MV Agusta Stradale 800: Exclusividade com pedigree

18/09/2017

É difícil falar das motos MVAgusta sem lembrar a história desportiva da marca italiana. No início do século XX começou por fabricar aviões pela mão do conde Giovanni Agusta. Após a sua morte, em 1927, a empresa fica nas mãos da viúva e dos filhos. Atravessando um período de crise na aeronáutica, para evitar fechar a empresa, decidem apostar nos motociclos. Contudo, só em 1945 seria apresentada ao público a primeira MVAgusta, o modelo 98. Um ano depois começa, oficialmente, a competir em corridas de endurance, conseguindo logo excelentes resultados, chegando aos três lugares no pódio.

As décadas de 1950 e 1960 foram prósperas, mas seria já no final dos anos 60, e até 1974, que a marca haveria de dominar as pistas com o piloto Giacomo Agostini a ganhar cinco títulos consecutivos na categoria de 350, e sete na de 500cc. Esta simbiose, embora curta foi tão forte que a marca e o piloto se tornaram praticamente sinónimos, até aos dias de hoje.

Em 1976, a MV Agusta vence o seu último grande prémio, e a marca entra outra vez num período difícil, tendo entre 1991 e 2014 passado por diversas mãos, entre elas a Cagiva, a Harley-Davidson e até a Mercedes-AMG com uma pequena participação.

Constrangimentos financeiros à parte, a MV Agusta não esqueceu como se fazem motos, recuperando os tão característicos motores tricilíndricos. A geração F3 que equipa a Stradale 800 é o exemplo de como a marca Italiana, fugindo aos tradicionais bicilíndricos das suas congéneres, cria um motor refinado e com uma performance incrível, pesando apenas 52 quilos.

Não há dúvida que a Stradale 800 se trata de uma moto com um design apurado. Olhando os detalhes damos conta da intenção deliberada de criar um produto exclusivo. A primeira sensação que temos é de que se trata de uma sport tourer, porém quando nos sentamos verificamos que a ciclística é agressiva e está muito próxima de uma supermotard. O facto de o depósito ser muito curto faz com que o condutor vá muito à frente, quase em cima da roda dianteira, assumindo uma posição de condução agressiva, que quase nunca se torna relaxada. A proteção aerodinâmica é escassa o que em viagens longas pode ser desconfortável.

No entanto, todo o tempo passado em cima da Stradale 800 é repleto de diversão. O motor, além de ser uma magnífica obra de engenharia, é o maior responsável pela felicidade aos comandos desta MV Agusta. O tricilíndrico com quatro modos de motor (um deles personalizável) a partir das 3000 rotações, soa como se de um Fórmula1 se tratasse. O uso do quickshift torna-se obrigatório quando ficamos viciados na sinfonia metálica que sai do escape que termina nas três ponteiras que parecem esculpidas. Embora firmes na sua atuação, as suspensões completamente ajustáveis, garantem algum conforto em andamento. Andamento esse que varia entre rápido e muito rápido na maioria do tempo, por isso precisamos de toda a ajuda disponível quando é preciso parar em segurança. Para isso temos os travões Brembo com quatro pistões e ABS Bosh de última geração com controlo de descolagem da roda traseira.

Não se veem todos os dias motos da marca MV Agusta a circular. É uma marca de “boutique”, o que garante alguma exclusividade a quem decide comprá-la. A Stradale 800 encaixa nesse perfil. Por um lado tem detalhes que a tornam única, como as malas laterais com as luzes integradas, ou a forma como o escape termina nas três ponteiras. Por outro tem algo que não é palpável – todo o pedigree da carga histórica pelas corridas ganhas noutros tempos. Também não é todos os dias que viajamos até aos anos 70 e nos sentimos como Giacomo Agostini.

Mais: Estética, design apurado, malas laterais de série.

Menos: Acelerador eletrónico um pouco brusco, autonomia (depósito leva apenas 16 litros).

Ficha técnica:

Preço: a partir de 13,990 euros

Motor: três cilindros em linha com 798cc

Potência: 115cv

Peso: 181kg

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