Poucos conhecerão a história do Skoda Ferat, modelo único criado pela marca checa para ser protagonista de um filme de terror/ficção científica do início da década de 1980.

O conceito de automóveis possuídos por entidades malévolas não é particularmente único no cinema, mas o filme ‘Ferat Vampire’ (‘Upír z Feratu’ no original, em referência ao clássico ‘Nosferatu’ de 1922) é uma das películas que abordou o tema de forma muito curiosa, inspirando-se também no misticismo da Europa de Leste, mais concretamente no legado dos vampiros. Assim, em 1982, os espectadores checos puderam assistir no cinema ao ‘Ferat Vampire’, cujo enredo centrava-se num Ferat (a marca Skoda estava oculta por razões naturais) que era alimentado a sangue humano.

De forma muito resumida, Mima (interpretada pela atriz Dagmar Veskrnová) torna-se piloto de ralis da marca Feral, acabando por ser enfeitiçada pelo místico carro negro, que lhe drenava a energia. Observando a mudança de comportamento de Mima, o seu marido e médico de emergência, Dr. Marek (interpretado por Jiří Menzel), tenta a todo o custo perceber o segredo por detrás do Ferat.

Numa das cenas mais icónicas deste filme, o capô do imponente Ferat de cor negra sobe e desce como se escondesse um coração. Dr. Marek faz um corte e decide colocar a mão para tentar perceber o que se passa sob o capot, apenas para ser agarrado pelo ruidoso motor. Observada nos tempos atuais, pode parecer uma cena cómica, mas o facto é que o filme ganhou estatuto de culto naquele país.

Para o universo automóvel, interessa analisar o papel do protagonista, que continua a ser, ainda hoje, uma proposta radical da Skoda, tendo por base o 110 Super Sport de 1972. Para a sua tarefa, este modelo necessitou de muito equipamento especial, providenciado pelo especialista em guarda-roupa Theodor Pistek. Se o nome é desconhecido, vale a pena mencionar que Pistek venceu um Oscar em 1985 pelo ambiente recriado no filme ‘Amadeus’. Entre os elementos distintivos do Ferat do filme estava o imponente spoiler da bagageira e, claro, a pintura negra para salientar a sua natureza maligna.

Sob o capot, porém, o Ferat era tudo menos feroz. Contava com um simples motor 1.1 de quatro litros com uma potência de 73 CV.

Em 2016, para honrar esse mesmo modelo, a Skoda participou no Rali da Boémia com um Fabia R5 pintado precisamente de negro e com a enorme letra ‘F’ pintada no capot.

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