ANECRA espera carros mais caros com os novos regulamentos

24/07/2022

Secretário-geral da Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA) admite que os novos regulamentos de segurança para veículos trarão uma subida dos preços.

Roberto Gaspar, secretário-geral da ANECRA, admite que a introdução de uma série de dispositivos de segurança e de assistência ao condutor em todos os veículos novos na União Europeia, não é a principal preocupação do setor, num momento em que a indústria se debate com os efeitos nefastos de uma crise sanitária e política e humanitária, com a invasão da Ucrânia. Mas, para aquele responsável, o regulamento relativo aos novos mecanismos de segurança de série terá impacto no preço final dos automóveis.

“Tenho falado com alguns concessionários (…) e isto é uma questão perfeitamente menor para eles, porque o setor enfrenta um momento tão crítico, com tantos desafios, que isto lhes passa completamente ao lado”, comentou à Lusa, embora considerando que há “uma consequência lógica: os modelos vão encarecer”, mas sublinhando também que, para o condutor, é “um passo em frente do ponto de vista da segurança”.

No passado dia 6, entraram em vigor nas novas medidas adotadas em 2019 pelo Parlamento Europeu e pelos Estados-membros que introduziram a obrigatoriedade, em modelos novos, de dispositivos de segurança de assistência ao condutor para melhorar a segurança rodoviária.

“A partir do momento em que são exigidas em todos os modelos que saem de fábrica, isto, logicamente, significa um encarecimento das viaturas. Não quer dizer que ao longo do tempo isto não fosse introduzido”, afirmou lembrando a introdução de sistemas como os ‘airbags’ ou o ABS.

Ainda assim, para Roberto Gaspar há uma preocupação maior entre as empresas do setor, com a mudança do paradigma da venda dos automóveis.

“Existe uma questão que vai mudar o mercado de forma brutal, que tem que ver com o modelo de distribuição. Os fabricantes estão a apostar em novos modelos de distribuição”, afirmou, referindo a passagem de um modelo com concessionários para um modelo direto para o consumidor através de agentes ou de plataformas ‘online’.

“O modelo de distribuição que conhecemos durante imensos anos: um fabricante, um importador e um determinado grupo de concessionários a fazerem a distribuição regionalmente – acabou. O que estamos a falar é o fabricante fazer vendas diretas para os grandes operadores – como gestoras de frotas, ‘rent a car’, grandes operadores de mobilidade”, explicou.

Sobre a eletrificação, o secretário-geral da ANECRA considera: “Estamos a falar de mudanças drásticas, estamos a falar da mudança dos motores térmicos para motores eletrificados — em grande parte por pressões políticas, não é pela procura, não é pelo normal funcionamento do mercado, independentemente do mérito das razões”.