Citroën BX comemora 40 anos de vida

26/09/2022

O BX tem uma carreira rica e inesperada na história da Citroën e na história do Automóvel, reflexo do sucesso comercial que alcançou durante os seus 12 anos de existência.

Mantém, hoje e muito naturalmente, o seu lugar no coração dos automobilistas e colecionadores, que não deixarão de assinalar entusiasticamente o 40º aniversário do modelo. Nesta ocasião, os peritos da associação L’Aventure Citroën convidam todos os entusiastas a redescobrir o BX já no próximo sábado, dia 24 de setembro, no Conservatório Citroën, em Aulnay-sous-Bois (França).

Lançamento sob a Torre Eiffel

Estávamos a 23 de setembro de 1982 e, ao cair da noite, uma enorme multidão invadia o Champ-de-Mars, dirigindo o seu olhar para o primeiro andar da Torre Eiffel, onde estava suspensa uma gigantesca caixa de madeira com a inscrição “Voilà la nouvelle Citroën” (“Eis o novo Citroën”). Num vertiginoso espetáculo de luz e som, a caixa de madeira deslizou lentamente até ao chão, para depois se abrir, desvendando o BX, modelo que iniciou assim a sua fabulosa carreira sob uma enorme ovação, com a Torre Eiffel enfeitada com doubles chevrons e envolvida em fogo de artifício.
Alguns dias depois, a 30 de setembro de 1982, o 69º Salão Automóvel de Paris, na Porte de Versailles, abria as suas portas, marcando o início da comercialização do BX, que se tornou numa das estrelas indiscutíveis do certame.


O projeto “XB”

Lançado em 1978 com o nome de código “XB”, o projeto do Citroën BX viu as suas especificações finalizadas em novembro de 1979. Os principais objetivos atribuídos ao futuro BX eram permitir que fosse reconhecido como um veículo moderno e fora do convencional, com ênfase na inovação. O BX ia ser um automóvel de tração dianteira com motor transversal e baixo peso para assegurar boas acelerações e baixos consumos de combustível, tendo em conta o contexto económico da época. Como todos os modelos Citroën topo de gama de então, o BX estava equipado com um sistema de suspensão hidropneumática para garantir níveis impecáveis de conforto e de aderência à estrada. O BX contava com uma carroçaria de cinco portas, com uma quinta porta traseira.
O seu desenvolvimento foi levado a cabo pelo centro técnico de Vélizy, que investiu fortemente em equipamentos CAD (Computer Aided Design), a fim de acelerar a convergência da concepção e a otimização das performances. Com este tipo de ferramenta, o BX alcançaria um bom valor de coeficiente aerodinâmico: 0,34. Inovador na utilização de materiais compósitos em diversos componentes, tais como os pára-choques, o portão da bagageira, o capô e os vidros dos pilares C, o BX apresentou-se com um peso de apenas 885 kg.
Primeiro veículo Citroën da era PSA, o BX recebeu os seus motores do banco de órgãos do grupo. Dispondo de motores potentes logo desde o início (1.360 cc com 62 cv ou 72 cv, 1.580 cc com 90 cv), o BX revela-se surpreendentemente dinâmico.


A linha do sucesso

Com o BX, a Citroën estabeleceu um duplo objectivo: entrar no mercado do segmento médio-alto e converter-se no sucessor do relevante GSA. Para o conseguir, o BX apoiar-se-ia em argumentos técnicos fortes, que garantiriam conforto, dinamismo e economia de utilização, bem como numa nova silhueta com uma estética inovadora.
Para desenhar o BX, a Citroën recorreu ao famoso carroçador italiano Bertone. O designer Marcello Gandini (“pai” do Miura, do Countach e do Stratos) propôs uma linha original, esculpida ao máximo, mas sem cair na excentricidade, que se destacava na paisagem automóvel da época e que acabou por caracterizar fortemente o BX. O interior também suscitou surpresa e admiração com um tablier futurista, inspirado no do CX, com equipamentos característicos, tais como os satélites de ambos os lados do volante monobraço e o conta-rotações retroiluminado.
Decididamente moderno e repleto de argumentos, o BX convenceu instantaneamente a imprensa, seduziu os clientes da Citroën e conquistou novos clientes: foi um verdadeiro sucesso comercial. Produzido nas fábricas de Rennes La Janais, na Bretanha, e de Vigo, em Espanha, o BX alcançou vendas de 2.337.016 unidades, até ao final da produção em junho de 1994. Integrando o lote dos Citroën mais vendidos, o BX contribuiu, indubitavelmente, para o renascimento da marca Citroën na década de 1980.


Uma vida plena

Ao longo dos 12 anos em que o BX esteve no mercado, foram introduzidas diversas alterações na carroçaria. Em 1985, uma elegante “carrinha” familiar, com mais 17 cm de comprimento do que a berlina e com a designação Evasion, foi adicionada à gama, tal como a versão Entreprise (comercial) lançada um ano antes. Um profundo restyling teve lugar em 1987, com o BX a ostentar uma linha exterior mais suave e um painel de instrumentos inteiramente novo
O equipamento não foi esquecido: teto de abrir, ar condicionado, instrumentação digital, revestimentos em veludo, jantes de liga leve, relógio digital, computador de bordo, permitiram ao BX manter-se fiel à sua imagem de veículo moderno.
Mecanicamente, o BX permanecerá na vanguarda da tecnologia com motores a desenvolver potências até 160 cv, injeção eletrónica equipada com catalisador e sonda lambda, motorização diesel, caixa de velocidades automática, tração integral permanente e travagem com ABS. Também se produziu uma série limitada de 200 unidades da versão da versão de estrada do carro de competição BX 4 TC Grupo B (2.141 cc, 200 cv, 220 km/h).
A carreira do BX foi também pontuada por diversas edições limitadas (Tonic, Image, Calanque, Leader, entre outras) incluindo a famosa versão Digit com a sua instrumentação totalmente digital.