Este ano há menos mosquitos no para-brisas do seu carro. E isso não é bom

15/05/2022

Pode não ter reparado, mas todos os anos há menos insetos para limpar no para-brisas do seu carro após uma viagem. E isso não é propriamente uma boa notícia.

Dependendo da zona e estação ano em que viaja pode encontrar todo o tipo de insetos colados ao para-brisas, capô e matrícula do seu carro. É verdade que não é bonito, nem saudável para a pintura do automóvel, mas o problema é que são cada vez menos. E isso está a alarmar os ambientalistas.

Foi criada uma aplicação para smartphone, com o nome ‘Bugs Matter’, para compilar o número de insetos que ficam esmagados nos carros no fim de cada viagem. A ideia é dar resposta à falta de dados científicos sobre este tema, oferecendo uma ferramenta simples para a monitorização do fenómeno e com o objetivo de demonstrar que a diminuição do número de insetos é motivo de preocupação.

Um estudo realizado no Reino Unido revelou que o número de insetos voadores esmagados em veículos caiu 58,5% entre 2004 e 2021, usando este método de contagem.

“É dramático e alarmante”, diz Matt Shardlow da Buglife, a associação que liderou o trabalho que convidava os condutores britânicos a procederam à contagem de mosquitos e outros animais presos nas matrículas limpas dos seus carros e introduzirem esses números na App ‘Bugs Matter’, juntamente com a rota e as características do veículo. Ao dividir o número de insetos pela distância percorrida, os especialistas conseguiram chegar a uma unidade de medição. As conclusões apontam para uma diminuição crítica do número de invertebrados nas duas últimas décadas, o que ameaça o ecossistema.

“Eles polinizam a maioria das plantações do mundo, fornecem serviços naturais de controlo de pragas, decompõem matéria orgânica e reciclam nutrientes no solo. Sem eles não poderíamos cultivar cebola, brócolos, pimentão, a maioria dos tomates, café, cacau, a maioria das frutas, girassóis, e a demanda por fibras sintéticas aumentaria porque as abelhas polinizam o algodão e o linho. Os invertebrados são a base das cadeias alimentares e fornecem alimento para animais maiores, incluindo pássaros, morcegos, répteis, anfíbios, peixes e mamíferos terrestres”, explicam os responsáveis da New Scientist.

A taxa de declínio apresentada neste estudo é semelhante à relatada por um outro levantamento de 2017, que registava uma queda de 76% na biomassa de insetos voadores na Alemanha em 27 anos.

Esse declínio, especialmente das abelhas, levou empresas como a Wallmart a registar uma patente para drones polinizadores, equipados com câmaras minúsculas para ajudar a identificar os locais das culturas que precisam ser polinizadas.

De acordo com dados da Comissão Europeia, quatro em cada cinco culturas e flores na UE dependem de insetos para polinização.