Triumph Bonneville Bobber: Como num filme ‘noir’

11/12/2017

Existem motos que dão tanto prazer quando se olha para elas, como quando se anda nelas. A Bonneville Bobber é uma dessas motos. Há qualquer coisa de Lauren Bacall neste modelo. Humphrey Bogart, que foi seu marido, era apreciador de motos, mas gostava mais de automóveis. O que nos leva a outro ator, Marlon Brando no filme, “O Selvagem” de 1953, onde entram motos com fartura, a mais conhecida será mesmo a Triumph Thunderbird 6T do personagem Johnny Strabler, o líder do gangue de motociclistas “Black Rebels Motorcycle Club interpretado por Brando. Esta é, provavelmente, a primeira aparição de motos britânicas em filmes americanos.

A Bonneville Bobber não é muito diferente da Thunderbird. Ao olharmos para a moto de 1950, percebemos facilmente a origem da inspiração, ainda que a versão que entra no filme tivesse lugar para mais um. A Bobber, bem, é uma Bobber, despida de tudo o que não faz falta para andar. E é a andar nela que damos sentido ao simples prazer que é andar de moto. Sozinho(a). Sim, porque esta Bonneville só tem lugar para um, sem possibilidade de adicionar mais um banco para pendura.

Dando sentido ao mais puro conceito de cruiser, contamos com um motor com 1200cc e 77 cavalos, que são suficientes para manter um sorriso permanente não só de quem anda nela, como naqueles que a vêm passar. Temos dois modos de condução, “street” e “rain”, controlo de tração desligável, e ainda travões de disco com um disco de 255mm atrás, e outro com 310mm na frente, ambos com ABS. Neste capítulo, a capacidade de travagem não está claramente ao nível do que os 228kg da Bobber, mais o peso do condutor, exigem para uma paragem rápida, obrigando a alguma antecipação à necessidade de travar. Em andamento, rapidamente descobrimos como é ágil no meio do trânsito – importante no dia-a-dia, mas ainda mais numa boa estrada sinuosa – não é suposto uma moto com esta ciclística curvar como curva.

Não sendo uma moto desconfortável, devido ao reduzido curso das suspensões, significa que vamos sentir todos os buracos que povoam as ruas da cidade, sobretudo nas costas. De resto a ergonomia está muito bem conseguida. Tudo está onde se espera encontrar (interruptores, manetes, poisa-pés, selector de mudanças e travão traseiro), contribuindo para a sensação de conforto. O motor, praticamente isento de vibrações, não significa que não tenha “alma”, muito pelo contrário, o som grave que sai dos escapes torna-se viciante, sobretudo em estrada aberta. Este vício, no entanto, tem um contraponto chamado autonomia, que nesta Bobber serão cerca de 200km, com os 9 litros de capacidade do depósito.

O filme “O Selvagem” está repleto de motos muito parecidas com a Bonneville Bobber, a do rival “Chino” (interpretado por Lee Marvin), é uma “bobber” pura. Um facto curioso: os importadores da marca para os EUA na altura escreveram uma carta aos produtores do filme, expressando que não queriam ver as motos associadas a gangues de motos fora da lei. A Triumph teve na altura uma publicidade fora de série, de forma gratuita, que hoje se chama “product placement”, e que custa muito dinheiro às marcas.

Mais: aspeto, ausência de vibrações do motor, 150 acessórios para personalização

Menos: autonomia, desconforto em piso degradado

O Motor24.pt agradece à One Your First Stop a disponibilidade para a foto no Armazém 16.

O capacete usado neste ensaio foi um Nexx X.G100R BILLY B BLACK-WHITE

Ficha técnica:

Preço: a partir de 12.900 euros
Motor: bicilíndrico em paralelo com 1200cc
Potência: 77cv
Jantes: de raios, dianteira de 18”, traseira de 16”
Capacidade do depósito: 9.1 L
Travões: discos nas duas rodas com pinças flutuantes de dois pistões, e ABS, 310mm na frente, 255mm atrás.
Suspensão frente: forquilha KYB de 41mm, 90mm de curso
Suspensão traseira: amortecedor KYB com 77mm de curso
Peso a seco: 228kg
Cores disponíveis: Jet Black, Competition Green, Morello-Red, Ironstone

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