Manta A: O Camaro europeu

03/05/2023

Quando a Ford Motor Company lança o Ford Mustang em 1964, a resposta da General Motors surge com o lançamento do Chevrolet Camaro. Mais tarde, assistimos a uma adaptação europeia deste duelo: depois do lançamento do Ford Capri em 1969, segue-se a resposta da General Motors no ano seguinte com o Opel Manta.

Mesmo sem ter a ousadia estilística do GT (Corvette europeu?), que já se encontra no catálogo Opel, o Manta seduz logo a imprensa e o público, com as suas linhas elegantes e desportivas que lhe permitem distinguir-se da berlina Ascona que lhe serve de base.

Do ponto vista mecânico, é o familiar da Opel, conhecido em Portugal como 1604, que fornece os motores das primeiras versões deste novo coupé: o 1600 de 68 cavalos, o 1600s de 80 cavalos e o 1900 de 90 cavalos.

Quanto ao habitáculo, digamos que é… germânico. Ou seja, bem construído, completo, mas austero, todo preto, sem elementos mais desportivos ou fantasias mais latinas. Ah sim, peço desculpa: esqueci-me do quadrante e a sua magnífica imitação de madeira…

Os bancos de trás permitem levar duas crianças confortavelmente (sim, crianças e não adultos), sendo que a mala é suficientemente generosa para levar algumas bagagens, o que para um coupé não é nada mau.

Dito isto, é fácil perceber que o Manta apresenta-se ao mercado mais virado para os condutores do que para os pilotos. Não se trata aqui de bater recordes de velocidade! O Manta é um automóvel para todos os dias, confortável, quase familiar mas com o charme de um coupé.

A partir de 1972, a Opel decide tornar o Manta mais acessível, propondo uma versão com o motor 1200 de 60 cavalos do Kadett e um equipamento mais reduzido.

Mas no ano seguinte, a Opel segue também o caminho inverso, pois não convém deixar-se distanciar pela concorrência do segmento, a começar pelo Capri, que propõe motores mais potentes. E quando alguns esperavam ver o seis cilindros do Commodore para seguir o ritmo do V6 do rival Ford, a Opel opta pela colocação de uma injecção Bosch no motor 1900 e assim atingir os 105 cavalos.

A vocação desportiva desta nova versão denominada GT/E torna-se mais visível, com um spoiler dianteiro maior e umas pinturas de guerra em preto mate no capot e nas laterais do Manta.

O Manta A despede-se em 1975, com uma versão “Black Magic”, baseada no GT/E, com uma pintura preta e linhas amarelas/laranja a contrastar. É substituído no mesmo ano pelo Manta B.

Apesar de um certo sucesso comercial, não é fácil hoje em dia encontrar um Opel Manta A em bom estado de origem, devido à corrosão e a algumas modificações (mais ou menos felizes) que muitos sofreram. Felizmente, o motor é particularmente robusto!

Seja qual for a cilindrada ou versão do Manta (SR ou mesmo GT/E), não espere um desportivo puro e duro. Não é esse o espírito. No entanto, o Manta constitui uma excelente escolha para quem quiser um clássico elegante, polivalente e fiável. Um poney car do lado de cá do Atlântico.