EUA querem banir carros conectados com software da China e Rússia

25/09/2024

Os Estados Unidos podem vir a proibir a venda de automóveis conectados com software com origem na China e na Rússia. A proposta foi ontem apresentada pelo Departamento de Comércio dos EUA.

 

De acordo com a proposta, a utilização de software e hardware chineses em veículos conectados nos Estados Unidos pode vir a ser proibida. A Administração Biden evoca motivos de segurança nacional para dar este passo.

O regulamento planeado forçaria ainda os construtores americanos e outros grandes fabricantes de automóveis a remover o software e hardware chinês dos seus veículos.

Se for promulgada, a regra centrar-se-á nos veículos que podem recolher dados dos condutores e passageiros, bem como informações sobre as infraestruturas dos EUA.

A proibição inclui a importação ou venda de sistemas concebidos, desenvolvidos, fabricados ou fornecidos por “entidades” consideradas como tendo uma ligação estreita com a China ou a Rússia. A ser aprovada, aplicar-se-á aos veículos do ano modelo 2027.

Em causa está a importação e a venda de veículos que utilizem as caraterísticas de conetividade desenvolvidos pela China e Rússia, seja através de Bluetooth, telemóvel, satélite ou Wi-Fi.

“Quando adversários estrangeiros criam software para fabricar um veículo, isso significa que ele pode ser usado para vigilância, pode ser controlado remotamente, o que ameaça a privacidade e a segurança dos americanos na estrada”, disse a secretária de Comércio norte-americana aos jornalistas.

Gina Raimondo garantiu que, “numa situação extrema, um adversário estrangeiro poderia desligar ou assumir o controlo de todos os seus veículos que operam nos Estados Unidos, causando simultaneamente acidentes e bloqueando estradas”.

Também vai ser proibida a importação e venda dos veículos com condução autónoma provenientes da China e da Rússia. Esta medida abrangerá também os modelos produzidos nos Estados Unidos, mas que utilizem tecnologia oriunda desses países. A medida poderá ser alargada a outros adversários dos Estados Unidos.

Pequim já reagiu à proposta da Administração Biden, com o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, a afirmar que a China insta Washington “a respeitar os princípios do mercado e a proporcionar às empresas chinesas um ambiente empresarial aberto, justo, transparente e não discriminatório. A China salvaguardará firmemente os seus direitos e interesses legítimos”.

Citada pela Agência Reuters, a Alliance For Automotive Innovation, um grupo que representa os principais fabricantes de automóveis, incluindo GM, Toyota, Volkswagen e Hyundai, disse que alguns fabricantes de automóveis podem precisar de mais tempo para cumprir.

Há “muito pouco” hardware ou software de veículos conectados “que entra nos EUA a partir da China. Mas esta regra exigirá que os fabricantes de automóveis, em alguns casos, encontrem fornecedores alternativos”.