Foto: Marinha Portuguesa
Continua à deriva a cerca de 90 milhas náuticas a sudoeste dos Açores, no Atlântico, o cargueiro Felicity Ace que se incendiou com quase 4000 automóveis a bordo. Nas contas preliminares dos analistas, as previsões apontam para prejuízo de milhões de euros em automóveis destruídos.

A 16 de fevereiro, o navio cargueiro com bandeira do Panamá incendiou-se ao largo da costa dos Açores. O Felicity Ace fazia a viagem da Alemanha para os EUA, transportando automóveis novos das marcas do Grupo Volkswagen. Fontes próximas do consórcio revelam que estarão a bordo 3965 automóveis, dos quais 1100 serão da Porsche e 189 da Bentley. A Lamborghini não divulgou o número de desportivos em risco.

As autoridades portuguesas resgataram todos os 22 tripulantes do navio, mas as chamas continuam a fazer estragos.

Não há informações detalhadas sobre os modelos específicos afetados, mas vários analistas de seguradoras, com base nas informações oficiais já recolhidas, estimaram os prejuízos. A Skytek, por exemplo, calculou perdas de mais de 440 milhões de euros.

Números muito semelhantes aos estimados pelos especialistas da Russel, que afirmam que podiam estar no navio bens avaliados em mais de 430 milhões de euros; 400 milhões são respeitantes a carros de luxo.

“Estes números mostram mais uma vez a precariedade das cadeias de abastecimento”, disse Suki Basi, diretor da Russell Group, em declarações reproduzidas no site Automtive News Europe. “Este incidente surge numa má altura para os fabricantes de automóveis, que estão a braços com uma crise nas cadeias de abastecimento de semicondutores, o que resulta em novos atrasos na construção de carros. Um acontecimento destes não vai reforçar a confiança dos consumidores”.

Esta terça-feira, a Marinha Portuguesa divulgou a situação do navio e explicou que o mesmo continua à deriva ao largo dos Açores, mas a ser monitorizado.

“O navio patrulha oceânico NRP Setúbal, da Marinha Portuguesa, permanece no local a acompanhar a situação, como garante da segurança da navegação e vigilância da poluição do meio marinho, monitorizando permanentemente a estabilidade do navio. Até ao momento não foi detetado qualquer foco de poluição no mar. É visível a saída de fumos brancos do navio, que diminuíram consideravelmente”.

Na quinta-feira um helicóptero da Força Aérea levará uma equipa de peritos a sobrevoar o navio para analisar as possibilidades de reboque.

A causa do fogo permanece desconhecida e, segundo um comunicado de imprensa divulgado ontem, não existem até ao momento derrame de combustível ou óleo para o mar e a “embarcação permanece estável”.