Foto: André Luís Alves
David Zipper, professor na Universidade de Harvard, defendeu nesta edição do Mobi Summit que os fabricantes de automóveis têm de investir mais na tecnologia para a proteção dos peões. “Gastam-se fortunas nas tecnologias dos carros elétricos, mas não é utilizada a tecnologia para os tornar mais seguros para todos”.

A tecnologia automóvel tem evoluído a um ritmo galopante, mas apesar dos avultados investimentos nesta área há quem esteja a ficar de fora no que diz respeito à segurança rodoviária. Quando se compra um carro pensa-se se é seguro para o condutor e os passageiros, mas ninguém questiona se o veículo é perigoso para quem está na rua. É nisto que acredita David Zipper, que tem publicado artigos sobre esta temática e deixou vários alertas ao início desta tarde.

“Foram desenvolvidas tecnologias para proteger as pessoas dentro dos carros, mas não para quem está lá fora. Gastam-se fortunas nas tecnologias dos carros elétricos, mas não é utilizada a tecnologia para os tornar mais seguros para todos”, alertou, numa apresentação gravada, ao início desta tarde no palco 1 do Mobi Summit. “Temos a tecnologia, mas não a estamos a utilizar”, reforçou.

Para o professor na Escola de Governo Kennedy da Universidade Harvard “não basta limitar a velocidade” e “cabe aos decisores políticos fazerem com que os fabricantes de automóveis utilizem a tecnologia para proteger quem está fora do carro”.

“Trabalho numa cidade e num país com problemas gravíssimos para peões e ciclistas. Há, todos os anos, uma série de acidentes e de mortes provocadas por esses acidentes. Porque é que tendo tanta tecnologia disponível, porque é que não a aplicamos aos carros?”, questionou, exemplificando ainda como se poderá viabilizar estas soluções.

“Porque é que não há uma tecnologia que permite o carro detetar que uma bicicleta está próxima e evitar o acidente? No fundo tudo se resume aos fabricantes de automóveis se centrarem mais nos peões. Não se investiu muito para melhorar esta indústria”, considerou.

O também colunista da Bloomberg CityLab defendeu que é preciso investir-se mais nas tecnologias que detetam se o condutor está cansaço ou alcoolizado. “O carro pode não pegar se detetar que a pessoa está sob influencia de álcool ou drogas ou se está muito cansada. Isto é possível através de tecnologias que detetam o movimento dos olhos e da cabeça”, explicou.

David Zipper lembrou ainda que “os fabricantes de automóveis americanos têm vindo a investir nisto, mas não tem sido uma grande prioridade para eles”, apesar de “morrerem pessoas todos os dias (nos EUA) por causa da condução sob efeito de álcool”.

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