“Enquanto houver movimento haverá atrito”, diz João Vasques

17/11/2021

A Repsol lançou uma nova gama de lubrificantes para veículos ligeiros. Com a inovação e a sustentabilidade presentes em mente, pretende alcançar um total de vendas superior a 300.000 toneladas até 2025, garante João Vasques, responsável pelo negócio de Lubrificantes da empresa, em entrevista ao Motor 24.

Os lubrificantes não são uma área menor dentro do universo da Repsol. Bem pelo contrário – é o mais internacional dos seus negócios. Em entrevista ao Motor 24, João Vasques, responsável pelo negócio de Lubrificantes da Repsol, explica a importância da nova gama “Elite” para veículos ligeiros e o compromisso rumo à descarbonização da empresa, prevista para 2050.

A Repsol tem um longo histórico na área dos lubrificantes e detém uma quota de 26% no mercado ibérico. Em Portugal, em 2021, a quota foi de 19%. A que se deve este reforço na aposta nos lubrificantes, nesta altura?

No mundo, existem produtos dos quais não podemos prescindir para continuarmos a manter os nossos padrões de vida e de conforto, para manter o “motor” a funcionar. Enquanto houver movimento haverá atrito e assim os lubrificantes integram este conjunto de produtos de que não podemos abdicar. Desempenham uma função única e indispensável em diversos equipamentos que utilizamos no nosso dia-a-dia. Na Repsol, utilizamos, desde sempre, tecnologia de última geração nos nossos produtos, que nos permitem estar na vanguarda da inovação, inovação essa que não está dissociada da transição energética.

As novas gamas de lubrificantes da Repsol favorecem a redução do consumo de combustível e contribuem para a redução das emissões poluentes na atmosfera. Os novos produtos, além de outras vantagens, asseguram a correta lubrificação, mesmo em veículos com uma elevada quilometragem. Quer isto dizer que, num período de transição energética, a continuação da evolução dos produtos de mobilidade, como o caso dos lubrificantes, é concernente com a estratégia de neutralidade carbónica da Repsol até 2050.

Não apenas queremos aumentar a nossa quota de mercado, como continuar a demonstrar a nossa pertinácia com a eficiência e a qualidade, mantendo a confiança dos fabricantes de veículos.

Até onde poderá chegar esta quota, no mercado nacional, nos próximos anos? Qual o objetivo?

O negócio de lubrificantes da Repsol é o mais internacional da Repsol, uma vez que tem atividade comercial em quase 80 países. O ano passado cresceu graças à sua ampla distribuição geográfica, apesar da queda na mobilidade devido aos encerramentos pandémicos mundiais. Comercializámos 193.000 toneladas de lubrificantes, um crescimento de 40% em relação a 2015, muito fruto desta internacionalização do negócio.

A aquisição de 40% da empresa mexicana Bardahl em 2018 e, em 2019, 40% da United Oil, sediada em Singapura com duas fábricas na Indonésia e Singapura, representou um passo em frente na estratégia de crescimento. 30% do volume vendido foi obtido através destas duas empresas investidas em 2020. Este ano, queremos consolidar esta expansão internacional, concentrando-nos nos mercados prioritários, que contemplam, obviamente, Portugal, mas também Espanha, França, Itália, Roménia, Indonésia, México, Tailândia, Colômbia, Peru e Brasil.

O objetivo é atingir um total de vendas de lubrificantes de mais de 300.000 toneladas até 2025.

Considera o mercado português de lubrificantes maduro? É distinto do espanhol? Ou são realidades semelhantes? Porquê?

A Repsol lidera as vendas de lubrificantes na Península Ibérica, com uma quota de 26% em Espanha e 19% em Portugal em 2020. Ambos os mercados têm as suas próprias características, desde logo, pelo tipo de embalagens comercializadas. Contudo, os dois trabalham de uma forma bastante estreita, por forma a potenciar as valências de ambos os países e conseguir uma oferta versátil e integrada em termos ibéricos.

Nos países europeus, como é o caso de Portugal e Espanha, o setor automóvel é responsável por grande parte do consumo de lubrificantes. Atualmente, os consumos específicos de combustível dos atuais motores são muito inferiores e o consumo de lubrificantes diminuiu numa proporção maior, isto devido não apenas à maior eficiência dos motores, mas, essencialmente, às características extraordinárias dos atuais lubrificantes para motor, com um grande desenvolvimento tecnológico, que permite prolongar a utilização dos mesmos e melhorar o desempenho ambiental.

Em ambos os países, o que distinguirá a oferta é o valor acrescentados dos produtos, a capacidade de acompanhar as necessidades das várias indústrias e a componente ambiental. Estamos a trabalhar nestes três vetores para entregar os melhores produtos do mercado, como temos feito.

A Repsol lançou, recentemente, uma nova gama de lubrificantes para veículos ligeiros. Quais as suas principais caraterísticas? E quais as expetativas em termos de vendas em Portugal?

Em setembro, anunciámos uma nova gama de lubrificantes para veículos ligeiros, com um novo impulso em toda a sua vertente, desde a configuração das embalagens, até à simplificação da própria oferta de produtos.

Simplificámos a gama de lubrificantes para veículos ligeiros de sete sub-gamas (Elite, Hybrid, Carrera, Premium, Perfomance, AutoGas e Single G) para quatro (Master, Elite, Leader e Driver). Formulados com a tecnologia mais avançada, os novos lubrificantes Repsol contam com a homologação formal dos fabricantes de veículos, o que representa um selo de qualidade, garantia e confiança.

Em relação às vendas, a nossa expectativa é elevada, pelo cariz internacional do próprio negócio. A distribuição desta nova gama de lubrificantes para veículos ligeiros será feita a partir das fábricas de produção da Repsol em Puertollano, Singapura, Indonésia e México, pelo que estamos bastante otimistas com o impacto das vendas desta gama renovada. Em Portugal, podem ser encontradas nas Estações de Serviço da Repsol, distribuidores oficiais e oficinas especializadas.

Esta aposta é acompanhada pela renovação da imagem das embalagens e por uma maior atenção “ecológica” na utilização dos materiais. Explique-me um pouco este processo…

As novas embalagens de lubrificantes para veículos ligeiros têm 10% menos plástico, têm menos peso, menos volume – sendo por isso mais fáceis de transportar -, ao mesmo tempo que são mais sustentáveis e ergonómicas, mantendo a mesma qualidade, resistência e funcionalidade. Destacamos, por exemplo, o facto de serem mais ergonómicas e mais fáceis de manusear, devido à pega lateral ou a unificação e normalização das tampas para facilitar o verter para o motor.

A pensar nos Clientes, atualizámos também a forma de identificar as embalagens, através da sua reordenação por cores distintas: dourado, azul, prateado e cinza para os veículos ligeiros, laranja para os motociclos e negro para os veículos pesados. A nova embalagem inclui também etiquetas mais atrativas com novos selos e informações técnicas que facilitam a compra.

A transformação das embalagens acompanha o compromisso da Repsol em tornar-se uma empresa com zero emissões em 2050 e com práticas mais sustentáveis. Estas embalagens são produzidas com um material que tem origem em resíduos plásticos reciclados, incorporados em resinas virgens, sendo por isso mais ecológicas.

A sustentabilidade, de resto, está na agenda da Repsol, que tem manifestado a sua intenção de reduzir a emissão de CO2. O que está a ser feito, nesse sentido, em termos de produção e de transportes?

Sim, de facto, a Repsol tem liderado pelo exemplo no que à transição energética diz respeito. Fomos a primeira empresa do setor a assinar o Protocolo de Kyoto e também pródigos a assumir o desígnio de neutralidade carbónica até 2050.

Como companhia, acreditamos que a descarbonização da economia deverá ser alicerçada na multienergia, na economia circular, sem negligenciar nenhuma ciência e com a máxima neutralidade tecnológica.

O quadro definido no Plano Estratégico para 2021-2025 foca-se numa combinação da eletrificação com produtos de baixo teor carbónico, para atingir uma descarbonização eficaz, sustentável e acessível da economia, tendo por base as vantagens competitivas da Repsol.

Em outubro, no Low Carbon Day, anunciamos novos objetivos para acelerar a nossa transformação e tornarmo-nos uma empresa de zero emissões líquidas até 2050. Reforçámos as metas de geração renovável e de redução de emissões da companhia, bem como o aumento dos investimentos em soluções de baixo teor de carbono para acelerar a transformação até 2030. Vamos destinar mais mil milhões de euros a projetos de baixo carbono no período 2021-2025, até um total de 6,5 mil milhões de euros.

Na área de negócio de Cliente, onde os Lubrificantes se inserem, vamos continuar focados em satisfazer as necessidades energéticas e de mobilidade dos nossos clientes, com produtos mais ecológicos, eficientes e versáteis. Tudo o que temos feito, de forma global em todas as vertentes de negócio, e em particular na área dos lubrificantes, está alinhado com o nosso compromisso sustentável, com os objetivos do Acordo de Paris e com a transição energética. Como referi no início da entrevista, não podemos deixar o motor parar de rolar, independentemente do tipo de motor.