Um grupo de especialistas concluiu que a nova vaga de carros que se conduzem sozinhos não conseguirá evitar a maioria dos acidentes rodoviários.

Só nos Estados Unidos, estima-se que quase 100 mil colisões todos os anos sejam causadas por condutores que adormeceram ao volante. E a esperança é que, com a democratização da tecnologia de condução autónoma, números como este possam baixar drasticamente

Contudo, um novo estudo realizado pelo Insurance Institute for Highway Safety (IIHS) revela que este tipo de veículos não conseguirá prevenir a maioria dos acidentes provocados por erro humano, a causa para 94% do total de sinistros nos Estados Unidos. Mais: de acordo com aquele grupo de especialistas, apenas um terço do total de acidentes serão evitados.

O estudo explica que os veículos autónomos, com toda a tecnologia à disposição, estarão preparados para identificar perigos e reagir de forma mais rápida do que os humanos, ao mesmo tempo que as distrações ao volante ou a condução sob o efeito de álcool ou outras substâncias proibidas podem deixar de ser um problema. Mas que há outro tipo de desafios na estrada a que dificilmente poderão responder.

“Ainda nos vamos deparar com algumas questões críticas, mesmo se os carros autónomos podem reagir de forma mais rápida do que os humanos em determinadas situações, a verdade é que estes veículos não têm a capacidade de responder de forma instantânea”, explicou Jessica Cicchino, vice-presidente do instituto e coautora do referido estudo.

A equipa do IIHS estudou mais de 5.000 acidentes e as causas detalhadas nos criteriosos relatórios da National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), dividindo-os em categorias, separando aqueles que tiveram origem em erros de comportamento, como as distrações, as falhas de visibilidade ou a falta de reação atempada perante um obstáculo, dos causados por “incapacidade”, causados por condutores que conduziam sob o efeito de álcool ou estupefacientes, com situações médicas graves ou que adormeceram ao volante. E concluiu que todos estes tipos de sinistros poderiam ser evitados com recurso à tecnologia de condução autónoma.

Contudo, de fora do alcance dos carros autopilotados estarão os erros de avaliação e planeamento, que inclui um mau cálculo da velocidade a que circula outro veículo na via, velocidade excessiva para as reais condições climatéricas ou do piso ou manobras de risco.

“Veículos autónomos precisam não só de perceber tudo o que está à sua volta, mas também de reagir a tudo o que os rodeia”, completou Cicchino.

De acordo com aquela especialista, o nível de eficiência do carro autónomo dependerá da forma como este está programado, acreditando-se que mais acidentes serão evitados se cumprirem todas as regras de trânsito, incluindo os limites de velocidade. Contudo, os sistemas de inteligência artificial permitem que estes se movimentem respondam mais como humanos, o que aumenta o risco.

“Construir veículos autónomos que conduzem como as pessoas será um enorme desafio”, referiu Alexandra Mueller, também especialista do IIHS.