Num mundo automóvel cada vez mais elétrico, conectado e autónomo, onde não faltam inúmeras soluções de mobilidade, como antevê uma seguradora o futuro do seu negócio? Para Paulo Figueiredo, diretor da área automóvel da Fidelidade, a resposta é simples: “fazendo parte da evolução” e caminhando para a criação de um seguro de mobilidade. “O automóvel, como meio de transporte individual, tende a perder, de forma muito expressiva, o papel central que adquiriu, como meio de transporte privilegiado para as jornadas de mobilidade dos cidadãos”, começa por explicar o responsável.
A perda do peso do automóvel entre as opções dos cidadãos, na sua opinião, decorre de uma “perda de apetite pela aquisição de veículos por parte das gerações mais novas”. Além disso, as faixas etárias mais jovens da sociedade atribuem, hoje, uma maior importância a temas como a “sustentabilidade e a ecologia, em especial, os relacionados com a necessidade de reduzirmos a poluição e o ruído nas cidades e com as emissões de gases que contribuem para o efeito de estufa”. Por outro lado, acrescenta Paulo Figueiredo, “também assistimos ao crescimento do peso de instrumentos de economia partilhada (de que são exemplo o carsharing ou mesmo a partilha de boleias), que vieram para ficar e que são dificilmente enquadráveis numa visão mais tradicional sobre a mobilidade”, acrescenta.
Na sua perspetiva, atualmente, é evidente que “as jornadas de mobilidade são caracterizadas pela diversidade, no sentido em que os cidadãos utilizam múltiplos canais para efetuar o seu transporte, sejam de bicicleta (elétrica ou não) ou de trotinete”.
Ecossistema de mobilidade
Paulo Figueiredo acredita que o conceito de mobilidade urbana está em processo de mutação. “Neste contexto de florescimento de meios de mobilidade alternativa, mas, também, de desenvolvimento de veículos conectados (que, necessariamente, levarão ao desenvolvimento de uma tecnologia de redução de acidentes e mesmo ao aparecimento de veículos sem condutor) e de redesenho das próprias infraestruturas rodoviárias, de molde a permitir a sã convivência desta revolução que apenas mal se começa a desenhar, é natural que estando o futuro do automóvel a ser questionado, também tenhamos de questionar o futuro do seguro automóvel”, reconhece. E vai mais longe. “É nesse sentido que começamos a falar na construção de um seguro de mobilidade; ou de forma mais alargada, da construção de um ecossistema de mobilidade, onde esta, verdadeiramente, começa a ser pensada mais como um conjunto de serviços do que como um seguro isolado. Os serviços de seguro não esgotam os que queremos prestar com a construção desse ecossistema”, revela. “Com este enquadramento”, refere, “faz todo o sentido que o seguro tenha apetência para cobrir as jornadas diárias de mobilidade dos nossos clientes, com independência dos meios de transporte que eles utilizem para concretizar a sua necessidade de mobilidade”.