Miguel Oliveira: “Este é um ano de pressão zero”

26/03/2019

O primeiro piloto português a chegar à classe rainha do motociclismo, Miguel Oliveira, está confiante numa temporada de aprendizagem que será benéfica não só para si, mas também para a sua equipa, a Red Bull KTM Tech3, que este ano passou a utilizar motos da KTM no MotoGP. A primeira prova, disputada no Qatar, mostrou que Oliveira está já a fazer progressos, com a sua prestação a ser elogiada no seio da própria equipa.

A reboque da sua presença em Lisboa para a apresentação de uma nova campanha em seu torno – que tem a cara do piloto luso nas latas da popular marca de bebidas energéticas – , o Motor24 falou com Miguel Oliveira, que voltou a passar a mensagem de que, apesar do bom desempenho inicial no arranque da temporada da modalidade, o objetivo mantém-se inalterado: aprender para fazer cada vez melhor sem pressões para alcançar resultados naquilo que é uma espécie de ano zero para a Tech3 e para o próprio piloto.

“Não há pressão nenhuma. Este é um ano de pressão zero. A equipa também se está a adaptar a uma moto que é nova, todos os mecânicos estão a trabalhar com material com que nunca tiveram de lidar antes, eu sou um rookie – por isso a posição da equipa não é de exigir nada nem de colocar pressão em cima para atingir resultados. Vamos trabalhar o melhor que conseguimos, dar o nosso esforço a 100% e o resultado virá para o nosso lado”, afirmou Oliveira, que gostaria de fazer história ao pontuar já na Argentina, próxima ronda do Mundial, mas que prefere um discurso mais realista.

“Se pudesse ser já, claro que sim… Ninguém nega um bom resultado. A questão aqui é gerir um pouco as expectativas. Sei que vai ser um grande prémio onde temos de os adaptar às condições muito mais rapidamente. É a primeira vez que vou pilotar naquele circuito com a MotoGP e já não vou ter tanto tempo para me adaptar como no Qatar, onde antes do grande prémio tivemos três dias de testes, por isso vamos ter de fazer uma adaptação muito mais rápida”, afiançou, recordando que na prova de abertura do campeonato a sua prestação apenas foi afetada pela degradação do pneu traseiro.

“O facto de o pneu se ter degradado mais do que esperávamos foi um fator limitativo na defesa da nossa posição, que já era dentro dos pontos e um pouco acima das expectativas. Mas temos mais 18 oportunidades para fazer melhor e é isso que temos de focar”, garantiu, ao mesmo tempo dizendo-se “contente” pelo facto de ter recebido elogios públicos por parte do diretor da sua formação, Hervé Poncharal.

“Isso deixa-me contente. Antes de ele ter dito isso [publicamente], jé me tinha dito o mesmo pessoalmente. É bom poder deixar sempre o ‘team manager’ contente. Independente do lugar e da prestação, o importante é que esta equipa me está a dar muito apoio. Está a ser excelente. É de salientar que esta equipa tinha um percurso desportivo muito positivo, com pódios e a lutar por posições na frente de corrida e treinos e agora passaram para uma realidade diferente. Mas esta adaptação não está a fazer com que baixem os braços ou demonstrem uma atitude menos boa. Estão a apoiar-me bastante. A atitude dentro da equipa é muito boa e isso deixa-me muito contente”, explicou o piloto que compete com o número 88, que espera voltar a estar na luta pelos pontos no circuito argentino.

Quanto ao facto de ter estado em pista, pela primeira vez em vertente competitiva com nomes históricos do motociclismo, Oliveira garante que não “houve qualquer sentimento em relação a isso. São rivais como quaisquer outros que já tive. Não há qualquer sentimento especial senão o de respeito em pista”. Já o apoio constante do povo português indicia, de acordo com o jovem piloto português, que “Portugal está a sofrer uma mudança a nível desportivo. Julgo que a única forma e esperança que se tem de mudar esta mentalidade de que em Portugal de que não se consegue chegar a lado nenhum, de que é difícil chegar ao topo e vingar porque não somos apoiados e não há condições é através da cultura desportiva que o povo possa viver e sentir”.

Uma “grande lata”

Comemorando precisamente esse apoio, a Red Bull lançou em Portugal uma edição limitada da sua lata de bebidas, designada ‘MO88’ e com uma decoração alusiva ao piloto e à sua moto. Oliveira, que entre risos garantiu que ia “guardar uma palete inteira” para si, mostrou-se bastante contente por poder “solidificar a relação com a marca”, parceira de longa data, e que “o facto de contar com uma lata minha coloca-me entre os grandes e isso deixa-me muito contente”.

Uma parte desta campanha passa pela criação de uma onda de apoio ao piloto, através de mensagens num site especial criado para o efeito (mo88.redbull.pt), dando ainda a possibilidade aos participantes de efetuar desafios com direito a prémios. Uma das possibilidades é a de decorar o capacete a usar por Oliveira no GP da Áustria. Além disso, há um jogo online onde se acumulam pontos que podem ser trocados por merchandising oficial. O melhor jogador do ranking vai ter o privilégio de entregar a Oliveira o capacete personalizado, assistindo em seguida a uma corrida de MotoGP. Quem ficar no top 10 poderá ainda conhecer pessoalmente o atleta.

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.