Kawasaki Z900 RS: A homenagem merecida

25/02/2019

Um regresso ao passado corre sempre o risco de poder ser um exercício desastroso. Mas, no caso da Z900 RS aconteceu precisamente o contrário. Quarenta e seis anos depois, a Kawasaki recorre ao modelo lançado em 1972 para combater o domínio da rival Honda.

 

Na altura, chamava-se Z1, tinha quatro cilindros em linha com 903cc e viu-se consagrada como moto do ano entre 1973 e 1974. Mais tarde, a sucessora Z1000 havia de aparecer em dose dupla no filme “Mad Max” (1979).

As semelhanças entre esta moto e a da década de 1970 são evidentes. O motor continua a ser um quatro cilindros em linha, mas agora com 948cc; o depósito apesar de sobredimensionado mantém a forma de gota; o guarda-lamas traseiro em forma de “bico de pato”; o painel de instrumentos que combina o antigo na forma dos dois mostradores circulares com o moderno mostrador lcd. Claro que os mais puristas terão pena que o para-lamas frontal não seja cromado, as jantes não sejam de raios, a suspensão traseira não tenha dois amortecedores, o escape não termine em quatro ponteiras ou, até mesmo, que o motor não seja refrigerado a ar para os belíssimos coletores de escape não serem tapados pelo radiador.

Segundo os engenheiros da Kawasaki, muitos desses pormenores não iriam contribuir para uma condução moderna e sem compromissos. O seu aspeto é “old school” mas mal montamos nela e começamos a andar não sentimos falta de nada que esteja presente nas motos atuais. A posição de condução e o assento são muito confortáveis, o motor é uma maravilha e o som que sai do escape é uma delícia para os ouvidos. As suspensões (forquilha e amortecedor completamente ajustáveis) contribuem para uma condução extremamente refinada, que é complementada pela qualidade da travagem, sempre que temos de recorrer aos travões montados radialmente nos discos da frente. São de uma potência e resistência que não acaba por mais que lhes demos “trabalho”. A única coisa a apontar é a resposta inicial do acelerador eletrónico, um pouco brusca e nota-se sobretudo a baixa velocidade a andar na cidade.

A Z900 RS é mais do que a soma das partes. Existem aspetos na sua montagem (como é o caso da qualidade da pintura) que revelam um empenho quase obstinado, que não é muito comum em marcas com a dimensão da Kawasaki. Claro que isso tem um valor, mas para quem cresceu a ver a Z1 na década de 1970, a Z900 RS não tem preço. Para todos os outros é só uma questão de a experimentarem.

Ficha técnica:

Preço: a partir de 9 995 euros Motor: quatro cilíndros em linha refrigerado a líquido a quatro tempos com 948cc Potência: 111cv Caixa: 6 velocidades Travões frente: duplo disco semi-flutuante de 300mm com duas pinças de 4 êmbolos Travões traseiros: disco de 250mm com uma pinça de 1 êmbolo Suspensão dianteira: forquilha invertida de 41 mm totalmente ajustável Suspensão traseira: mono amortecedor, com afinação de pré-carga Depósito de combustível: 17 litros Peso: 215kg

Fotos: Mário Ribeiro

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