Há um sentimento enorme de energia positiva no ‘campo’ da smart. A marca de automóveis 100% elétricos alarga a sua gama com o #3 (lê-se ‘hashtag’ três), o segundo modelo de nova geração, que se diferencia do #1 pelas linhas mais dinâmicas e pelo comportamento mais desportivo. Uma verdadeira receita feliz que deverá trazer à smart os dividendos desejados.

É um facto que os modelos da nova smart (ainda) não têm as dimensões compactas dos produtos da ‘vida’ anterior, nomeadamente, as do fortwo. Mas, o instinto jovial e pragmático da smart mantém-se, com a marca a esclarecer que o princípio não se alterou. A smart destacou-se pela sua capacidade de oferecer espaço e conveniência em dimensões muito compactas, ou seja, um brilhante aproveitamento do espaço. Com os novos #1 e #3, o conceito é o mesmo – aproveitar o espaço.

O formato de SUV coupé convence. O design deste elétrico pensado para o segmento premium é irreverente e muito bem conseguido, beneficiando de algumas mudanças técnica face ao outro SUV já lançado. A plataforma é a mesma, a SEA, também utilizada por outros modelos do grupo Geely, como o Volvo EX30 ou o Zeekr X, mas há muitas diferenças na forma como a mesma pode ser aplicada a um automóvel, como é o caso deste #3.

A ideia com o novo SUV coupé e chegar a uma faixa de clientes mais jovem e dinâmica, graças a um aspeto nmais desportivo, com um desenho ainda concebido pela Mercedes-Benz (convém não esquecer que a smart é uma joint-venture entre a marca alemã e o grupo Geely com 50/50 para cada uma) em torno da filosofia de design sensual com base em três pilares: amor, pureza e inesperado.

Assim, a dianteira apresenta uma grelha inferior em forma de ‘A’ e finos faróis com tecnologia LED para uma aparência atlética, ao passo que a traseira destaca-se pelos grupos óticos unidos por um ‘filete’ horizontal a meio da tampa do porta-bagagens, não faltando também um spoiler de tejadilho. A sublinhar esta postura mais dinâmica está a linha de tejadilho mais curvilínea e baixa, também para melhorar a aerodinâmica, sendo 80 mm mais baixo do que o #1 – 20 mm foram ‘cortados’ na distância ao solo (suspensão) e os restantes 60 mm na própria carroçaria.

Graças a isso, a aerodinâmica foi melhorada, atingindo agora um valor de arrasto de 0.27 Cd, face aos 0.29 do #1. A diferença não é meramente estatística – tem efeitos práticos -, melhorando a autonomia, por si só, em 15 quilómetros, com a mesma bateria e motores. Mas não é tudo. A aerodinâmica até permite melhorar 0,3 segundos na aceleração dos zero aos 100 km/h, apesar de ser um pouco mais pesado (ainda que o controlo de arranque também ajude).

Para salientar a postura mais desportiva, as jantes de 19 e 20” têm pneus um pouco mais largos (em 10 mm), para maior segurança dinâmica, sendo que as maiores alterações estão na suspensão: modificaram-se as molas, as barras estabilizadoras e os amortecedores. A versão Brabus e tração integral têm ainda um acerto diferente face aos RWD, ligeiramente mais firme no amortecimento. Há ainda melhorias no sistema de travagem, com o #3 desportivo a dispor de discos de travão de maior diâmetro. O centro de gravidade também foi reduzido com distribuição de peso em torno dos 50/50, melhorando a agilidade e a dinâmica.

Este novo SUV coupé mede 4400 mm de comprimento (é 12 mm mais longo do que o #1), 1844 mm de largura e 1556 mm de altura, para uma distância entre eixos de 2785 mm, o que permite também oferecer um interior confortável e espaçoso, no qual não faltam bancos em pele duo com apoio de cabeça integrado para uma aparência igualmente desportiva. Apesar de tudo, a funcionalidade não foi prejudicada, tanto na habitabilidade, que nos pareceu bastante boa, como na capacidade da bagageira, com 370 litros que podem ser expandidos para 1160 litros com o rebatimento dos encostos traseiros. Acrescenta-se ainda um pequeno compartimento sob o capot, de 15 litros, útil para guardar os cabos, por exemplo.
O portão da bagageira é elétrico, sendo acionado a partir de botão escondido no meio do ‘a’ do ‘lettering’ smart disposto atrás.

Interior requintado

A bordo, o interior do novo #3 segue de perto a lógica e funcionalidade do #1, com muitos espaços de arrumação e, num detalhe muito importante, excelentes materiais e acabamentos de elevada qualidade, mesmo tratando-se de unidades pré-série, ou seja, ainda não definitivas. Realmente impressionante, também pelo conforto que oferece, mesmo com bancos em posição relativamente mais baixa do que no caso do #1.

Tecnologicamente, dispõe de painel de instrumentos digital com ecrã Full HD de 9.2”, numa boa solução em termos de ergonomia, e a possibilidade de contar com um sistema head-up display (HUD) de 10” para projetar as principais informações no para-brisas. Ao centro, em posição de destaque no tablier, encontra-se um ecrã tátil central de 12.8” full HD que incorpora um sistema de infoentretenimento desenvolvido pela própria marca, com assistente virtual por voz, navegação e diversas aplicações que podem ser incorporadas, bem como o emparelhamento dos smartphones e conexão aos sistemas Android Auto e Apple CarPlay. Como novidade, a raposa que servia de avatar anteriormente foi trocada por uma mais atlética e veloz chita.

O sistema é também atualizável ‘Over-The-Air’ para se manter atualizado e valorizar não só o sistema multimédia, mas os próprios sistemas de assistência à condução, que são novamente em grande número. Além dos sete airbags, o #3 conta ainda com conjunto ‘smart pilot assist’ com cruise control adaptativo com função Stop & Go, assistente de manutenção na faixa de rodagem, deteção de ângulo morto, reconhecimento de sinais de trânsito, assistência em autoestrada com assistente de mudança de faixa e assistente de engarrafamento, sensores de estacionamento, câmara de 360 graus, assistente de estacionamento automático e máximos adaptativos (estes dois últimos não disponíveis nos níveis de equipamento mais baixos Pro e Pro+)

Nota para a afinação de alguns dos sistemas mais ao gosto dos condutores europeus.

Tratando-se também do 25º aniversário da marca, a smart terá uma edição especial comemorativa, com teto panorâmico Galaxy, aprimorado por detalhes em LED no painel de vidro.

Prestações desportivas

Em termos de mecânica, a aparência desportiva do SUV coupé também se reflete nas prestações. Dispondo dos mesmos grupos motrizes do #1, consegue assim oferecer entre 272 CV/200 kW das versões de base e os 428 CV/315 kW da versão mais potente Brabus, que é também o mais rápido na aceleração dos zero aos 100 km/h – cumpre aquele exercício em 3,7 segundos (sendo igualmente a única com tração integral). As versões menos potentes também têm desempenho a rivalizar com superdesportivos, acelerando dos zero aos 100 km/h em apenas 5,8 segundos. Já a velocidade máxima está sempre limitada aos 180 km/h.

Com bateria de iões de lítio (NCM) de 66 kWh, a autonomia varia entre os 415 quilómetros da versão Brabus e os 455 quilómetros das versões Premium e 25th Anniversary. O smart #3 permite carga até 150 kW em CC, carregando de 10% a 80% em menos de 30 minutos, ao passo que numa tomada CA permite um máximo de 22 kW, com que demora menos de três horas a repor de 10 a 80%.

Os modos de condução permitem jogar com as prestações e com os acertos de direção e eficiência, sendo de salientar o facto de a versão Brabus ter um modo dedicado (‘Brabus’…) que até conta com sonoridade especial.

Novidade para mais tarde

Para o futuro, a marca reserva ainda a chegada de uma outra versão do #3, com bateria LFP, que é mais acessível e que dará corpo à versão Pro. Com uma capacidade de 49 kWh, é ligeiramente menos eficiente, estando acoplada ao mesmo motor traseiro de 200 kW das restantes versões. A autonomia estimada é de 325 quilómetros em ciclo combinado WLTP, tendo também carregamento menos potente: 130 kW em CC para repor de 10 a 80% da carga em menos de meia hora e 7.4 kW em CA para repor de 10 a 80% da carga em cinco horas e meia. As prestações não sofrem alterações.

Quatro linhas de equipamento e uma prenda de aniversário

Quando chegar ao mercado, o smart #3 terá quatro linhas de equipamento e uma edição especial de aniversário, denominada, muito apropriadamente 25th Anniversary. A versão Pro virá com a bateria de 49 kWh, enquanto as Pro, Pro+, Premium e Brabus virão com a bateria de 66 kWh.

Muito completo desde a versão base Pro, a versão Premium acrescenta elementos importantes como os faróis CyberSparks LED+, iluminação ambiente no interior e sistema de som Beats. Já a versão Brabus com o seu aparato desportivo diferencia-se pelas jantes de 20″, pedais desportivos, sonoridade do motor especial e tração integral (AWD).

Como um presente especial para todos os adeptos de smart, a edição limitada do 25º aniversário combina uma aparência especial com características premium e elementos de design da Brabus, autonomia de 455 quilómetros, carregamento de 22 kW em corrente CA e um sistema de infoentretenimento composto por um ecrã central de 12.8 polegadas, painel de instrumentos HD de 9.2 polegadas e um head-up display de 10 polegadas, bem como um sistema de som Beats com 13 altifalantes.

A edição do 25º aniversário tem pintura em branco com detalhes em vermelho, bancos em pele preta e branca, tejadilho panorâmico Galaxy e um estilo de carroçaria desportivo.

Os preços do novo smart #3 iniciam-se nos 42.950€ da versão Pro+, com o Brabus a ocupar o estatuto de topo de gama por 50.450€.


CONTACTO SMART #3 PREMIUM E BRABUS: O NOVO FORMATO DA DIVERSÃO

Na apresentação internacional desta nova geração, que decorreu na região de Palma de Maiorca, pudemos ‘sentir o pulso’ ao #3 em duas variantes: a Premium com motor traseiro e tração no mesmo eixo e a mais pulsante Brabus, com tração integral, sonoridade especial e 428 CV de energia a partir de dois motores elétricos. Dois exemplos que sublinham uma postura realmente divertida de condução.

Com os novos smart, a marca eleva a sua experiência de utilização e coloca-se num patamar premium em termos de construção e de refinamento de condução. O #3 é uma combinação de arrojo e irreverência num formato que dista do conceito típico da smart dos outros tempos, mas que não abandona os preceitos de jovialidade e de diversão ao volante.

Com acabamentos de ótimo nível, o #3 é realmente um automóvel de segmento premium, sublinhado pelos excelentes acabamentos e pelos detalhes de cor um pouco por toda a carroçaria e no interior, com apostas interessantes como o sistema de som da Beats com altifalantes a toda a volta para uma experiência imersiva a bordo.

Com recurso à plataforma SEA do grupo Geely, que é conhecida de marcas como a Volvo, Zeekr ou até da própria smart (para o #1), o #3 resulta bastante bem ‘ao vivo’, sobretudo em cores menos convencionais, como o laranja ou o azul celeste que também estava presente no evento dinâmico. Ao volante, com botões convencionais (boa decisão), destaca-se a posição de condução mais baixa e mais dinâmica, denotando desde logo uma postura de utilização que pretende ser algo diferente da do #1.

Primeiro, o Premium

O primeiro modelo a experimentar foi o Premium com motor traseiro de 200 kW/272 CV e 343 Nm de binário máximo, com este modelo a ser um exemplo de refinamento em praticamente todos os tipos de piso. Com jantes de 19″, filtra bem as irregularidades, embora se note a tal firmeza acrescida neste modelo, face ao #1. A direção precisa e informativa também ajuda a uma experiência que, em utilização mais tranquila, pode ser descrita como bastante agradável, beneficiando ainda de excelente insonorização.

Mas, sendo um automóvel de cariz mais dinâmico, a smart preparou um percurso repleto de curvas e contracurvas nas montanhas de Maiorca. Com tração traseira, o #3 é verdadeiramente divertido de conduzir neste cenário, com uma secção posterior que não se importa de ser provocada e que, por outro lado, se deixa dominar com relativa facilidade. A forma como ganha velocidade impressiona, desde logo, não se tratando do Brabus, mas o ímpeto é fácil e entusiasmante no modo de condução ‘Sport’ (mesmo com o controlo de tração desligado).

Os travões também se demonstraram sempre à altura, dando assim confiança para uma condução aguerrida e, até há bem pouco tempo, pouco condizente com o que seria de esperar de um smart. O #3 também pode ser urbano e um deleite de conduzir em percursos sinuosos. Tudo isto com um consumo energético que se ficou pelos 17.5 kWh/100 km em 104 quilómetros de teste.

Depois o Brabus, bravíssimo

A segunda parte da etapa, noutros 100 quilómetros, foi feita ao volante do mais vigoroso #3 Brabus, com os seus 428 CV de potência e 543 Nm de binário, aqui com a diferença de dispor de um motor dianteiro e tração integral. Esses valores permitem então alcançar prestações dignas de desportivos de topo, mas o comportamento é outra virtude deste modelo, mesmo com uma afinação de chassis que pouco difere da do Premium previamente ensaiado.

O controlo de movimentos da carroçaria é muito bem executado e as acelerações impressionam ainda mais. A passagem em curva consegue ser bem rápida, com a garantia de um motor suplementar a tornar a sua eficácia melhorada, sendo que a direção precisa até admite pequenas correções da trajetória.

Sujeito a um trabalho constante de travagem mais intensa, o conjunto desenvolvido pela marca não revelou indícios de desgaste, oferecendo pois a necessária confiança para as estradas mais serpenteantes de montanha, mas com a costa marítima ao alcance de um olhar fugaz.

Tão fugaz como os 3,7 segundos de aceleração dos zero aos 100 km/h deste modelo.

O facto de ser um pouco mais firme nas ligações ao solo não nos pareceu demasiado prejudicial em termos de conforto, mas os pisos do ensaio internacional eram quase sempre ‘lisinhos’ com algumas exceções de curtíssima duração.

Detalhe que nos agradou sobremaneira foi o das diferentes sonoridade disponíveis para o motor: desde os mais ficcionados ao ‘Classic’ a imitar os motores de combustão há um som para cada ouvido.

Em suma

Os novos #3 vêm colocar a marca num patamar premium dinâmico em que não tinha presença e dão indicações de que a smart está apostada em chegar a novos segmentos com produtos de elevadíssima qualidade e fazendo jus à sua missão de eletrificação total.

O facto de ser definido como um SUV coupé em nada lhe retira aptidões dinâmicas, com a imagem a ser uma mais-valia, mas também a componente tecnológica e funcional do interior – bem concebido, ergonomicamente correto e com detalhes que o colocam em linha com o carácter premium de outras marcas rivais.

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