A chegada dos veículos autónomos é, cada vez mais, uma certeza, antevendo melhorias em termos de segurança e de facilidade de utilização para os condutores (que poderão vir a ser meros utilizadores de veículos). Contudo, uma das questões que mais tem sido levantada é a da convivência, numa fase inicial, entre os dois tipos de condução.

Isto porque os condutores humanos continuarão a usar os seus veículos e a conduzir de forma normal, ao mesmo tempo que os veículos autónomos começarão, igualmente, a circular nas estradas. Neste confronto de ideais, os seres humanos parecem já querer começar a tirar partido dos autónomos, mas não da forma que seria suposta.

De acordo com um estudo levado a cabo em parceria entre a Goodyear e a Escola de Economia de Londres, que procedeu ao inquérito de 12.000 condutores, a grande maioria das respostas dão conta da intenção de ‘manobrar’ os veículos autónomos de forma a que consigam tirar vantagem, por exemplo, em cruzamento.

Uma grande parte dos respondentes admitiu que poderia influenciar os autónomos e tirar partido da atuação destes, acreditando que os automóveis sem condutor poderão ser forçados a parar em situações de confrontação.

Neste sentido, um outro estudo levado a cabo por ambas as entidades indicou que 88% dos condutores de 15 países europeus estão de acordo na existência de “regras implícitas” que governam a interação entre os condutores e os outros integrantes da via, como os peões, ciclistas ou outros veículos. A grande questão que se impõe, assim, é de saber se os sistemas autónomos deverão receber uma forma de aprendizagem do senso comum que é usual nos humanos, conforme indicou Chris Tennant, líder de um dos estudos anteriores da Goodyear e da Escola de Economia de Londres.

Especialistas com outra visão

Contudo, em resposta a esse mesmo estudo, Andrew Lee, responsável máximo de análise de dados na Octo Telematics, expressa uma outra opinião e admite que a inteligência dos autónomos será mais próxima da de um condutor humano do que aquilo que se supõe.

“Eu espero que a Inteligência Artificial seja aperfeiçoada e conduza mais próxima daquilo que toda a gente esperaria de um condutor experiente – os engenheiros estão e serão capazes de programas [os sistemas autónomos] para este padrão. Têm havido indicações de que os autónomos poderão ser melhores do que os humanos, já que poderão andar mais perto dos limites dos veículos”, afirmou à revista Forbes aquele responsável, com um vasto conhecimento nesta matéria.

A Octo Telematics conta com um sistema de avaliação de segurança na condução e angaria dados de diversos pontos do veículo decorrentes da condução, como por exemplo a aceleração, a travagem ou a direção, para os conjugar de seguida com as estradas percorridas, oferecendo desta forma um cálculo mais preciso e realista do estilo dos humanos em condução. Depois, aplica-os à fórmula dos autónomos, ajustando igualmente parâmetros como a temperatura e as condições do piso.

Necessária é uma maior troca de informações entre diversos elementos da indústria, a começar pelos dados de prestações e de dinâmica dos diferente tipos de modelos, algo que o secretismo que atualmente impera na indústria automóvel não deverá facilitar.

Ponto em que a condução autónoma terá maiores benefícios é no da regulação constante do tráfego, com Lee a dar o exemplo dos veículos em pelotão, reduzindo dessa forma os engarrafamentos.