Desenhado de dentro para fora, o Audi urbansphere concept revela a ideia para um automóvel da marca altamente modular para utilização nas agitadas metrópoles modernas, onde espaço e serviços de conveniência são cada vez mais importantes. O urbansphere revela uma identidade inteligente com serviços digitais para um novo tipo de cliente que privilegia a mobilidade sustentada e conveniente.

A ideia dos automóveis vocacionados para necessidades suplementares à noção simplista da mobilidade vai ganhando cada vez mais força, com as marcas a demonstrarem as suas visões para um futuro em que o espaço a bordo ganha maior importância do que parâmetros como a condução ou as performances. Esta noção é aprofundada no Audi urbansphere concept, que tem no seu interior espaçoso uma abordagem de ‘lounge’ sobre rodas que pode servir de escritório móvel ou um terceiro espaço de vida para aproveitar o tempo perdido no trânsito urbano (entre o lar e o posto de trabalho), sobretudo com as potencialidades também oferecidas da condução autónoma.

Para o efeito, o urbansphere concept congrega ideias de privacidade e tecnologias de ponta, com a possibilidade de um interior sem volante, pedais ou ecrãs de instrumentação, surgindo, em substituição um espaço interior interativo e móvel que também compreende o fator de mobilidade elétrica proporcionada pela nova plataforma PPE (Premium Platform Electric), que visa aproveitar todas as potencialidades dos elétricos.

A terceira esfera

O urbansphere concept é o terceiro dos concepts futuristas da Audi com a terminologia ‘sphere’ (esfera), surgindo após o skysphere e o grandsphere, com os quais mostrou a sua visão para o futuro da mobilidade premium que pretende valorizar o tempo gasto nas viagens de A para B. O primeiro, apresentado em agosto de 2021, era um desportivo GT autónomo e de distância entre eixos variável, enquanto o segundo foi uma grande berlina de quatro lugares para definir a imagem de luxo progressivo.

O urbansphere concept encaixa aqui como o terceiro elemento, partilhando com os outros dois modelos a tecnologia de condução autónoma de nível 4 que a Audi está a desenvolver em conjunto com a CARIAD, unidade de negócio do Grupo Volkswagen para o software. A intenção é introduzir esta tecnologia nos automóveis de produção em série na segunda metade desta década.

Nota que a Audi promete ainda um outro concept com base nesta filosofia de ‘esferas’, observando que é será um outro modelo também destinado a aproximar o futuro da realidade.

Mas o urbansphere é também o maior e mais voluptuoso dos três modelos, com um 5,51 metros de comprimento, 2,01 metros de largura e 1,78 metros de altura, quebrando os cânones usuais do setor automóvel, com dimensões interiores generosas graças aos 3,40 metros de distância entre eixos. Markus Duesmann, Presidente do Conselho de Administração da Audi AG, explica que o objetivo é oferecer outras funcionalidades para o automóvel, inserindo-o num conceito holístico para ‘atender’ às necessidades dos clientes do futuro.

“É por isso que a Audi está a criar um ecossistema completo com serviços para todo o carro. O Audi urbansphere concept também oferece a todos a bordo uma grande variedade de opções para usar essa liberdade para providenciar uma experiência altamente personalizada dentro do carro: comunicação ou descanso, trabalho ou refúgio num espaço privado conforme o desejado. Como tal, transforma-se de um automóvel estritamente falando para um ‘dispositivo de experiências’”, refere o responsável da marca dos quatro anéis.

A Audi adianta ainda que este protótipo beneficia ainda da possibilidade de parcerias com diversas entidades para oferecer serviços digitais praticamente ilimitados, não faltando até exemplos em que o automóvel serve como ponto de partida para fazer reservas para jantar ou compras online. O urbansphere concept pode ainda apanhar os seus passageiros em casa de forma autónoma e procurar independentemente um lugar de estacionamento depois de deixá-los no seu destino, aproveitando também para carregar a bateria durante o tempo de paragem.

Ofertas de serviços digitais de infoentretenimento também estarão contempladas de acordo com os gostos dos clientes, oferecendo especificidades como acesso a concertos exclusivos como se de uma sala privada se tratasse ou eventos culturais.

Desenho e funcionalidade

O desenho deste modelo foi pensado para oferecer a emotividade da Audi, embora com os condimentos necessários para uma nova interpretação moderna, como por exemplo as portas laterais traseiras de abertura ‘suicida’, criando assim um espaço amplo para acesso ao interior sem pilar B, não faltando bancos com rotação para acolher os passageiros e iluminação a vermelho no chão, como se fosse uma carpete vermelha, para enaltecer o acesso ao habitáculo.

Esteticamente, o Audi urbansphere concept apresenta um formato monolítico, bastante robusto com detalhes típicos da marca alemã, como a grelha dianteira Singleframe (aqui reinterpretada em composição e iluminada), um tejadilho curvo, cavas das rodas musculadas (albergando grandes jantes de 24 polegadas em homenagem ao Audi Avus concept da década de 1990) e um spoiler traseiro superior. Visto de perfil, este modelo tem um efeito em cunha, assim também aperfeiçoando a sua funcionalidade aerodinâmica. Os elementos luminosos à frente e atrás servem também propósitos de comunicação com o exterior.

O habitáculo é composto por quatro lugares para viagens em primeira classe. Os bancos traseiros têm dimensões generosas e vários ajustes – incluindo posições ‘Relax’ e ‘Entertain’, nos quais o encosto pode ser inclinado a 60 graus, enquanto as pernas descansam livremente. Os bancos também se adequam às necessidades sociais dos passageiros, por exemplo, em conversação podem-se orientar de frente para o outro passageiro.

Se o objetivo é isolar-se no seu próprio mundo, o passageiro pode tirar partido de um separador montado atrás do encosto de cabeça ou de um sistema de som no encosto de cabeça para ouvir a sua música preferida. Nas costas dos bancos dianteiros há também ecrãs individuais. Quando os passageiros querem usar o sistema de infoentretenimento em conjunto, podem utilizar um ecrã OLED de grandes dimensões que se apresenta verticalmente a partir da zona do tejadilho, criando um ecrã de cinema que ocupa toda a largura do interior e que permite aos ocupantes dos dois bancos traseiros verem um filme em qualidade.

A marca explica ainda que o interior do urbansphere concept funde os ideais da arquitetura, luminosidade, tecnologia digital e materiais de luxo num espaço moderno e simples com linhas horizontais.

Apesar de tudo, ainda que possam desaparecer durante a fase de condução autónoma, o volante, pedais e painel de instrumentos também podem ser ‘desvendados’ durante a condução manual.

Tecnologia de vanguarda

O veículo ativa-se ao toque de um dedo, bem como os diversos ecrãs, embora em forma de projeções nas superfícies de madeira sob o para-brisas. Dependendo das situações de condução, manual com o volante ou autónoma sem volante, os ecrãs dividem-se pelo interior de forma segmentada entre os dois passageiros da frente, apresentando todas as informações necessárias. Uma barra de sensor foi integrada sob a superfície de projeção para alternância rápida entre conteúdos, por exemplo, entre música e navegação.

Um ponto destacado pela Audi é o do controlo MMI com possibilidade de seleção por meio físico (quando o ocupante está sentado em posição direita) ou por meio de uma combinação de controlo ocular e gestual quando o banco está completamente reclinado: um sensor direcionado para o olho deteta a linha de visão quando está prestes a ser vista e assim ativada. O passageiro apenas necessita de efetuar movimentos com a mão semelhantes aos de operação física – sem ter de se erguer – para ajustar o sistema. Há ainda painéis de controlo integrados nos apoios de braço nas portas.

O urbansphere concept integra também óculos de realidade virtual nos encostos de braço das portas laterais que podem ser usadas em conjunção com algumas opções do sistema de infoentretenimento, por exemplo, para utilização do sistema Holoride.

Nota ainda para o facto de muitos dos materiais deste protótipo serem provenientes de fontes sustentáveis, dispensando ainda a utilização de químicos durante o processo de produção. O enchimento dos bancos é feito de Econyl, uma poliamida reciclada que pode ser também reutilizada após a utilização no automóvel sem perda de qualidades. O revestimento dos apoios de braço e da secção traseira do Audi é feita em tecido de bambú, que é mais sustentável na sua cultura e transformação do que a madeira.

800 volts e tecnologia quattro

A exemplo do que sucede com outros protótipos, este novo modelo da Audi assenta sobre a plataforma PPE (Premium Platform Electric), com a bateria de 120 kWh alojada entre os dois eixos em posição bastante baixa.

O sistema motriz do urbansphere é composto por dois motores elétricos com uma potência combinada de 295 kW/395 CV e 690 Nm de binário máximo, dispondo ainda da tradicional configuração de tração integral quattro, graças à colocação de um motor elétrico em cada eixo. Uma inovação deste modelo é a de desativação temporária do motor no eixo dianteiro para reduzir a fricção e o consumo energético quando circula em ‘roda livre’, como sucede atualmente nos modelos de combustão interna.

No coração deste sistema motriz do urbansphere concept está a tecnologia de carregamento de 800 volts, que permite uma carga rápida até 270 kW, aproximando os tempos de carregamento dos de um carro com motor de combustão: dez minutos bastam para repor carga suficiente para percorrer mais de 300 quilómetros. Com uma autonomia declarada de até 750 quilómetros, este valor permite já distâncias longas. Em menos de 25 minutos é possível recarregar de 5 a 80% do estado de carga quando usa a potência máxima de carregamento.

Tecnicamente, destaque ainda para a suspensão pneumática (de câmara singular) para máximo conforto. Os elementos que constituem as duas suspensões são feitos em alumínio, para maior ligeireza, com a dianteira a dispor de configuração de cinco braços otimizada para veículos elétricos, ao passo que o eixo traseiro tem também função de rodas direcionais para melhorar a manobrabilidade.


À atenção do cliente chinês

Na apresentação ficou bastante claro que o urbansphere concept responde de forma mais concreta às premissas de utilização dos clientes típicos da China, mercado ao qual a Audi tem dedicado grande atenção. O recém-atualizado A8 Horch ultra-luxuoso, por exemplo, tem apenas lançamento confirmado naquele país. O urbansphere concept segue a mesma lógica, como explicou também Markus Duesmann, da Audi.

Interior

“De forma a ir ao encontro das exigências dos nossos clientes chineses, os estúdios de design de Pequim e de Inglostadt trabalhar em proximidade para desenvolver o Audi urbansphere concept car”, naquela que foi a primeira vez que os potenciais clientes chineses puderam também tomar parte no processo de desenvolvimento, contribuindo com os seus próprios desejos e perspetivas de luxo.

Exemplo disso é o ambiente de bem-estar a bordo, com deteção de stress graças à análise de voz e scan das expressões faciais para determinar como os passageiros se estão a sentir, oferecendo sugestões personalizadas para relaxamento, como uma aplicação de meditação que pode ser usada a partir do ecrã pessoal e da zona de áudio personalizada a partir dos encostos de cabeça.

Outro exemplo está na componente luminosa da grelha dianteira – agora sem o objetivo de refrigeração pela qual foi necessária durante tantas décadas. A superfície luminosa digital surge atrás de um visor ligeiramente escurecido que cobre uma grande parte da dianteira, com um esquema tridimensional e povoado por elementos LED.

Toda a área da grelha pode ser usada como uma ‘tela’ (daí a designação ‘Audi Light Canvas’) para comunicação e iluminação dinâmica para com os outros utilizadores da via pública. Os faróis assemelham-se agora a olhos, adaptando-se às condições de tráfego, enquanto num tributo especial à China a marca criou um acessório peculiar – um chapéu de chuva iluminado que se inspira nos tradicionais chapéus de chuva chineses, mas com finalidade protetora ao usar os elementos luminosos para alertar da sua presença na estrada.

A superfície interior do chapéu é composta de material refletor, pelo que todo o interior atua como uma unidade de iluminação que ajuda a iluminar o caminho ou… a ajudar na captação de ‘selfies’ para imagens mais perfeitas.

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