Com a disseminação da mobilidade elétrica, as redes de carregamento tendem a necessitar de maior atenção por parte dos fornecedores de soluções de carregamento, com vista ao cumprimento das necessidades de todos os seus utilizadores. Na conferência ‘Way to Zero’, organizada pela Volkswagen, o tema dos carregamentos e das redes esteve em foco, sobressaindo a ideia principal de que será essencial ter uma rede aberta e uma distribuição de postos em linha com a procura dos utilizadores.

É um dos pontos que gera mais discussão no processo de transição para a mobilidade elétrica: a questão das redes de carregamento foi tema de debate num painel de mobilidade sustentável organizado pela Volkswagen, contando com a presença e ideias de Michael Hajesch, CEO da IONITY, principal rede de carregamentos rápidos na Europa, Martin Roemheld, diretor de serviços de e-Mobilidade da Volkswagen, Jaap Burger, Conselheiro Senior da Regulatory Assistance Project, ONG dedicada a acelerar a transição para a mobilidade elétrica, e Thomas Müller, Vice-Presidente da divisão chinesa da Volkswagen, também responsável para a área de Pesquisa e Desenvolvimento.

Ponto comum aos participantes neste debate é que tem de existir uma grande “inteligência” na estruturação da rede e na produção de energia de forma a que todas as necessidades sejam cumpridas. Jaap Burger considera que a rede de carregamento inteligente e bem distribuída “será essencial para que todos os europeus façam a transição para a mobilidade elétrica”.

Neste sentido, Michael Hajesch, da IONITY, considerou que além dos postos de carga rápida dispostos nalgumas das principais autoestradas europeias, há um espaço para preencher nas cidades, afirmando que os “pontos de carga rápida na cidade fazem sentido”, respondendo a alguma procura dos clientes que existe atualmente. Além disso, será fundamental ter “uma rede de carga confiável, bem como energia 100% verde para os postos de carregamento. Mas sobretudo a conveniência em viagem e a sua integração na condução”.

Quanto aos planos para o futuro, a IONITY está a preparar algumas novidades, mas será preciso esperar até ao verão para que sejam conhecidas: “Atualmente, estamos ativos em 24 países da Europa, tornámo-nos na maior rede aberta de carregadores rápidos na Europa e vemos a clara necessidade de uma expansão rápida desta rede. Estamos na fase final de análise de um potencial reforço da rede e de onde proceder. Ainda não posso dar detalhes, mas espero poder fornecer mais dados sobre os planos da IONITY para os próximos anos antes de agosto”.

Por outro lado, abordou também a questão de os preços de carregamento da rede IONITY, que levantou alguma contestação, sobretudo nas redes sociais, algo de que Hajesch está consciente, mas defende que o preço a pagar, além de variável, corresponde ao custo do próprio conceito daquela rede.

“O custo dos postos ultrarrápidos pode ser um obstáculo? Vi que tivemos algumas críticas e discussão, sobretudo nas redes sociais. Mas, temos diferentes prazos e diferentes planos. Se usar apenas uma vez por ano é natural que seja mais caro, porque paga pela rede e pela infraestrutura, que tem de existir mas da qual só usufrui uma vez. Se o cliente usar a rede IONITY todo o ano, consegue ter mais rendimento dessa infraestrutura, podendo tirar partido ainda de um plano de contrato diferente. Não vejo que seja um choque. Temos consciência de algumas críticas, sobretudo nas redes sociais, mas tendo em conta os custos da rede e das infraestruturas, bem como tudo aquilo que oferecemos, com a energia limpa, com a manutenção de rede para servir a procura do cliente, penso que as pessoas percebem e agradecem o produto e o serviço que a IONITY oferece na Europa”, afirmou.

De forma a oferecer uma maior cobertura às necessidades dos utilizadores de veículos elétricos, Thomas Müller, atualmente na China, aponta para soluções como as de reserva de carregadores para chegar a mais clientes. “Na China já existem postos em que se pode reservar o carregamento e é um modelo de sucesso, sobretudo nas megacidades, onde apenas 40% da população pode instalar uma wallbox ou ter um ponto de carregamento. Assim, temos de baixar as barreiras de entrada para os clientes”.

Também o molde de carregamentos por subscrição é descrito como uma outra possibilidade, trazendo como grandes vantagens as premissas da transparência e adaptabilidade. “Os modelos de subscrição do carregamento adequam-se a cada um e permitem maior liberdade. A transparência é chave, o cliente tem de prever os seus custos e ajudar a entender as suas necessidades. Tem de ter uma informação precisa antes de aderir e de carregar”, considera Martin Roemheld, dos serviços de e-mobilidade da Volkswagen, dando ainda o mote para o que se está a passar na indústria automóvel atual.

“Estamos no início da e-mobilidade e no processo de inovação. Temos de ter um mercado aberto de carregamento e espaço para a inovação no futuro. As soluções de rede aberta são o futuro para atrair mais gente para a mobilidade elétrica, não as redes fechadas”, concluiu.