100% elétrico, como todos os modelos da marca de origem sueca, o Polestar 4 é proposto em duas versões, ambas com denominação Long Range. A de motor único de tração traseira debita 200 kW de potência, enquanto a versão Dual Motor tem o dobro da potência, nada menos do que 400 kW.
O Polestar 4 Single Motor tem um binário de 343 Nm, enquanto a versão Dual Motor o dobra para 686 Nm, graças aos dois motores montados em cada eixo. Números que estão bem patentes no tempo que os automóveis demoram a chegar dos 0 aos 100 km/h: a versão single motor demora 7,1 segundos e a versão dual range atinge os 100 km/h em apenas 3,8 segundos.
São números que impressionam se tivermos em conta que estamos na presença de automóveis que pesam bem mais de duas toneladas (2.355 kg o dual motor e 2.230 kg o single motor).
A potência dos seus automóveis é algo que orgulha a Polestar, marca que se assume como sendo de performance premium.Conduzimos o Polestar 4
O Motor24 teve a oportunidade de conduzir o Polestar 4. Podemos testemunhar a velocidade fulgurante com que o Polestar 4 dual motor coloca a potência na estrada. Mas o mais impressionante não é a forma como atinge velocidades altas, e que nos cola às costas do banco, mas o comportamento do automóvel.
Mesmo a velocidades mais altas, o Polestar 4 continua a agarrar-se à estrada, graças ao seu centro de gravidade muito baixo. As duas versões do Polestar 4 têm como velocidade máxima os 200 km/h.
Dissemos a abrir que o Polestar 4 é um estradista. A marca anuncia uma autonomia WTLP de até 620 km com o Long Range Single Motor e de até 590 km com a versão Dual Motor.
Fizemos o percurso sem pensar no consumo. Quer isto dizer que o ar condicionado esteve sempre ligado, que mantivemos uma média de 120/130 na autoestrada e ainda fizemos dois picos de velocidade para verificar a resposta do automóvel. Parte do percurso foi em montanha, o que permitiu a regeneração da carga em 1%.
No regresso, o veículo utilizado foi o Polestar 2 Long Range Single Motor, e as condições as mesmas, mas o percurso foi todo feito em autoestrada. Chegámos ao destino com 26% da bateria após 400 quilómetros.
Entre as duas viagens, estivemos em Caserio de Dueñas, onde ficámos a conhecer os planos da marca para aumentar a sua oferta com dois automóveis até ao final de 2026, uma berlina Polestar 5 em 2025, e o Polestar 6 que será um roadster e verá a luz do dia em 2026.
Marcadamente estradista
Em andamento, a insonorização é quase total. Continuamos a ouvir o que nos rodeia (nem podia ser de outra forma), mas parece que o Polestar 4 não existe. É quase como se estivéssemos dentro de uns earbud com cancelamento de ruído.
Os bancos traseiros são outro dos grandes trunfos do Polestar 4. Espaçosos e cómodos, estão integrados num espaço aberto e são reclináveis. O espaço para as pernas está ao nível das melhores berlinas.
No exterior, a marca destaca o farol dianteiro que mantém a assinatura martelo de Thor da Volvo (onde estão as origens da Polestar), mas que neste modelo foi conseguida com dois faróis bipartidos. O resultado funciona muito bem esteticamente, principalmente com o pisca.
Não há vidro traseiro
O Polestar 4 é apresentado como sendo um SUV Coupé. Tem as dimensões e caraterísticas de um SUV, mas o aspeto de um coupé. E isto foi conseguido porque o pilar foi deslocado para a traseira dos bancos da segunda fila. Ao fazerem isto, os designers da Polestar conseguiram ganhar espaço e altura para os passageiros, mas diminuíram de tal forma o espaço para o vidro que resolveram que o melhor era não o colocar e substituí-lo por uma câmara traseira.
A ausência do vidro traseiro não choca visualmente. Bem pelo contrário, o Polestar 4 é um automóvel elegante.
São já vários os modelos que oferecem a imagem de câmaras no retrovisor, mas este é o primeiro em que não há outra solução.
As imagens no retrovisor
A equipa da Polestar disse-nos que precisaríamos de dois ou três dias para nos habituarmos à imagem da câmara no retrovisor.
É certamente assim e poderíamos fazer nossas as palavras de Fernando Pessoa sobre a Coca-Cola, mas a verdade é que apenas estranhámos a solução, sem termos tido tempo para que ela se entranhasse.
Divagações à parte, não ficámos entusiasmados. É verdade que se tem uma visão muito melhor do que se passa atrás de nós com a imagem da câmara. Não há todo o habitáculo a acrescentar camadas de informação.
Mas sentimos problemas de adaptação. Talvez por o retrovisor estar colocado muito perto da nossa cabeça, tínhamos de focar a vista para termos uma imagem nítida. E outra pequena coisa. De quando em vez, a imagem como que dá um salto, ajustando a lente. Ficamos assim sem termos certezas quanto à distância a que estão os veículos.
Condução autónoma segura
O Polestar 4 dispõe de condução autónoma de nível 2, que permite a mudança de faixa, e que liga os quatro piscas e encosta à berma se algo acontece ao condutor. Um sistema que foi testado na viagem de regresso a Madrid.
Com a condução autónoma ligada, o sistema vai pedindo ao condutor que coloque as mãos no volante com uma periodicidade muito elevada e regular. Se o condutor não o faz, começa a avisar com mais insistência, até que liga os 4 piscas e encosta à berma para parar.
O automóvel está equipado com um ecrã de 15,4 polegadas que está montado na horizontal e é o primeiro da marca com o sistema operativo Android Automotive. Além do ecrã, o Polestar 4 tem um ecrã com as principais informações para a condução atrás do volante e ainda um head-up display.
No ecrã, é possível fazer uma miríade de ajustes à condução, desde o nível de resistência do onde pedal até ao tipo de suspensão ou de resposta do volante, entre outros
Como está bem patente, as primeiras impressões sobre o Polestar 4 são francamente positivas. Estamos na presença de um automóvel elétrico que é um estradista de excelência, com bons graus de autonomia e um conforto superlativo.
O Polestar 4 Long Range Single Motor está à venda a partir de 66.700€ e o Polestar 4 Long Range Dual Motor é comercializado a partir de 73.700€. Às versões de série, a marca propõe os pack Performance, Pilot, Pro e Plus.
Gama cresce até 2026
Depois do Polestar 2, é com o Polestar 3 e com o Polestar 4 que a marca sueca passa a ser um construtor de modelo único para se apresentar com uma gama de automóveis. E esta gama vai ser rapidamente incrementada. Em 2025, será lançado a berlina desportiva Polestar 5 e, em 2026, um roadster.
Com os seus modelos inicialmente fabricados na China (apesar de sueca, a Polestar faz parte do portfólio da Geely), a marca iniciou agora a produção nos Estados Unidos e, brevemente, na Coreia do Sul.
Com a entrada em produção destas duas fábricas, a Polestar consegue assim contornar as taxas aduaneiras adicionais de que os automóveis construídos na China estão a ser alvo na Europa, Estados Unidos e Canadá.