Tal como tantos outros automóveis emblemáticos que foram capazes de caracterizar a sua própria época, desde a sua estreia, no início dos anos de 1960, o Quattroporte tem sido aclamado, reunido consensos, e inspirado sucessivas gerações. Capaz de se reinventar sem receio de ser ousado, sempre fiel na procura pela excelência em termos de design e performance, é o reflexo de uma marca que – com mais de um século de história, e mais de 75 mil exemplares do Quattroporte produzidos – tem conseguido criar um automóvel que é permanentemente inovador, ao mesmo tempo mantendo-se inalterado ao longo dos anos.
Dos avanços estilísticos às inovações e aos desenvolvimentos técnicos – tudo características essenciais de um automóvel que atravessou com sucesso dois séculos –, o Quattroporte encerra, num único modelo, uma viagem a uma das partes mais exclusivas do mundo automóvel. A berlina desportiva de luxo há muito que representa uma vertente muito específica da sociedade ao volante, e um segmento significativo do mercado automóvel.
Nascido enquanto resultado da intuição e da audácia que fazem sempre parte dos maiores sonhos, o Quattroporte da primeira geração foi pioneiro, com o seu poderoso motor de 8 cilindro derivado da competição, reforçado por um design dinâmico, porém elegante, e um requinte interior que não lhes ficava atrás.
Posicionado, ao longo dos anos, como uma sala de estar em movimento, como uma limusine com um espírito de competição – o modelo original conseguia atingir 230 km/h de velocidade máxima –, como um automóvel majestoso, devido ao seu espaço extremamente acolhedor, ao seu encanto régio, e à sua perfeição enquanto viatura de representação, o Quattroporte esteve sempre acostumado às luzes da ribalta, desde que foi destinado a gerar uma afortunada linhagem de automóveis que, ainda hoje, são capazes de surpreender.
É o guardião das paixões e dos talentos daqueles que trabalharam no projecto ao longo dos anos – Frua traçou a curvatura inicial, seguido por outros mestres do calibre de Bertone, Giugiaro, Gandini e Pininfarina, até ao Maserati Centro Stile, a casa onde foi criada a mais recente e atual geração do Quattrroporte. Entretanto, com uma família inteira de técnicos, mecânicos, pilotos de teste e designers a levá-lo da fase de projecto até à estrada, o Quattroporte tem sido, e continua a ser, a joia da coroa da intensa história do fabricante de Modena, e da vida profissional de tantas, e tantas, pessoas.Seja enquanto uma absoluta novidade que rompeu a serenidade do seu tempo, como o foi quando do seu nascimento; uma tentativa mais ousada, e menos memorável, como na segunda geração; um rotundo sucesso – o Quattroporte III, na mãos de De Tomaso; um novo desafio totalmente superado, no final dos intensos anos de 1990; um modelo que cortou laços com o passado, ao mesmo mantendo-se fiel à sua fórmula vencedora, como aconteceu com a multipremiada geração de 2003; ou aquele que volta a subir aos palcos na sua mais moderna versão, tanto anos depois, após todos os restylling, progressos em termos de engenharia, mudanças na estrutura empresarial e inúmeras unidades produzidas, a berlina por excelência manteve a sua poderosa abordagem de exclusividade, acima de tudo o resto.
Nas garagens dos automobilistas mais exigentes, de reis e príncipes, no pano de fundo de filmes memoráveis (tendo participado em mais de 60 produções), fotografado nas passadeiras vermelhas, ou acompanhando os mais altos dignatários em eventos solenes, e os mais significativos VIP da indústria, o Quattroporte foi um esteio fundamental do panorama automobilístico no século XX, e assim continua a ser no novo milénio. Sessenta anos mais tarde, e depois de ter percorrido incontáveis quilómetros, continua a sua jornada enquanto uma estrela incontestada do seu tempo.