As vendas de automóveis novos caíram 53,6% em fevereiro, sendo este o primeiro mês completo em que os efeitos do confinamento mais rigoroso se fizeram sentir. Com o encerramento dos concessionários e as restrições à mobilidade dos cidadãos, as marcas automóveis sentiram em fevereiro os efeitos mais vigorosos da quebra nas vendas, chegando a ser de 59% no segmento dos ligeiros de passageiros.

De acordo com os dados da Associação de Comércio Automóvel de Portugal (ACAP), em fevereiro de 2021 foram matriculados em Portugal 8311 veículos ligeiros de passageiros, ou seja menos 59% do que em igual mês do ano anterior, num reflexo claro dos efeitos da pandemia.

A ACAP reforça que estes valores “vêm confirmar que o setor automóvel continua a ser um dos mais afetados pela situação que o país está a atravessar”. No total, contando todos os tipos de veículos (ligeiros de passageiros, ligeiros de mercadorias e veículos pesados), foram matriculados 10.699 veículos automóveis, ou seja, menos 53,6% do que no mês de fevereiro de 2020, que foi o último mês completo antes de a pandemia chegar a Portugal com a intensidade que se conhece.

Nos dois primeiros meses deste ano sentem-se já os efeitos da pandemia, com um total de 23.211 novos veículos, o que representou uma diminuição homóloga de 42,7%.

No segmento dos ligeiros de passageiros, os 8311 veículos matriculados significaram uma quebra de 59% face ao mesmo mês de 2020, com a soma dos dois primeiros meses de 2021 a revelarem um total de 18.340 unidades, menos 47,1% do que no mesmo período de 2020.

Quanto ao mercado de ligeiros de mercadorias, o decréscimo foi de 17,8% no mês de fevereiro deste ano, com 2041 unidades matriculadas. Em termos acumulados, no período de janeiro e fevereiro, o mercado registou 4139 unidades, uma queda de 18,5% face ao período homólogo do ano anterior.

Por fim, no mercado de veículos pesados, o qual engloba os tipos de passageiros e de mercadorias, no segundo mês do ano de 2021 verificou-se um crescimento de 19,2% em relação ao mês homólogo do ano anterior, tendo sido comercializados 347. Nos dois primeiros meses, contam-se 732 unidades, naquela que é uma queda de 5,8% relativamente ao período homólogo de 2020.

Quebra geral das marcas

Por marcas no mercado de ligeiros de passageiros, a tendência geral foi de quebra e nem mesmo as marcas com novos lançamentos sobressaíram pela positiva. Na frente da tabela de vendas em fevereiro ficou a Peugeot, com a marca francesa a ser a única com quatro dígitos: 1581 unidades registadas, ainda assim uma quebra de 34,8% face ao mesmo mês de 2020. Por outro prisma, impressionante a quota de mercado da Peugeot em fevereiro, com 19,02%.

Seguiu-se a Mercedes-Benz, com 853 unidades matriculadas, caindo 45,1% face ao mês homólogo do ano passado, sendo também a única outra marca, além da Peugeot, a registar uma quota de mercado de fevereiro superior a dez – precisamente, 10,26%. Na terceira posição de fevereiro surge mais uma marca francesa, a Citroën, que registou 811 ligeiros de passageiros, não escapando à tendência de descida acentuada (-48,1%), mas com uma quota de 9,76%.

Só depois aparece a líder de longa data do mercado nacional, a Renault, que não foi além das 575 unidades registadas (-79,5%), pouco à frente da BMW, com 564 registos (-56,2%).

De resto, são evidentes números nalguns casos extraordinariamente baixos nalgumas marcas, como a Honda, com dez unidades matriculadas, a Mazda, com 22 unidades, ou a Lexus, com sete unidades registadas em fevereiro. Entre as marcas de maior volume, a única exceção foi a Tesla, que teve um crescimento de 89,2%, vendendo 140 unidades em fevereiro.

No cômputo dos dois meses de 2021, a Peugeot é líder, com 2935 unidades matriculadas, equivalente a uma quota de mercado de 16,00%, mas sem fazer esquecer a quebra de 27,1%, seguindo-se a Mercedes-Benz, com 2076 exemplares matriculados, com uma quota de mercado de 11,32%, mas menos 31,2% nas vendas. No terceiro posto, mais uma marca premium, a BMW, que tem 1693 unidades matriculadas, menos 28,3%, para uma quota de mercado de 9,23%.

Fevereiro Acumulado
% Quota (%) % Quota (%)
2021 2020 Var. 2021 2021 2020 Var. 2021
Peugeot 1 581 2 423 -34,8 19,02 2 935 4 028 -27,1 16,00
Mercedes-Benz 853 1 555 -45,1 10,26 2 076 3 016 -31,2 11,32
BMW 564 1 289 -56,2 6,79 1 693 2 362 -28,3 9,23
Citroën 811 1 563 -48,1 9,76 1 211 2 450 -50,6 6,60
Renault 575 2 805 -79,5 6,92 1 140 4 135 -72,4 6,22
Toyota 343 792 -56,7 4,13 1 066 1 433 -25,6 5,81
Hyundai 241 543 -55,6 2,90 780 1 076 -27,5 4,25
Seat 361 966 -62,6 4,34 763 1 790 -57,4 4,16
Volkswagen 302 848 -64,4 3,63 723 1 554 -53,5 3,94
Opel 404 1 182 -65,8 4,86 700 1 812 -61,4 3,82
Fiat 327 963 -66,0 3,93 637 1 489 -57,2 3,47
Nissan 281 1 488 -81,1 3,38 610 2 370 -74,3 3,33
Ford 261 838 -68,9 3,14 578 1 399 -58,7 3,15
Volvo 251 345 -27,2 3,02 558 699 -20,2 3,04
Kia 183 368 -50,3 2,20 467 728 -35,9 2,55
Dacia 188 447 -57,9 2,26 421 892 -52,8 2,30
Audi 120 250 -52,0 1,44 374 564 -33,7 2,04
MINI 90 214 -57,9 1,08 255 418 -39,0 1,39
Skoda 109 124 -12,1 1,31 201 245 -18,0 1,10
Honda 10 119 -91,6 0,12 189 258 -26,7 1,03
Tesla 140 74 89,2 1,68 155 107 44,9 0,85
Mazda 22 94 -76,6 0,26 120 226 -46,9 0,65
Jeep 68 77 -11,7 0,82 106 130 -18,5 0,58
Lexus 7 54 -87,0 0,08 102 97 5,2 0,56
DS 45 84 -46,4 0,54 100 143 -30,1 0,55
Porsche 37 67 -44,8 0,45 95 162 -41,4 0,52
Land Rover 38 44 -13,6 0,46 65 107 -39,3 0,35
Mitsubishi 19 484 -96,1 0,23 62 677 -90,8 0,34
Jaguar 28 55 -49,1 0,34 48 118 -59,3 0,26
Smart 17 73 -76,7 0,20 37 124 -70,2 0,20
Cupra 21 0 0,25 30 0 0,16
Suzuki 6 14 -57,1 0,07 14 26 -46,2 0,08
Maserati 0 0 0,00 6 0 0,03
Alfa Romeo 2 10 -80,0 0,02 5 28 -82,1 0,03
Bentley 1 4 -75,0 0,01 4 6 -33,3 0,02
Ferrari 2 0 0,02 4 4 0,0 0,02
Aston Martin 2 0 0,02 4 0 0,02
Lamborghini 0 6 -100,0 0,00 3 9 -66,7 0,02
Alpine 1 0 0,01 2 3 -33,3 0,01
Man 0 1 -100,0 0,00 1 1 0,0 0,01
Total 8 311 20 263 -59,0 100,00 18 340 34 686 -47,1 100,00
Origem: AT
Fonte: ACAP