O ex-campeão do mundo de Fórmula 1 passou o fim de semana em Lisboa, numa prolongada festa de despedida de solteiro de um amigo e esteve no kartódromo de Odivelas para “matar o vício”.

O telefonema foi atendido por Shane Weatherstone, um australiano que trabalha na Lisboakart, empresa que opera no kartódromo de Odivelas: “Olá, sou o Nico Rosberg e queria marcar uma corrida. Somos 15 pessoas…”

Shane contou ao DN que conferiu a agenda – tinha havido uma desistência de um outro grupo minutos antes -, confirmou a marcação e tomou nota. Mal desligou o telefone, foi contar a história ao responsável pela empresa, afinal estava um ex-campeão do mundo de Fórmula 1 a caminho da pista. Vítor Costa, habituado às constantes brincadeiras e partidas do australiano, encolheu os ombros, disse-lhe: “Sim, sim. Ok. Ele que venha…” e continuou a fazer o que estava a fazer.

Cerca de meia hora depois – já mal se lembrava do que Shane lhe tinha dito -, saiu do escritório e olhou para o lado, estava ali um tipo louro, magro, relativamente alto e, bolas, mesmo muito parecido com… espera aí. “Nem queria acreditar, pensei que o Shane estava no gozo. Mas, era mesmo o Nico Rosberg!”, explicou Vítor Costa ao DN.

O alemão, filho do também campeão do mundo Keke Rosberg (1982), foi campeão mundial em 2016 com a Mercedes e espantou equipa, rivais e fãs quando anunciou que iria retirar-se da Fórmula 1 no final da temporada. Tinha ganho o Mundial e revelou numa conferência de imprensa antes da última corrida que, cumprido “um sonho que alimentava desde os seis anos” ia agora dedicar-se à família.

Deixou a Fórmula 1, mas o vício mantêm-se. Nico Rosberg chegou ao kartódromo de Odivelas à hora marcada, com um grupo de 14 amigos, na maioria italianos. Havia de contar mais tarde que estavam todos a celebrar a despedida de solteiro de um deles. É um cenário recorrente naquela pista, grupos de turistas em modo despedida-de-solteiro-mais-ou-menos-louca, mas este foi o primeiro grupo a aparecer por ali com um campeão mundial de Fórmula 1.

Com Nico já sentado no kart, Vítor Costa fez questão de dizer ao piloto que estava no melhor de todos: “tens o melhor, com um motor novo em folha, foi montado há dias”. O alemão saltou da bacquet, tirou o capacete e disse: “não, não, não… não quero o melhor, quero o pior kart que tiveres aí”.

Nico era o único piloto naquele grupo de amigos e, quando lhe trouxeram o menos cuidado dos karts, virou-se para um outro colaborador da LisboaKart com um estranho pedido. “Quis os pneus com dois bar de pressão, o dobro do habitual”, conta Carlos Sá, “disse que estava ali para se divertir, que assim o Kart escorregava mais e eu fiz-lhe a vontade…”

O grupo dividiu-se em duas corridas, com oito pilotos cada, sendo que Nico alinhou nas duas. Nos treinos fez um tempo canhão (42,500 segundos) e foi o mais rápido, muito perto, mas ainda assim abaixo do recorde da pista de Odivelas, que está nos 41,125 para aquele tipo de karts.

Shane Weatherstone, com o sotaque australiano mais carregado devido à emoção, nem queria acreditar na folha de tempos. “O tipo fez 42,500! Aquele tempo, com aquele kart, que é mesmo o pior que nós temos aqui, é quase um milagre. E pareceu que esteve o tempo todo a brincar, é incrível…”

Diz quem viu que o ex-campeão do mundo de Fórmula 1 fez precisamente isso. Divertiu-se e muito. Nas corridas, terminou a primeira em 5º e chegou em último na segunda. No essencial, andou todo o tempo a brincar com os amigos, envolvido em batalhas que só aconteceram porque as tinha provocado. Apertava o ritmo, ultrapassava uns quantos e depois parava à espera do grupo. Acelerava, ficava na frente e entretinha-se perder tempo a andar de lado ou a fazer uns piões. Um dia que há de ficar na memória do kartódromo de Odivelas e da LisboaKart.

Paulo Tavares / DN

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