Marine Le Pen identifica-se com “o patriotismo económico e com o protecionismo inteligente” de Donald Trump e afirma que está disposta a pressionar a indústria automóvel francesa, nomeadamente a Renault e o Grupo PSA.

As ameaças fiscais de Donald Trump à indústria automóvel nos EUA que pretenda deslocar a produção para outros países estão a fazer escola.

Marine Le Pen, a candidata da Frente Nacional à presidência da França afirmou numa entrevista à televisão France 2 que admira a política de Donald Trump em relação à globalização e à deslocalização de fábricas dos EUA para outros países: “Não me importo nada de explicar às empresas francesas que elas não podem escapar aos impostos que deviam estar a pagar em França e dizer-lhes que não podem deslocar as fábricas ou ir para off shores sem sofrerem as consequências. Há uma escolha que tem de ser feita, a escolha do patriotismo.”

Os construtores franceses como a Renault, a Peugeot ou a Citroen há muito que têm fábricas no estrangeiro, em países como a Rússia, Espanha ou Portugal, onde é montado o Citroen Berlingo na fábrica de Mangualde.

O discurso em favor do protecionismo e contra a globalização tem ajudado Marine Le Pen a posicionar-se com uma das favoritas à vitória nas próximas eleições para o Eliseu. Mas a candidata da extrema direita não é a única a comungar da visão de Trump. Também o socialista Arnaud Montebourg e o independente de esquerda Jean-Luc Melenchon já defenderam publicamente as posições de Trump em relação á indústria automóvel norte-americana e pretendem que os construtores franceses sejam obrigados a fabricar em França.

Proteccionismo ou liberalismo ?

Visão diferente tem François Fillon, o candidato que lidera as sondagens na corrida ao Eliseu. Ele defende a liberalização da indústria automóvel e pretende que o Estado se livre da participação de 20 por cento que tem na Renault, afirmando que “Não é o controlo do Estado que vai impedir as empresas de se deslocarem para outros países. Temos é de melhorar a competitividade nacional e tornar a França um país mais atraente para o investimento.”

Por seu turno, Donald Trump continua a sua cruzada no Twitter ameaçando os construtores que pretendam instalar fábricas no México com taxas fronteiriças de 35 por cento. Ford, Toyota, General Motors e BMW foram algumas das marcas visadas pelos tweets de Trump que estão a preocupar um dos mais competitivos setores da economia americana. Para já, a pressão do futuro presidente dos EUA parece ter demovido a Ford a instalar uma fábrica no México e conseguiu provocar uma quebra de 35 por cento no valor das ações da Toyota, no dia em que Trump avisou o maior construtor do mundo que se levasse a fábrica do Corolla/Camry para o México, passaria a pagar 35% de imposto de importação.