Paulo Moura (Europcar): “Esperamos continuar a crescer ao mesmo ritmo e a investir em novas áreas”

27/09/2018

Créditos: Filipe Amorim / Global Imagens
Com a indústria da mobilidade a atravessar uma profunda transformação, são cada vez mais diversos os meios à disposição dos utilizadores para que estes se possam deslocar do ponto A ao B. Neste contexto, até com o ‘boom’ turístico que é já norma em Portugal, os operadores de mobilidade procuram disponibilizar novas soluções, até mesmo no caso daqueles que têm já uma longa presença no mercado.

No Dia Mundial do Turismo, falámos com Paulo Moura, diretor geral da Europcar Portugal, que abordou a questão do aumento do turismo em solo luso e o seu impacto nas operações da companhia, mas também ‘levantou o véu’ sobre as futuras operações de mobilidade partilhada que a Europcar prepara para introduzir em Portugal dentro de alguns meses.

Motor24: A Europcar tem sido um dos maiores players na área do aluguer de veículos. Como é que aborda esta nova fase da mobilidade e dos avanços tecnológicos associados à área dos transportes?

Paulo Moura: De facto, o Europcar Mobility Group atravessa uma fase de forte dinâmica e de implementação de novos serviços. Começou por mudar a denominação enquanto grupo, assumindo-se como um grupo pensado para a mobilidade, o que denota uma vontade de se constituir como um player inquestionável na área. A própria Europcar em Portugal tem vindo a implementar serviços inovadores, que oferecem maior conveniência, indo ao encontro dos anseios dos nossos clientes – o Chauffeur Service, serviço de motoristas; o Selection, frota premium com balcão de atendimento exclusivo; aluguer mensal de scooters e aluguer de longa duração de automóveis –, mas também enriqueceu a respetiva frota, com mais veículos elétricos e híbridos, assim como formas alternativas de mobilidade como as scooters e as bicicletas, um sucesso junto dos turistas.

Participámos recentemente na Lisbon Mobi Summit e preparamo-nos para avançar, conforme referi durante cimeira, com o carsharing no mercado nacional num futuro próximo, em 2019. Isto significa que estamos atentos e acompanhamos as tendências de forma criteriosa na área da mobilidade. O Europcar Mobility Group tem um laboratório, que pesquisa em permanência novas soluções de mobilidade, o Europcar Lab, e estamos preparados para avançar com os nossos colaboradores para a implementação dos novos serviços.

M24: Foi anunciada a entrada da empresa na área do carsharing: como é que está a ser feita essa preparação e em que moldes?

PM: O Europcar Mobility Group fez uma série de aquisições para que estivesse nas melhores condições quando a entrada nesta nova área de serviços. Adquiriu a Ubeeqo, empresa líder de mercado no serviço de carsharing roundtrip e especialista em soluções de mobilidade partilhada para empresas, em 2015. Em 2016 anunciou, através da Ubeeqo, a aquisição da Bluemove, uma startup tecnológica no domínio da mobilidade e líder de carsharing em Espanha. Estas aquisições foram motivadas claramente pela posição liderante que estas empresas detinham nas respetivas áreas, assim como acontece com a Europcar Portugal. Ubeeqo e Bluemove trouxeram todo o know-how que vai ser aplicado agora com a entrada da operação em Portugal, à semelhança do que tem vindo a ser feito internacionalmente com muito sucesso.

A Europcar Portugal terá à disposição as mesmas ferramentas que as restantes subsidiárias do Europcar Mobility Group e, juntamente com o conhecimento do mercado português de mais de 40 anos, a proximidade ao cliente várias vezes comprovada com os prémios Marca de Confiança e Escolha do Consumidor, encara esta nova etapa com a ambição de ser uma referência Europcar Portugal na mobilidade urbana. O know-how e recursos tecnológicos, entre outras componentes que fazem parte da experiência destas duas empresas de carsharing e que tem vindo a ser oleada com o Europcar Mobility Group faz com que estejamos preparados para encarar este novo desafio em Portugal.

M24: Existem já datas mais precisas para a entrada em funcionamento dos serviços de carsharing de scooters e de carros? E quanto a locais: o começo é por Lisboa?

PM: Sim, o começo será certamente na capital. Não existe uma data precisa, mas em tempo oportuno divulgaremos todos os detalhes da operação.

M24: Como é que se irá diferenciar a proposta da Europcar face à de outros serviços já disponíveis no mercado?

PM: Conforme referi, a Europcar Portugal dispõe de um know-how que lhe vem das aquisições feitas internacionalmente, aquisições de empresas líderes no carsharing, que dominam o negócio e toda a logística. Contamos também com a formação dos nossos colaboradores e capacidade, assim como com o nosso conhecimento do mercado nacional. Mais pormenores acerca deste novo serviço serão revelados aquando do lançamento, mas enquanto líderes de mercado a nível nacional não podemos deixar de fazer uma oferta, que traga valor aos clientes, e procurar assumir a mesma ambição que temos nas restantes áreas de negócio da Europcar Portugal.

M24: Uma parte dessa estratégia é também a de apelar ao cada vez maior número de turistas que visitam Portugal e procuram soluções de mobilidade?

PM: Sim, claro. Os turistas procuram cada vez mais a Europcar. No verão de 2018, os nossos dados apontam para um continuado crescimento em termos de procura por parte dos turistas, sobretudo Alemães, Franceses e Ingleses. A procura é transversal a todas as categorias, mas verificamos com agrado uma forte adesão ao nosso serviço de scooters e bicicletas, o qual é um meio particularmente conveniente e agradável para quem visita as nossas cidades poder chegar a todo o lado. Os veículos ligeiros continuam a ser os “campeões” da procura, mas há a tendência para querer coberturas extra para uma maior tranquilidade durante a estadia. O Algarve tem, claro, o pico da procura também no verão, mas os turistas requisitaram mais os nossos serviços em todo o país -Lisboa, Porto, Algarve, Madeira e Açores, com especial incidência nas estações dos aeroportos.

M24: Da parte da Europcar, conseguem sentir diferenças na utilização dos serviços dependendo da época do ano? Ou seja, quando é que se verificam os picos de procura e também as regiões?

PM: Sim, houve claramente um pico de procura neste verão, conforme referirmos, sobretudo em julho e agosto, mas também na Páscoa e usualmente no Natal/Fim de Ano. O Algarve continua a ter no verão a época por excelência da procura dos serviços da Europcar em Portugal.

M24: Sentem que no âmbito da mobilidade e do próprio aluguer de veículos, o interior ainda carece de aposta?

PM: A Europcar em Portugal tem 87 estações espalhadas pelo país e acreditamos que a nossa expansão nos ajuda a estar mais próximos dos clientes, tanto particulares como empresariais. Os turistas procuram cada vez mais sair de Lisboa e ir até Sintra, Fátima, Évora, ao Alentejo no geral. Temos pensado um serviço que pode ser requisitado aquando do aluguer do automóvel e que pode funcionar como incentivo para conhecer melhor o país, mas naturalmente que as zonas urbanas como Lisboa e Porto, por exemplo, ganham em protagonismo ao aparecer nas publicações internacionais, também porque os aeroportos estão localizados nestas zonas e, claro, a vida empresarial acaba por se concentrar nestas urbes também. Mas o nosso país tem cerca de 600 km2 e acredito que dentro em breve será todo ele muito procurado porque as distâncias têm outro peso quando falamos de turistas americanos, chineses ou brasileiros, que não veem como um problema fazer duas ou três horas e caminho de carro.

M24: Em termos de nacionalidades, quais são aquelas que mais contratam os serviços da Europcar e quais os que são mais requisitados?

PM: Conforme refiro atrás são os Alemães, Franceses e Ingleses. Claro que os automóveis ligeiros de passageiros são os mais requisitados, incluindo os modelos da categoria Selection mas temos também vindo a observar a procura de outras modalidades, como é o caso do nosso serviço Chauffeur Service que tem vindo a ter cada vez mais procura e as quais as bicicletas e scooters, particularmente apreciadas pelos turistas. Quem mais aluga são em primeiro lugar os Ingleses (ca.20%), depois os Alemães (15%), os franceses (12%), os holandeses (10%) e os irlandeses (9%).

M24: Havendo atualmente toda esta conjuntura em termos de turismo, com uma tendência ainda crescente, e esperando-se a diversificação de serviços, quais são as expectativas de investimento e de crescimento?

PM: As expectativas são positivas e esperamos continuar a crescer com o mesmo ritmo e a investir em novas áreas que reforcem a nossa liderança como player em serviços de mobilidade 360. Estamos também bastante confiantes nas novas áreas de negócio assim que começarmos a operar, porque esperamos ter um serviço integrado, diferenciado e uma boa proposta de valor quer para os portugueses, quer para quem nos visita.