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Carros voadores, partilha de veículos e condução autónoma é o futuro das cidades

Foto: Paulo Alexandrino/Global Imagens

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O diretor do centro de inovação da EIT, Daniel Serra, participou esta tarde no Portugal Mobi Summit, onde partilhou sugestões estratégicas para a redução das emissões nas metrópoles.

Os avisos dos cientistas sobre as alterações climáticas são claros e arrastam-se há décadas, sem reflexo na alteração de comportamentos. Até ao final deste século, a temperatura média global não pode, dizem, aumentar acima de 1,5 graus, sob pena de surgirem transformações radicais no planeta que afetarão gravemente a humanidade.

“Podemos reduzir o nosso impacto como humanos”, aponta Daniel Serra, pedindo “uma transformação radical” nos atuais hábitos de mobilidade. O especialista no tema participou, esta tarde, no segundo dia da cimeira Portugal Mobi Summit, que se realiza em Cascais até sexta-feira.

Para o diretor do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT), não é possível que as cidades modernas continuem a basear-se num modelo de mobilidade desenhado no século XIX, pensado para cavalos, carruagens e alguns veículos motorizados. “O espaço começou a ser reorganizado” ao longo dos anos, diz, referindo-se ao aumento exponencial do número de automóveis que circulavam nas estradas norte-americanas e europeias no século passado.

Agora, porém, acredita ser necessário abandonar o modelo de organização antigo e adotar um novo, assente em diferentes formas de mobilidade suave – com trotinetas, bicicletas e outros veículos partilhados – e em transportes públicos elétricos. Embora considere que a forma como foram criadas plataformas de car sharing não resultou, Daniel Serra diz que, no futuro, “um sistema similar ao das bicicletas partilhadas será aplicável ao automóvel” e, desta vez, com sucesso.

O Green Deal da União Europeia prevê a redução de 50% das emissões de carbono nos Estados-membros, objetivo que permitirá chegar à meta desejada pelo especialista e responsável do EIT. “Em 2030, a Europa quer ter 100 cidades neutras em carbono”, aponta. Para lá chegar, no entanto, será fundamental diversificar as formas de mobilidade, mas também reinventar as metrópoles com foco na criação de “bairros à distância de 15 minutos”, em soluções de micromobilidade e na “convergência progressiva entre transportes públicos e privados”.

A tecnologia será, garante, o maior aliado nesta luta pela redução de emissões. “Há um driver que move tudo isto, a digitalização. Não podemos parar a digitalização das nossas cidades”, afiança. “Os carros vão voar”, antecipa, acrescentando que a promoção de novos modelos de negócio para a partilha de formas de mobilidade irá fomentar a substituição de veículos a combustível e retirar poluição dos centros urbanos. A evolução da condução autónoma poderá, também, ajudar na transformação. “As ações têm de ser tomadas já”, apela.

Texto: Francisco de Almeida Fernandes