A Alpine apresentou o seu primeiro protótipo para um desportivo elétrico, o A110 E-ternity, que tem por base o A110 com motor de combustão, mas munido agora de uma motorização 100% elétrica numa alusão ao seu futuro.

O A110 E-ternity surge como o primeiro resultado do desafio proposto por Luca de Meo, CEO do Grupo Renault, que admitiu “querer eletrificar a Alpine para preservar o seu nome para toda a eternidade”. Laurent Rossi, o CEO da marca de desportivos, acolheu a ideia com satisfação e concebeu um primeiro protótipo elétrico que será oficialmente revelado no fim de semana do GP de França de Fórmula 1, a disputar este fim de semana, em Paul Ricard.

O A110 E-ternity é o primeiro fruto desse trabalho exploratório, surgindo como celebração do 60º aniversário da Alpine, com este desportivo a ser concebido no espírito ‘restomod’ que entretanto se tornou comum na indústria automóvel.

O caderno de encargos era simples: eletrificar o A110, equiparando-o em termos de desempenho, equilíbrio e agilidade ao Alpine A110 com motor de combustão, mas capitalizando, ao mesmo tempo, os pontos fortes, a experiência e as tecnologias do grupo gaulês.

Tecnologia e inovação

Para apimentar um pouco mais este desafio, a Alpine acrescentou quatro inovações ao caderno de encargos: um sistema multimédia inovador, que utiliza o tablet pessoal do condutor para uma experiência de conectividade intuitiva e natural, baseada no Google ou em Android, um sistema áudio de última geração, com oito altifalantes para som surround, materiais inovadores que aliam desempenho e sustentabilidade e, por fim, uma solução ‘descapotável’ que permite desfrutar da quietude da tecnologia elétrica.

Porém, o maior desafio surgiu na substituição do motor de combustão por uma unidade elétrica, com a Alpine a retirar, de forma natural, partido das peças e tecnologias já disponíveis internamente. Esta nova solução debita 178 kW/239 CV de potência e 300 Nm de binário, o que lhe permite acelerar dos zero aos 100 km/h em 4,5 segundos e atingir os 250 km/h de velocidade de ponta.

Os módulos de bateria (de 60 kWh) são idênticos aos do Mégane E-Tech 100% elétrico, mas para conseguir uma distribuição ótima do peso e para acomodar os 12 módulos, foi necessário conceber caixas de bateria específicas para o A110 e adaptar a arquitetura interna. Quatro módulos foram assim colocados à frente e oito atrás. Para responder a este desafio, os engenheiros posicionaram estes módulos no espaço de uma forma ‘atípica’.

Apesar da adição destes doze módulos, o peso total do Alpine A110 E-ternité permanece particularmente baixo, com um aumento de apenas 258 kg, graças a uma massa contida para o conjunto de baterias (392 kg).

Para garantir um equilíbrio ótimo entre valor de aceleração dos zero aos 100 km/h, velocidade máxima e autonomia (420 quilómetros em ciclo WLTP), foi adicionada uma caixa de velocidades inovadora ao motor “standard” do grupo. Nenhuma das opções de caixa de velocidades disponível internamente permitiu aos engenheiros da Alpine satisfazer as necessidades do A110 E-ternité de encontrar uma caixa de velocidades suave e eficiente, sem quebra de binário, mas também leve e compacta.

Assim, uma caixa de velocidades foi estudada internamente, com o fornecedor de caixa de velocidades da Alpine, de dupla embraiagem (DCT) com controlo eletrónico, como no motor de combustão A110, mas com embraiagens dimensionadas para lidar com binários elevados. A solução da dupla embraiagem permite evitar uma quebra no binário enquanto se mantém compacta e leve.

A equipa Alpine mostrou a sua competência no sistema eletrónico adotado, misturando duas arquiteturas de equipamento eletrónico separadas por dez anos. Esta inovação proporciona novas oportunidades de simplificação da arquitetura ou de melhoria contínua em todo o produto, uma vez que permitiu manter as características do motor de combustão de 1.8 litros, acrescentando, simultaneamente, novas características do segmento EV, como a função ‘Overtake’ ou a possibilidade de permitir a comunicação entre duas baterias.

Foi instalada uma única ECU para assegurar a comunicação entre os dois sistemas. Esta inovação traz novas oportunidades para simplificar arquiteturas ou para melhorar continuamente ao longo de todo o ciclo de vida do produto.

Vista para o céu e a aposta no linho

Uma das novidades deste elétrico é o seu tejadilho com capacidade de ficar ‘descapotável’. A dificuldade do projeto passava, sobretudo, por encontrar a solução ideal para integrar rapidamente um telhado amovível na estrutura do A110. Os engenheiros da Alpine imaginaram assim uma solução simples e leve, sem afetar a rigidez na produção A110, com dois telhados “injetados” com carbono reciclado. Um componente concebido e construído inteiramente em casa.

Os materiais utilizados em algumas peças-chave, não só leves, mas também mais amigos do ambiente, são feitos de linho. Foi também desenvolvido um segundo protótipo E-ternité que mostra esta nova tecnologia aplicada a peças como o revestimento do capot, o tejadilho, a janela traseira, a grelha, a estrutura dos bancos e a saia traseira. O material provém da empresa Terre de Lin, sediada perto de Dieppe (Normândia, França). Tão forte como a fibra de carbono e com melhor acústica, o linho é um material do futuro.

Esta nova experiência possibilita também a preparação para o futuro. De facto, o desenho das peças é agora compatível com os vários materiais compostos, o que significa que o mesmo molde pode ser utilizado para produzir carbono, vidro ou composto de fibra de linho.

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