É sabido que muitas vezes os construtores automóveis compram veículos de marcas concorrentes para explorar os seus segredos e foi isso que a Toyota fez relativamente à Tesla, agarrando num Model Y e desmontou-o, peça a peça.
De acordo com o Automotive News, que avança com a história, os engenheiros nipónicos ficaram impressionados com a estrutura simples e eficiente do Model Y.
Citando um executivo da Toyota, o Automotive News refere que, uma vez removida a carroçaria do Model Y, “era verdadeiramente uma obra de arte. É inacreditável”.
De acordo com este relato, os técnicos japoneses ficaram particularmente impressionados como as últimas versões do Model Y eram diferentes por baixo da pele da carroçaria em comparação com as versões anteriores que pareciam iguais, vistas por fora.
Os engenheiros da Toyota destacaram os avanços na produção entre as versões mais antigas e recentes do modelo da Tesla, visíveis, designadamente, no uso de giga fundido para eliminar inúmeras peças e suportes, e a bateria estrutural que atua como piso do próprio veículo.
Esta filosofia de “menos é mais” seguida pela Tesla levou a que a Tesla – segundo os cálculos da Toyota – possa ter conseguido eliminar centenas de peças e até 100 kg de peso, ao mesmo tempo que logrou aumentar a autonomia da bateria e ter reduzido os custos de produção.
A estratégia de reduzir a complexidade dos procedimentos permite que a Tesla ganhe, em média, mais de US$ 9.700 de margem bruta em cada veículo. Quase 8 vezes mais do que a Toyota, que ganha menos de US$ 1.300 por veículo.
Considerando que a Toyota é o maior fabricante mundial de veículos e com uma inquestionável e sólida experiência em produzir automóveis robustos e eficientes, os comentários ganham ainda mais relevo.
De acordo com o Automotive News, um executivo da Toyota terá assumido estarem perante “uma filosofia de fabrico totalmente diferente”, referindo-se ao método de construção da Tesla, através das Giga Press que criam quase um monobloco solidário e homogéneo.
Essa técnica de construção a que a Tesla recorre passa por peças fundidas de enorme dimensão, de corpo único, substituindo centenas de peças e as suas respetivas uniões.
Há cerca de dois anos, a Tesla revelou fotos e esquemas desses novos componentes, de bloco único, comparando a secção inferior traseira do Model 3 (à esquerda), com 70 peças de metal diferentes, com a do Model Y (à direita), com apenas duas grandes peças.
Tesla Model 3
Tesla Model Y
A Toyota vendeu 2,6 milhões de veículos híbrido no ano 2022, mas apenas 24.466 veículos elétricos a bateria (BEV) no mundo no ano passado; a Tesla entregou 1,3 milhão de veículos elétricos em 2022.
Mediante esta constatação do minimalismo utilizado por Elon Musk nas suas fábricas para a montagem dos Tesla, somada ao facto de a Toyota, apesar do seu longo historial em híbridos, ainda ter uma gama limitada de BEV (bZ4X, Proace City Electric, Proace City Verso Electric, Proace Electric e Proace Verso Electric), outro executivo terá assumido que o construtor japonês necessita “de uma nova plataforma dedicada para EV, projetada a partir de uma folha em branco”.
Declarações alinhadas com o pensamento do novo “timoneiro” japonês: “Para oferecer BEVs atraentes a mais clientes, devemos otimizar a estrutura do veículos. Com uma mentalidade de pensar nos ‘BEV primeiro’, devemos mudar drasticamente a maneira como fazemos negócios”, salienta Koji Sato.
