“Novo” Toyota Corolla: Em equipa que ganha, é melhor não mexer muito

02/04/2023

Ter na gama o carro mais vendido do mundo, com mais de 50 milhões de unidades produzidas desde 1966, é uma enorme responsabilidade. Mas, para além dessa herança histórica, há um facto mais recente que certamente há-de ter colocado mais peso nos processos de decisão que conduziram à renovação do Corolla – este foi o carro mais vendido no ano passado, com mais de 1,1 milhões de unidades colocadas no mercado global.

 

A questão passa por saber como melhorar, ou atualizar, um carro que é um sucesso de vendas. A resposta é bem conhecida de muitas marcas – com muita cautela e sem sombra de revoluções. E foi essa a receita da Toyota.

O “novo” Corolla quase não altera a assinatura estética, bastante bem conseguida, com que tem marcado as estradas desde 2019. Há ligeiras diferenças na frente, com mudanças subtis na grelha e nos faróis, atrás os pára-choques também foram alterados e há novas cores.

No interior, há novos ecrãs, maiores, com melhor definição e com mais informação, sendo que há ainda algumas novidades importantes no campo da segurança e das ajudas à condução, com a introdução de sistemas como o alerta de ângulo morto, ou a paragem de emergência do veículo, por exemplo. O Corolla passa ainda a contar com actualizações de firmware e software “over the air” e uma aplicação onde o condutor poderá controlar algumas das funções do carro.

A principal novidade desta actualização da 12ª geração do Corolla está escondida sob o capot. A nova geração da tecnologia híbrida da Toyota – pioneira neste tipo de motorizações desde 1997, com o Prius – pode resumir-se com uma frase simples. Anda mais e gasta menos.

Nesta 5ª geração do sistema “Full Hybrid” a mudança foi radical. Da anterior geração sobra apenas o bloco. Tudo o resto é novo e, sobretudo, mais eficaz e mais leve, com ganhos de peso na caixa híbrida que gere todo o sistema e na bateria de lítio. Apesar da redução de peso, a bateria é mais potente, tem maior capacidade, o que garante mais tempo em modo 100% elétrico.

As duas motorizações disponíveis, 1.8 e 2.0, aumentaram a potência (mais 14% no 1.8HEV, que passa a debitar 140cv e mais 6% no 2.0HEV, que oferece agora 196cv) e reduziram ligeiramente as emissões de CO² (-9 g/km no 1.8 e -3 g/km no motor mais potente).

A marca japonesa garante que esta actualização do sistema “Full Hybrid” oferece melhores acelerações e mais prazer de condução. No percurso que fizemos, ao volante da versão 1.8 e em dois dos três formatos de carroçaria – hatchback e carrinha -, foi possível verificar que o Corolla está mais despachado e que a Toyota fez um esforço para tornar a condução mais envolvente e mais próxima à de um automóvel com caixa automática convencional.

É de reconhecer o esforço da marca, até porque o motor não sobe tanto de rotação e há menos ruído, mas o facto é que aquele efeito de “acelera” deste tipo de transmissão – não é uma CVT normal, mas antes um sistema de engrenagens planetárias que gere de forma electrónica a relação entre os três motores, um a combustão e dois elétricos, e as rodas – continua bem presente. Ou seja, não há uma relação direta entre as rotações do motor e o que se vai passando nas rodas e isso, lamento, mas continua a ser bastante irritante.

Ultrapassado esse pequeno problema, até porque é apenas uma questão de hábito, o Corolla continua fácil de conduzir, confortável e, sobretudo, bem construído e bem equipado.

Os preços começam nos 33.830€ da versão 1.8HEV Comfort na carroçaria hatchback (mais 1.400€ para a versão carrinha ou Touring Sport) até aos 42.930€ da versão 2.0HEV Exclusive. Pelo meio há ainda a versão Comfort Plus e a GR Sport, uma versão com imagem mais desportiva (pára-choques e jantes com desenho específico, e logo GR nos bancos e no botão de arranque). A versão Sedan, com sucesso reduzido em Portugal, está disponível desde os 34.380€ da versão Comfort até aos 39.080€ da versão Premium.

Texto: Paulo Tavares