Max Mosley, ex-presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA), morreu com 81 anos de idade, depois de perder uma dura ‘batalha’ contra o cancro. Por vezes polémicos, o britânico foi um dos responsáveis pelo aumento da segurança no mundo automóvel, em especial na Fórmula 1, atuando de forma decisiva após as mortes de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna, em 1994.

Nascido a 13 de abril de 1940, Max Mosley cresceu numa família abastada e com ligações à política, sendo filho de Sir Oswald Mosley, antigo líder da União Fascista Britânica, facto que, apesar de não lhe ser diretamente imputado, acabou por impedi-lo de perseguir uma carreira política ao mais alto nível. Doutorado em advocacia, foi essa a profissão que exerceu durante uma boa parte da sua vida profissional, dividindo-a com a paixão do automobilismo.

Neste campo, foi um dos fundadores da extinta March Engineering, que participou na Fórmula 1 ainda durante alguns anos. Mas, foi noutros papéis naquela modalidade que Max Mosley começou a dar cartas – juntamente com Bernie Ecclestone, representou a Associação de Equipas de Fórmula 1 (FOTA) face à Federação Internacional do Desporto Automóvel (FISA), entidade reguladora do automobilismo na FIA.

Em 1991, assumiu o comando da FISA e apenas dois anos depois assumiu o lugar do polémico Jean-Marie Balestre na presidência da FIA. Além de liderar a revolução da segurança na Fórmula 1 após as mortes de Ratzenberger e de Senna em maio de 1994 – impondo muitas soluções e regras de construção dos monolugares que ditaram uma segurança exponencialmente superior –, ajudou também na imposição de novos standards de segurança nos automóveis de estrada, sendo preponderante no programa de testes de colisão da Euro NCAP.

Foi também da sua autoria as primeiras ideias da hibridização da Fórmula 1, com os monolugares a estrearem em 2009 o sistema KERS (Kinetic Ennergy Recovery System), que introduzia uma componente de eletrificação aos motores de combustão daquela época, que coincidiu com a grande crise financeira que levou muitas das marcas a abandonarem ou a reverem ‘por baixo’ a sua participação no desporto automóvel. Só na Fórmula 1, em poucos meses abandonaram a Honda, a Toyota e a BMW.

Em 2008 dá-se o último grande caso polémico de Mosley, com a notícia do tabloide britânico News of the World de que o Presidente da FIA tinha estado envolvido em jogos sexuais com conotações ao seu passado fascista, nomeadamente Nazi. A história causou um grande impacto na reputação de Mosley, pese embora a sua ação judicial contra o jornal tenha sido bem-sucedida, ganhando o caso contra o jornal. Porém, com a sua reputação e popularidade em baixo, abdicou do seu lugar em 2009, sendo substituído pelo atual Presidente, Jean Todt.

Numa declaração oficial, Todt diz estar “profundamente triste” pela morte do seu antecessor, que considerava “uma das maiores figuras da F1 e do desporto motorizado. Enquanto Presidente da FIA ao longo de 16 anos, contribuiu fortemente para o reforço da segurança nas pistas e nas estradas”.