Nove mil quilómetros em 15 dias: A aventura de Mário Patrão, de moto, sem ajuda no Dakar

24/01/2023

Se já é difícil fazê-lo numa equipa oficial, onde os pilotos até têm um massagista, imaginem como será percorrer 9 mil quilómetros no deserto sem qualquer tipo de auxílio e a dormir só três horas por noite.

Numa prova marcada pela dureza causada pela chuva torrencial que caiu este ano da Arábia Saudita, na região onde decorreu o rali Dakar, o piloto português, trouxe para casa a vitória na categoria de veteranos, e o terceiro lugar na categoria Original by Motul.

Antes da inscrição na categoria “Malle Moto“, a prova destinada aos pilotos que enfrentam o mais difícil rali todo o terreno do Mundo sem qualquer auxílio externo, já as dificuldades tinham começado. Primeiro porque ao apresentar o projeto ao seu patrocinador principal, o Banco Crédito Agrícola revela-lhe que de acordo com a política de sustentabilidade da instituição, só apoiará desportos “verdes” e com impacto ambiental neutro – essa é aliás, a razão pela qual Mário Patrão competiu no campeonato nacional de todo o terreno em 2022 com uma moto elétrica –, sem desistir Mário decide criar uma campanha de reflorestação em que plantou mais de 300 árvores no Parque Natural da Serra da Estrela.

“O Dakar é uma prova muito cara para fazer sem patrocinador, tudo custa muito dinheiro. Para me tirarem 3 ou 4 fotografias por dia custa-me 900 euros”, explica o piloto. Ultrapassadas as dificuldades financeiras, as coisas não melhoram no terreno. Este ano a chuva intensa provocou muita lama, e em algumas zonas as motos ficavam de tal modo atoladas que tinham de ser retiradas de helicóptero. “Numa etapa, caí três vezes em 300 metros por causa da lama”, confessa Mário.

Mas infelizmente os obstáculos não se ficaram por aí: desde água na gasolina, o eixo que prende a escora ao quadro partido, às pouquíssimas horas dormidas, o piloto com mais de vinte anos de competição e os mesmos em títulos conquistados ainda teve de lidar com uma penalização de 4 minutos na última etapa.

No balanço final refere que: “Esta foi a edição do Dakar na Arábia Saudita que gostei mais. Os anteriores eram praticamente só areia, e este teve terrenos diferentes, mais técnicos”, acrescentando que, “Podia ter feito menos 1 hora, o que representava 10 lugares acima na tabela, mas isso implicava arriscar mais 20 ou 30 porcento, e essa não foi a estratégia que eu e os meus patrocinadores definimos”.