Texto: João Ouro
A propulsão elétrica do novo SUV Tang é dada pela ação conjunta de dois motores, um à frente (de 180 kW) e outro na traseira (200 kW), ambos a gerarem uma potência combinada de 380 kW (517 cv) e binário máximo de 700 Nm. A velocidade máxima anunciada atinge 190 km/h e a aceleração até 100 km/h é cumprida em apenas 4,9 segundos.
As melhorias efetuadas na aerodinâmica, inclusive com jantes em liga leve de 21” e pneus Michelin Pilot Sport 4, apontam para consumo energético inferior ao do da geração anterior, tendo sido alargada a respetiva autonomia – agora de até 530 quilómetros, sensivelmente -, algo que também se deve à maior capacidade da bateria com 108,8 kWh (antes 86,4 kWh).
A referida bateria LFP (lítio-ferro-fosfato) é desenvolvida pela própria BYD, incluindo arrefecimento por líquido, tendo 24 módulos individuais, estes alojados em estrutura de alumínio e aço de elevada resistência, como parte integrante no piso do chassis, por camadas e com perfil do tipo lâmina (daí a designação Blade Battery), o que garante, diz a marca, maior durabilidade, outro desempenho e acrescida estabilidade térmica.
Nos postos de carga rápida, a potência máxima é de até 170 kW (DC; de 10% a 80% em cerca de 46 minutos), enquanto o carregador trifásico (AC) de bordo é de 11 kW, existindo ainda a função V2L (Vehicle-to-Load) que permite alimentar dispositivos externos (até 4 kW).
O Tang recorre a tração 4WD inteligente (graças aos dois motores elétricos, um por eixo), adota amortecimento adaptativo DiSus-C e integra um vasto conjunto de sistemas eletrónicos de ajuda à condução (Nível 2), agregando para esse efeito18 sensores, oito radares ultrassónicos e cinco câmaras, uma das quais instalada no para-brisas. A panóplia tecnológica permite contar com avisos de saída e de mudança da faixa de rodagem, alerta preditivo de colisão, reconhecimento de sinais de trânsito, travagem automática de emergência, cruise-control adaptativo (inclui função Stop&Go), aviso de abertura inadvertida de portas e alerta de tráfego cruzado à retaguarda, entre outros. As câmaras também enviam imagens panorâmicas, a 360º, da área circundante do veículo para o ecrã central de 15,6” de forma a auxiliar nas manobras de parqueamento.
A geometria da suspensão dianteira é do tipo MacPherson, enquanto a arquitetura traseira é Multilink (braços múltiplos), articuladas com o denominado controlo inteligente de amortecimento DiSus-C, afinado para as estradas europeias e com resposta variável consoante alguns parâmetros, tais como os modos de condução escolhidos (Sport, Normal, Eco e Neve), ângulo da direção, posição do acelerador e velocidade, por exemplo.
GRANDE PARA QUÊ?
Posicionado acima do Seal U (outro SUV), o novo Tang atinge quase cinco metros de comprimento (4,97 m), medindo 1,955 metros na largura e 1,745 m na altura. A longa distância entre eixos (2,82 metros) admite uma disposição de três filas de bancos (2+3+2), com lotação máxima de até sete lugares, estando a 2.ª fila dividida em duas partes (rebatimento 60:40), enquanto a última fila de dois assentos pode ser rebaixada e arrumada no chão do habitáculo. O acesso aos últimos lugares é muito estreito, mas o espaço aí existente não é nada mau, inclusive para adultos, sendo possível negociar com os passageiros da fila central a distância para as pernas e joelhos.
Com as três filas instaladas, a volumetria da bagageira é de 235 litros, aumentando para 940 litros na configuração de cinco lugares (medição até ao teto) e para 1655 litros no caso de se dobrarem totalmente a 2.ª e a 3.ª fila. A regulação longitudinal dos bancos da fila central também pode ser comandada eletricamente. No habitáculo há diversos locais e compartimentos para arrumação de pequenos objetos, além dos suportes para copos na consola central, assim como várias portas USB-C e base de carregamento sem fios para smartphone (até 50 W).
No ‘cockpit’, painel LCD de 12,3” à frente do condutor e ecrã tátil (rotativo) independente de 15,6” no centro do tablier, este último de elevada resolução e conetividade 4G (Android Auto ou Apple CarPlay), sendo possível aceder a assistente de voz inteligente para comandar certas funções (climatização, música e modos de condução, por exemplo), e isto através de uma simples frase inicial: ‘Hi BYD’. O sistema de som Hi-Fi Surround da Dynaudio incorpora 12 colunas.
Na 2.ª fila de bancos é ainda possível ajustar as definições do ar condicionado através de monitor específico. Outro pormenor interessante é a possibilidade de se trancar ou destrancar as portas sem ter uma chave física, utilizando-se apenas o smartphone através da tecnologia NFC.
VERSÃO FLAGSHIP
Para a versão Flagship já disponível no mercado nacional existem três cores exteriores e duas configurações internas, conjugadas com equipamento de série bastante completo, a que se juntam materiais e revestimentos de qualidade, como tivemos oportunidade de observar.
A iluminação ambiente LED admite 31 cores diferentes, enquanto o volante tem base plana, revestido a pele, aquecido e com comandos multifunções. Os bancos dianteiros são em pele Nappa (preta ou castanha), incluindo ajustes elétricos, funções de massagens, aquecimento e ventilação. O teto de abrir é panorâmico e o estore interior dedicado conta com comando elétrico. Outros detalhes: filtro de purificação do ar PM2.5, gerador de iões negativos e sistema ativo de fragrâncias.
A rigidez da carroçaria é apoiada pela estrutura que envolve o conjunto das baterias – a par do baixo centro de gravidade -, a que se junta várias mexidas para melhorar a insonorização, tais como a inclusão de vidros acústicos no para-brisas e nas janelas dianteiras.
À frente, novos faróis ‘full-LED’ e logótipo BYD em posição central sob a lâmina metalizada que traduz a própria identidade da marca. O perfil lateral da carroçaria é alongado e o ângulo do tejadilho (barras integradas) inclina-se mais um pouco até à retaguarda, inclusive com vidros traseiros escurecidos e molduras de alumínio nas janelas. Atrás, ótica-feixe luminoso tridimensional ao longo do portão e até às partes laterais. Outro dado importante reside no facto do novo SUV da BYD já ter alcançado a classificação ‘5 estrelas’ nos testes de segurança Euro NCAP.
A BYD atravessa fase de grande crescimento em termos mundiais, inclusive com números acima dos da Tesla (na categoria dos EV), e o nosso país não tem sido exceção a essa tendência. Isso confirma-se, até, pela expetativa da marca de matricular mais de 3000 unidades até ao final deste ano (contabilizando o período de janeiro a dezembro), valor acumulado que é dado pela totalidade das vendas dos modelos Atto 3, Han, Seal, Seal U e do mais pequeno Dolphin. Neste momento, existem 21 pontos de venda no território nacional.
DOLPHIN MINI
No próximo ano, no mercado nacional, a BYD também estreará o Dolphin Mini (mantendo exatamente o nome que já ‘circula’ por outros países), numa gama que, tudo indica, irá propor ‘versões de combate’ abaixo dos 25.000 €. É o mais pequeno EV da marca e o mais vendido em várias regiões, como por exemplo na América do Sul e, inclusive, na China, aí com a designação Seagull. Mede 3,78 metros de comprimento, 1,715 m de largura e 1,54 m de altura.
É provável que a gama nacional possa adotar versões com baterias de 30,7 kWh ou 38,9 kWh, cujas autonomias estimadas são de até 300 km e 400 km, respetivamente (dados oficiais relativos à China), esperando-se valores inferiores para a Europa, de acordo com as regras do ciclo WLTP.
O anúncio do lançamento em Portugal do Dolphin Mini deverá ocorrer já em janeiro, ao mesmo tempo que os responsáveis pela marca também asseguram que a tecnologia híbrida ‘plug-in’ (PHEV) do Seal U DM-i, por exemplo, também será aplicada noutros modelos a comercializar muito em breve no nosso país.