O Clio 16S, conhecido fora de França como Clio 16V, foi a primeira versão desportiva digna desse nome lançada logo em 1991, que seguia o legado deixado pelo Renault 5 GT Turbo, no entanto, a Renault decidiu deixar para trás a sobrealimentação e passar a equipar o mais desportivo dos Clio com um motor multiválvulas.
O projecto desta versão desportiva do Clio iniciou-se quase após a definição do design geral do modelo, e logo desde cedo foi decidido que o modelo deveria ter as vias mais largas. Dessa forma, o look geral é mais desportivo com os para-choques mais agressivos feitos em material compósito Naryl com um lip na frente, uma entrada de ar em “castelo” no capot, guarda-lamas mais largos, tanto à frente como atrás e as icónicas jantes Speedline Turbine. No interior salta à vista um conjunto de manómetros auxiliares, com pressão e temperatura do óleo, assim como o nível, no entanto este só dá informação aquando do arranque do motor. Os bancos também são mais desportivos, com um maior apoio lateral e têm um tecido específico, além do volante desportivo de três braços.
Esta versão estava equipada com o motor F7P de 1,8 litros de cilindrada, duas árvores de cames à cabeça e 16 válvulas, para desenvolver 140cv ou 137cv nas versões com catalisador. Com este motor, o Clio atingia os 212 km/h de velocidade máxima e chegava aos 100 km/h em cerca de oito segundos. A travagem e a suspensão foram também melhoradas, para estar em linha com o aumento de potência. Acoplado ao motor estava a caixa de cinco velocidades JB3. O coeficiente aerodinâmico é de 0.33, um número bom para um utilitário na época.
Com base no Clio 16S a Renault Sport idealizou logo uma versão de ralis para a categoria máxima de Grupo A, mas mantendo a tracção apenas nas rodas da frente. As carroçarias eram produzidas na Matter, com a adição de reforços e da rollcage. Várias alterações foram efectuadas no motor F3P de 1,8 litros, com a ajuda da Sodemo, como as árvores de cames, taxa de compressão de 12:1, sistema de admissão e escape, electrónica completamente nova, para o motor passar para os 200cv às 7200rpm e 205Nm de binário às 6000rpm. A caixa de velocidades é também mais curta e foi adicionada um autoblocante a 45%. Os Clio 16S competiram oficialmente de 1991 a 1993.
Carlos Antunes Tavares é o conhecido presidente português do Grupo Stellantis, grupo esse que engloba o Grupo FCA e o PSA, e foi recentemente nomeado como o executivo mais poderoso e influente da indústria. Sendo ele um apaixonado pelos automóveis, tinha também um carinho pela competição, algo que conseguiu concretizar na época em que esteve a trabalhar para a Renault, estando envolvido no desenvolvimento do Renault 19, na segunda geração do Renault Clio e na segunda geração do Renault Mégane.Presente neste artigo está o Clio 16S de Grupo A que Carlos Tavares adquiriu novo a 14 de Fevereiro de 1991 e o utilizou em vários eventos, nomeadamente no Campeonato Europeu de Ralis, assim como nos circuitos, ao longo dos anos de 1991 a 1994. Durante esse tempo ele teve também uma participação no Rali Rota do Sol em 1991 e no Rali de Portugal em 1993.
Em 1998, Tavares venderia o automóvel à Colecção Renault, que o utilizaria em várias demonstrações, como na World Series by Renault de 2013. No passado dia 2 de Julho, este Clio foi levado a leilão, através da Artcurial, num evento organizado aquando as 24 Horas de Le Mans Classic, sendo vendido por 38.144 euros.