistida que, de acordo com a companhia da Califórnia, poderiam sofrer de corrosão excessiva em ambientes mais frios. No entanto, a Tesla assegura que em caso de falha nesse componente, a segurança dos ocupantes não está em causa, mas apenas o conforto no manuseamento da direção, que poderá tornar-se mais ‘pesada’ nos casos de “estacionamento paralelo e em baixas velocidades, precisando de apenas de um pouco mais de força ao volante”. Ou seja, o condutor poderia manter o controlo do veículo em todos os casos.

Contudo, a marca jogou pelo seguro e chamou 123.000 unidades do Model S produzidos antes de abril de 2016 às oficinas para a substituição desses elementos.