Fim à vista para escassez dos semicondutores na indústria automóvel

27/12/2022

Os últimos três anos não têm sido fáceis para a indústria automóvel que, crise após crise, vai acumulando impactos da conjuntura internacional. A pandemia trouxe consigo uma travagem a fundo na economia, forçou ajustes na produção e, com isso, os fabricantes diminuíram, numa primeira fase, as encomendas de semicondutores amplamente utilizados nos veículos modernos.

 

“Para se ter uma ideia, [antes] um automóvel mais convencional teria qualquer coisa como 120 a 150 semicondutores e hoje facilmente ultrapassa os 300”, contextualiza Hugo Barbosa, diretor de comunicação da Renault Portugal. A prudência na redução das compras de chips foi o ponto de viragem para o que viriam a ser três anos marcados pela escassez de um componente essencial em várias indústrias, nomeadamente a das tecnologias de informação.

Ao mesmo tempo que o setor moderava a procura, sucessivos confinamentos e o impulso dado pela covid-19 à transição digital fizeram disparar o consumo de equipamentos tecnológicos, dos computadores às placas gráficas, do armazenamento às comunicações. “Quando a indústria automóvel quis voltar a um ritmo normal já não havia capacidade de produção disponível dos fabricantes de semicondutores”, aponta Sylvain Derivry, especialista no mercado e partner da Deloitte Portugal. A consequência passou por uma necessária adaptação das linhas de montagem, com a redução da produção, a implementação do lay-off e a alteração dos produtos finais.