CREL vai ser palco de testes para veículos autónomos em Portugal

11/10/2017

Dando seguimento àquele que era já um objetivo do Governo, os primeiros testes com carros autónomos em Portugal irão ter lugar num troço da Circular Regional Exterior de Lisboa (vulgo CREL), a A9, com data de início prevista para outubro de 2018.

A par com Madrid e Paris, a capital portuguesa será palco de testes do projeto AUTOCITS, apresentado hoje em Oeiras numa sessão de trabalho organizada pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) e pela empresa tecnológica espanhola Indra. A par dos testes naquela via pública, a equipa multinacional vai experimentar também veículos autónomos num serviço de vaivém entre o parque de estacionamento e vários edifícios do complexo do Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, num percurso de cerca de 500 metros.

Cristiano Premebida, do Departamento de Engenharia Eletrotécnica da Universidade de Coimbra, disse à agência Lusa que os testes vão decorrer em locais já determinados numa faixa de sete quilómetros entre a Avenida Marginal e o cruzamento da A9/CREL com a A16.

“Contamos ter veículos convencionais, instrumentalizados e autónomos”, afirmou o investigador, adiantando que os testes decorrerão em “corredores de segurança”, acompanhados por autoridades policiais, e sempre em carros com condutores a bordo. “Esperamos não ter muita interferência com outros condutores, está provado que mudam o comportamento quando percebem que estão na presença de um veículo completamente automatizado, ficam nervosos, por exemplo”, disse.

Ao longo dos percursos, serão instaladas estações de sensores e transmissão de dados de que depende o sistema de veículos sem condutor para funcionar em segurança. Obstáculos na estrada, condições meteorológicas diferentes, veículos avariados, manutenção a decorrer, veículos em marcha lenta são cenários que serão testados e que tornam essencial a comunicação entre todos os componentes do sistema.

Essas informações têm de chegar ao mesmo tempo a todos os veículos ligados ao centro de controlo de tráfego, e, num sistema automatizado, determinará ações como abrandar ou mudar de faixa.

Cristiano Premebida afirmou que ainda não está definido que tipo de testes serão feitos e que a sua complexidade dependerá do nível de maturidade e automatização dos veículos. De acordo com a informação prestada pela Lusa, irão participar carros de França, de Espanha e também um veículo modificado pela Universidade de Aveiro, estando os ensaios abertos também a empresas e marcas automóveis que queiram participar.

ANSR destaca questões legais

O especialista em Direito Rodoviário Ricardo Fonseca, da ANSR, considerou que a circulação de veículos automatizados será uma realidade generalizada “dentro de vinte a trinta anos” e destacou todas as questões legais que levanta, desde a responsabilidade dos condutores à própria definição do que é um veículo automático.

A “principal urgência legislativa” para levar mais longe estes testes e chegar a essa realidade futura é criar “legislação para permitir testes sem condutor”, defendeu.

As convenções nas quais se baseiam praticamente todas as legislações rodoviárias são de 1949 e 1968 e, desde logo, estabelecem que só podem circular veículos com condutor.

Leia aqui a nossa experiência ao volante de um Audi A7 Sportback autónomo com nível 7 de autonomia, também conhecido como Jack.

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